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Materiais usados por Guido Viaro, como tintas e borrifador, estarão na exposição Primeiros Traços | Henry Milleo/Gazeta do Povo
Materiais usados por Guido Viaro, como tintas e borrifador, estarão na exposição Primeiros Traços| Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo

Exposição

Veja esta e outras mostras no Guia Gazeta do Povo.

  • Lápis na sala de desenho: prédio conta com locais específicos para cada oficina

Há 60 anos, o então governador Bento Munhoz da Rocha (1905-1973) assinava o Decreto 9.628, autorizando a criação do Centro Juvenil de Artes Plásticas (CJAP), em "caráter experimental." A iniciativa, uma escola de artes pública e gratuita, do pintor Guido Viaro (1897-1971), felizmente, foi levada adiante. Mesmo veterano, o espaço, que inaugura hoje a exposição Primeiros Traços em comemoração ao aniversário, ainda tem como principal dificuldade o fato de ser um quase anônimo (veja o serviço completo no Guia Gazeta do Povo).

"Quase ninguém conhece o centro, e esse é o nosso principal problema: fazer com que as pessoas saibam que uma escola de artes pública está à disposição", ressalta a diretora, Débora Maria Russo, que lecionou por 14 anos antes de assumir o cargo e agora busca levar os trabalhos dos pupilos para locais externos, além da divulgação das aulas.

Hoje, o CJAP trabalha com cursos gratuitos de desenho, modelagem, teatro, múltiplas linguagens, pintura e escultura com materiais alternativos, dispostos em um prédio com infraestrutura que contempla salas específicas além de um auditório, espaço multimídia e sala de figurinos. A preferência é, na seguinte ordem, para já frequentadores, alunos de escolas públicas e estudantes de instituições privadas.

Apesar de semestrais, alunos dos cursos (atualmente são 300 vagas no total, por semestre) costumam permanecer no espaço por anos: muitos estudantes da oficina de desenho, ministrada há 18 anos por Lurdinha Paglia, seguiram para a área e se empregaram como ilustradores em editoras. Outros, que querem cursar arquitetura, acabam saindo preparados para as provas específicas do vestibular.

"Foram os próprios alunos que reivindicaram que a idade de atendimento aumentasse para os 17 anos [anteriormente, era dos 6 aos 15]", conta a professora.

O mais importante no trabalho do CJAP, entretanto, não é a formação técnica que possibilite aos alunos se transformarem em artistas, mas sim, sensibilizar a criança e o adolescente para a arte, por meio de visitas a exposições e trabalhos multimídia, além das aulas. Mesmo "sem querer", saíram do espaço artistas, como Carlos Eduardo Zimmermann, Rossana Gui­­marães e Eliane Prolik (leia depoimento ao lado).

Começo

A exposição comemorativa reúne obras dos primeiros alunos do Centro Juvenil e materiais como tintas e borrifadores do mestre Guido Viaro, que começou a trabalhar com crianças muito antes da criação do centro, em 1937. Segundo o filho, Constantino Viaro, as aulas começaram naquele ano no colégio Belmiro Cesar. "Ele sempre sentiu a necessidade de fazer algo para a criança desenvolver uma mentalidade artística", destaca. A experiência na escola, no entanto, foi interrompida. O motivo? As carteiras e cadeiras ficavam sujas. "Descobri essa história em uma entrevista que ele deu para a Adalice Araújo [critica de arte que morreu no ano passado]", conta Constantino. Depois de muitas conversas com governadores e autoridades, nasceu o CJAP. "Foi uma iniciativa pioneira. Ele fazia com que as pessoas entendessem que a arte não é um conhecimento só técnico, mas profundo."

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