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| Foto: Gilson Camargo/Divulgação

O curitibano Chico Mello participa hoje, às 15 horas, no Museu Oscar Niemeyer (R. Mal. Hermes, 999), do lançamento do CD 20 Anos Entre Janelas: Música Experimental de 1987 a 2007 – uma coleção de três álbuns que reúne parte representativa de sua carreira, desde suas composições para formações instrumentais até trabalhos com elementos multiculturais e música instrumental cênica. Mello é um dos poucos compositores que estudaram com o regente José Penalva (1924-2002) antes de sair de Curitiba para continuar sua formação.

Você foi aluno de José Penalva. Apesar de ser um dos mais importantes compositores paranaenses, ele não chegou a formar uma geração desse tipo de profissional. Por quê?

Tive aulas de teoria, composição e contraponto com ele, que foram muito importantes. O Penalva era uma pessoa muito aberta. Apesar de padre, era o músico mais vanguardista na cidade. Com ele, eu tinha conversas panorâmicas sobre muita coisa. Foi algo que me ajudou a trabalhar as minhas próprias ideias. Mas Penalva não se colocava como professor de composição. Eu, por sorte, tinha contato por meio da minha família, que era amiga dele. Como ele coordenava o Madrigal Vocale, o foco dele era mais o coral, o programa vocal. Ele nunca fundou um grupo de música contemporânea.

O ambiente em que você estudou música propiciava a geração de novos compositores?

Havia os cursos de verão, entre meados da década de 1960 e o fim da década de 1970, coordenados pelo maestro Roberto Schnorrenberg. Eles traziam muita gente da Europa e do Brasil inteiro para dar aulas de composição. Foi dessa maneira que, quando criança, conheci a música contemporânea. Hoje não acontece muito. Acho realmente uma pena não terem continuado com isso. Havia também os cursos latino-americanos. Entre 1978 e o início da década de 1980, conheci muita gente, como o Hans-Joachim Koellreutter, com quem estudei depois. E durante algum tempo acabei coordenando a parte de música contemporânea da Oficina de Música, que era do Penalva. Foi um núcleo que existiu em três edições da oficina. Mas, lamentavelmente, não teve continuidade.

Você diz que Curitiba tem vocação para produzir vanguardas. Por quê?

Curitiba tem uma vocação para ser experimental por ser muito europeia, por falta da própria cultura popular, que não era muito forte. O único jeito de descobrir uma identidade é estar atualizado em relação ao que a cultura europeia produz. Acho que seria uma solução, uma proposta cultural para Curitiba. Paulo Leminski, por exemplo, no fundo representava essa tradição experimental de conhecer a cultura, a literatura, e inventar alguma coisa subtropical, própria daqui. Não se trata de ficar ligado ao passado da cultura europeia. Porque lá as coisas continuam andando.

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