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Mark Cousins: série é ponto de partida obrigatório para futuras revisões da história do cinema | Divulgação
Mark Cousins: série é ponto de partida obrigatório para futuras revisões da história do cinema| Foto: Divulgação

Coleção

A História do Cinema: Uma Odisseia – Parte 1 (1895 a 1969)

(The Story of Film: An Odissey. Reino Unido, 2011). Escrito e dirigido por Mark Cousins. Europa Filmes. 5 DVDs. 490 min. R$ 99,90. Documentário.

Livros e filmes sobre a história do cinema existem aos montes e ao gosto dos diferentes graus de interesse no tema. Ao debruçar-se sobre os fatos emblemáticos e a mitologia que embalam os mais de cem anos de realizações e revoluções na chamada sétima arte, o pesquisador e documentarista irlandês Mark Cousins pautou-se por um desafio: empreender uma profunda e didática revisão crítica tangenciando aspectos que costumam balizar esse tipo de compilação, como sucessos de bilheteria, astros famosos, vencedores de prêmios, glamour e mar­­keting.

Cousins balizou sua investida arqueológica sob a perspectiva da inovação, destacando nomes e obras que por vezes se enquadram na catalogação acima referida, e outros tantos que, embora relevantes em seus aspectos visionários e criativos, são pouco iluminados pelos registros oficiais.

Em 2004, Cousins lançou o robusto livro História do Cinema, editado em 2013 no Brasil (Martins Fontes,). Na sequência, caiu na estrada com sua câmera e rodou por seis continentes em busca de depoimentos, cenários e personagens relacionados aos mais de mil filmes que lista como fundamentais para compreender a evolução dessa arte popular também sob os contextos social, político e antropológico.

O resultado dessa viagem foi a série de televisão A História do Cinema: Uma Odisseia, exibida em 2011 no canal britânico More4. Com 15 episódios de uma hora de duração cada, a produção ganha lançamento em DVD no Brasil, pelo selo Europa Filmes, em dois volumes. O primeiro, com cinco episódios, cobre o período de 1895 a 1969 e já está à venda. O segundo, de 1969 aos anos 2000, está prometido para agosto.

"Do ramo"

Cousins combina ordenamento cronológico com digressões que aproximam filmes realizados em diferentes épocas. A fartura de material de arquivo é costurada por depoimentos que o realizador registrou ao redor do mundo. Como é do ramo, ele embala seu documentário com intervenções visuais inventivas e complementares aos temas iluminados.

O cineasta Bernardo Bertolucci fala de Pier Paolo Pasolini e Sergio Leone. Paul Schrader destaca a influência de Robert Bresson. Lars von Trier descreve o impacto ao descobir Ingmar Bergman. Stanley Donen revê sua impressão sobre o coreógrafo Busby Berkeley. Aleksandr Sokurov presta tributo a Andrei Tarkovski. E por aí vai.

Cousins conversa com as atrizes Claudia Cardinale (musa de Fellini e Visconti) e Kyôko Kagawa (estrela de Ozu, Mizoguchi e Kurosawa) e o grande astro do cinema indiano Amitabh Bachchan. Também entrevista diretores do porte de Abbas Kiarostami, Gus van Sant, Ken Loach, Tsai Ming-Liang, Baz Luhrmann e Wim Wenders, além de roteiristas e críticos como o francês Jean-Michel Frodon.

Mais do que isso, viaja. Constata inovações que vêm dos mais variados pontos do mundo – e não apenas das mecas mais conhecidas do cinema. Confira abaixo um resumo dos primeiros oito episódios de A História do Cinema.

Grandes momentos

Início (1895 a 1918)

Dos experimentos de Thomas Edison e outros pioneiros chega-se à sessão dos irmãos Auguste e Louis Lumière em Paris, dia 28 de dezembro de 1895, data do nascimento oficial do cinema.

Triunfo (1918 a 1928)

Os chefões dos grandes estúdios se tornam onipotentes em Hollywood. A comédia revela dois criadores geniais que desafiam as amarras criativas: Charles Chaplin e Buster Keaton.

Rebeldes (1918 a 1932)

A Alemanha apresenta o expressionismo de Robert Wiene, Fritz Lang e F. W. Murnau, que faz o espetacular Aurora (1927) em Hollywood. O espanhol Luis Buñuel viaja com Salvador Dalí ao inconsciente do surrealismo em Um Cão Andaluz (1929).

EUA e Europa (anos 1930)

Rouben Mamoulian apresenta o cinema sonoro em Ama-me Esta Noite (1932). Hollywood consagra os gêneros terror, com Frankenstein (1931), os gângsteres de Inimigo Público (1931) e Scarface (1932), os faroestes de John Ford, as comédias como Levada da Breca (1938).

Ecos da guerra (1939 a 1952)

Nos EUA, inovações estéticas de John Ford em No Tempo das Diligências (1939) influenciam Orson Welles em Cidadão Kane (1941) e obras de nomes como John Huston, de O Falcão Maltês (1941), e William Wyler, de Os Melhores Anos de Nossas Vidas (1946).

Foco global (1953 a 1957)

Cousins localiza no Egito o grande marco cinematográfico do período. É lá que Youssef Chahine realiza Cairo Station (1958), filme ousado em seu conteúdo erótico, social e que é considerado a pedra fundadora do cinema moderno na África e no mundo árabe.

Os modernos (1957 a 1964)

O realizador-narrador Mark Cousins começa este bloco rendendo tributo a quatro mestres: o sueco Ingmar Bergman, o italiano Federico Fellini e os franceses Jacques Tati e Robert Bresson.

Novas formas (1965 a 1969)

Os efeitos na nouvelle vague iluminam cinematografias periféricas: Nelson Pereira dos Santos e Glauber Rocha no Brasil, Andrzej Wajda e Roman Polanski na Polônia, Milos Forman e Vera Chytilová na Tchecoslováquia.

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