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Seguem os primeiros três verbetes do meu Breve Dicionário da Direita Brasileira. 

Coxinha: pessoa alinhada ideologicamente à direita política. Termo bastante usado na época das manifestações a favor do impeachment de Dilma Rousseff e que acabou caindo em desuso após a eleição de Jair Bolsonaro como presidente da república. Embora fosse amplamente usado com sentido pejorativo por militantes da esquerda política, acabou sendo carinhosamente adotado pelos militantes e simpatizantes da direita, num fenômeno semelhante ao da torcida do Palmeiras em relação ao termo “porco”. 

Exemplo de uso pejorativo:

“Nós não podemos ter a ilusão de que a gente vai desfazer esse cocô que está na cabeça desses dois neurônios dos coxinhas.” – Engênio Aragão, professor da UnB.

Exemplo de uso com orgulho:

“Assim, convido todos aqueles que, como eu, são agraciados pela esquerda com essas e outras adjetivações a acolhê-las com benevolência e humor, com a percepção de estarmos sob a égide de frouxocratas histéricos que teimam, em sua monomania vã e molenga, em nos assolar com seus fantasmas internos e suas abissais impossibilidades. E, usando o rebote como mantra, proferirei, contrito: coxinhas de todo o Brasil, uni-vos!” – Lobão, cantor e compositor.

Mortadela: antônimo ideológico de Coxinha, ou seja, pessoa alinhada ideologicamente à esquerda, porém com o agravante de militar em troca de sanduíches de pão com mortadela. Termo bastante usado durante os governos Lula e Dilma, acabou caindo em desuso com a derrocada do petismo e especialmente com a aprovação da Lei 13.467/2017, que extinguiu a Contribuição Sindical Obrigatória, uma vez que grande parte dos Mortadelas eram oriundos das equipes administrativas de sindicatos alinhados ao PT e a outros partidos de esquerda. Há quem diga que os Mortadelas tenham sido extintos, mas estudos comprovam que grande parte deles vive em estado de hibernação dentro de seus hospedeiros humanos. Os Mortadelas chegaram a assimilar o apelido pejorativo como símbolo de orgulho de seu grupo político, ainda que em escala muito menor que os Coxinhas.

Exemplo de uso pejorativo:

“‘Adotando’ mortadelas para o interrogatório de Lula.” – Manchete de O Antagonista.

Exemplo de uso com orgulho:

“No Acre, petistas comem pão com mortadela em ato a favor do ex-presidente Lula.” – Manchete do site de notícias ac24horas.com

Minion: esse termo – bem como sua variante principal, bolsominion – passou a ser usado com mais frequência a partir da campanha eleitoral de 2018, quando diversos Coxinhas migraram para o subgrupo político de defensores incondicionais de Jair Bolsonaro. Os Minions não costumam se identificar com termos culinários porque, ao contrário dos Coxinhas e Mortadelas, sua preferência gastronômica está condicionada à pessoa de seu culto, o atual presidente da república. Assim, quando Bolsonaro come no bandejão, os Minions elegem o bandejão como local de preferência para refeições; quando ele come pão com leite condensado, os Minions vão ao supermercado e refazem o estoque de Moça, Itambé e semelhantes. Apenas uma pequena parte dos Minions tem assumido publicamente seu orgulho pelo termo, sendo muito difícil conseguir alguma declaração pública nesse sentido. A grande maioria rejeita o rótulo, preferindo ser chamados de patriotas ou de membros da verdadeira direita. Um Minion dificilmente mudará de opinião a respeito de algum assunto, exceto na hipótese de Jair Bolsonaro também mudar.

Exemplo de uso pejorativo:

“Os bolsominions se encaixam em ambos os casos. Seguem o líder, a quem chamam de mito, e dão vazão aos recalques narcísicos atacando as diferenças de grupos que elegem como rivais.” – Felipe Pena, jornalista.

Exemplo de uso com orgulho: não disponível.

Por enquanto, é só. Assim que eu tiver mais verbetes prontos, divulgá-los-ei.

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