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Em Super Homens, o pelotão masculino se prepara para uma missão. E ela tem a ver com as mulheres | Valdir Silva/Divulgação
Em Super Homens, o pelotão masculino se prepara para uma missão. E ela tem a ver com as mulheres| Foto: Valdir Silva/Divulgação

Só de ouvir o pelotão feminino, os soldados da peça Super Homens têm "reações físicas". Muito fortes, diga-se de passagem. São homens rústicos, rudes mesmo – diz o diretor Mauro Zanatta –, que vivem sob o código do machismo. E se preparam para enfrentar as mulheres em uma missão desconhecida de início.

Antes de ser um embate entre os sexos, porém, o espetáculo em cartaz no Mini-Guaíra é "um confronto com o masculino", proposto pelos próprios integrantes da Escola do Ator Cômico. Foram eles quem trouxeram suas inquietações, incitados pelo diretor a se expressar. E o que tinham a dizer passava pela necessidade masculina de "provar-se homem" e pelo imaginário dos super-heróis que carregam desde a infância.

Meses atrás, Zanatta comandou uma montagem semelhante na feitura e nos propósitos, mas guiada por elas, as Mulheres Espe­taculares, fortes diante de suas tragédias. No processo colaborativo em que se apoiou a criação do novo espetáculo, os homens se mostraram, na verdade, frágeis. Ainda que dificilmente o assumam.

"O feminino é um mistério na vida desse homens. A fragilidade vem, mas com um grau de ignorância na hora de se confrontar com ele", diz Zanatta, que optou por uma linguagem clownesca para mostrar esse lado vulnerável. Sem nariz de palhaço.

A peça transcorre em uma madrugada. A princípio, os personagens se moldaram mais como um grupo do que individualmente. Aos poucos, durante os ensaios, começaram a aparecer os tons sutis que os distinguiam entre si.

Não é à toa que estão reunidos: assim ganham coragem de se expressar, como numa mesa de boteco. Esses seis soldados e um tenente falam de suas relações com mulheres desde a escola, os conflitos infantis, o primeiro beijo. Acon­­tecimentos que de alguma maneira acabaram culminando no que se tornaram no presente.

Voz a eles

A produção foi toda feita num esquema independente, e a intenção de dar voz ao grupo era maior do que qualquer apreensão quanto ao resultado final. As ideias trazidas se submetiam a improvisos, eram retrabalhadas no jogo de cena e reescritas, até que se chegasse a um texto final coletivo que Zanatta diz ter apenas costurado.

"Sinto uma certa carência de tempo para trabalhar. Mas quanto a isso procuro me despreocupar, porque sei que o objetivo inicial está superbem cumprido: que esses atores se coloquem e se fortaleçam", diz o mentor. "Acredito que será uma comédia muitíssimo engraçada, solta e livre."

Para sobreviver fora dos liames das leis de incentivo, a produção se simplifica. "Não se consegue mais montar espetáculos com R$ 80 mil. Este está sendo feito com menos de R$ 2,5 mil e vai viver de bilheteria", conta. Aos atores, cabe o desafio de sair teatro afora vendendo ingressos antecipados. Igual estratégia garantiu que Mulheres Espetaculares acumulasse uma das melhores bilheterias do Mini desde 2003.

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