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Ney: praticidade e profissionalismo aos 70 anos | TV Globo/Divulgação
Ney: praticidade e profissionalismo aos 70 anos| Foto: TV Globo/Divulgação

Ney Latorraca é um sujeito organizado. Do tipo que anota num bloco, em tópicos, tudo o que precisa dizer à repórter na entrevista. Ele também costuma deixar a roupa que vai usar no dia seguinte separada na noite anterior, com sapatos, meias, o celular carregado e o texto cheio de marcações – discriminando as cenas externas das de estúdio.

Diante de tanto planejamento, o ator de 69 anos ("e idade mental de 12") não poderia imaginar que seria pego de surpresa: em outubro do ano passado, ele se internou para uma cirurgia de vesícula. Devido a uma infecção no peritônio e uma consequente insuficiência respiratória, passou quase 50 dias na UTI.

"De repente tem que acontecer algo assim, né? Para mostrar que a vida não é uma cadeirinha com a roupinha pendurada. Às vezes, tem que entrar uma escola de samba, com outro enredo, para agitar. Mas não tive medo de morrer. Tinha certeza que sairia dali e voltaria a trabalhar", reflete o bem-humorado Ney, que volta à cena um ano depois do incidente, no especial Alexandre e Outros Heróis, programado para o dia 18, depois de Amor à Vida, na Rede Globo.

No ar atualmente na reprise de O Cravo e a Rosa, em Vale a Pena Ver de Novo, Ney conta que preferiu evitar o contato com os amigos durante a internação ("eles fizeram vigília na porta do hospital", conta).

"A Claudia Raia me ama. Vai que ela entra, faz um número de sapateado e planta bananeira para mim. Depois ela vai embora e como eu fico?"

Mesmo assim a passagem pelo hospital foi movimentada. Ney conta que, a pedido de Ana Paula, sua fisioterapeuta, imitou o Barbosa, e ganhou pão de queijo e café. Também não esquece o que sentiu ao ver um padre no seu quarto.

"Não sou católico praticante, mas sou católico. Eu achei que estava indo embora, os aparelhos começaram a apitar. E eu gritei: ‘Tô partindooo. Adeus’. O homem ficou muito sem graça", diverte-se.

O carinho durante o período difícil não veio só dos amigos famosos. Ney apegou-se tanto à fisioterapeuta, que foi o primeiro a chegar no casamento dela. E ao retomar a rotina das caminhadas diárias na Lagoa – ele mora numa cobertura no bairro há dez anos – foi surpreendido com a quantidade de promessas que haviam sido feitas em seu nome. Como, por exemplo, a do motorista de Miguel Falabella, que se comprometeu em ir a Aparecida caso ele ficasse bom.

Após ter recusado participar da segunda temporada de Pé na Cova para se recuperar integralmente, Ney revela que o convite para viver Alexandre saciou um desejo seu, "louco para trabalhar com Luiz Fernando [Carvalho, diretor]", a quem considera "genial". Mas eles poucos se falavam, comenta. "Luiz nunca me olhava. Até que, um dia, nos esbarramos cruzando uma rua deserta. Ele disse que tinha visto um gato branco, e era um sinal de que tinha que trabalhar comigo. E sabia todo o meu currículo", gaba-se. Passar dez dias no sertão de Alagoas não foi uma questão, garante. "Luiz até propôs um ponto eletrônico, mas não quis. Decorei 70 páginas. Depois de seis anestesias gerais, imagina?"

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