Se alguém ainda acha que arte é pura inspiração e tem pouco a ver com estudo e trabalho, as áreas técnicas estão aí para mostrar o contrário. Até mesmo a Universidade Tecnológica Federal do Paraná, tão afeita a números e equações, tem investido na formação em campos artísticos.
Um novo curso de especialização em Artes Híbridas, cujas aulas começaram neste fim de semana (com sorte e pressa, ainda é possível entrar), procura ocupar lacunas de conhecimento em música, teatro, dança, artes visuais, cinema e seus diálogos.
É uma espécie de alfabetização a partir dos fundamentos de cada linguagem, com sua história e teoria, culminando no contemporâneo, explica o coordenador Ismael Scheffler.
O time tem professores de outras faculdades locais e também gente de fora. Para falar sobre cinema, Paulo Biscaia Filho. Artes performáticas serão cobertas por Amabilis de Jesus. Artes visuais virão pelas mãos de Simone Landal.
“Recomendo a qualquer um com interesse geral pelas artes”, diz Scheffler, sugerindo com uma piscada de olho que jornalistas são um dos públicos-alvo por excelência, ao lado de arte-educadores. “Foi-se a tendência de pensar a arte numa caixinha.”
Outra especialização em artes oferecida pela UTFPR, desde 2009, é Cenografia, com inscrições abertas até dia 4 de março. Essa também serve para ampliar horizontes artísticos: muitas vezes hoje os espetáculos não ocorrem em palcos tradicionais.
Apesar de o foco maior ser o teatro, de forma a conferir a profundidade desejada ao curso (motivo pelo qual muita gente de outros estados tem feito a inscrição), são abordados ainda instalações, exposições e cenários para televisão – os trabalhos finais incluem ainda a cenografia aplicada a ambientes comerciais como restaurantes, vitrines e estandes.
É uma área que, na opinião de Scheffler, carece de formação, atraindo muita gente do teatro mas também arquitetos e designers. Entre os professores, estão a cenógrafa Janaina Marchioro, que hoje cria ambientes para telenovelas na Rede Globo; Alfredo Gomes Filho, do espaço multiartístico Villa Hauer Cultural e o diretor teatral André Carreira, de Florianópolis.
O investimento na pesquisa em cenografia tem trazido outros frutos para a UTFPR. Além de artigos e livros publicados, alunos tiveram trabalho selecionado para mostra que acontece em Praga em junho deste ano.
O espetáculo Babel, que teve temporadas em 2013 e 2014, foi um projeto de extensão que resultou num portentoso cenário, em que a torre bíblica deu vazão a uma estrutura metálica com seis metros de altura.
