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O ator americano Jussie Smollett
O ator americano Jussie Smollett| Foto:

O ator americano Jussie Smollett, da série “Empire”, foi preso em Chicago por simular uma agressão contra si. Segundo a polícia local, ele armou a situação com seus agressores – que de acordo com a falsa denúncia o teriam atacado de forma racista e homofóbica exaltando o presidente Donald Trump. Smollett não está só.

O mercado da luta contra o fascismo imaginário é hoje, talvez, o mais lucrativo do mundo. Mundo este que aparentemente mergulhou num transe regressivo autoimune – porque um produto idiota só vende loucamente se tiver idiotas para comprá-lo (loucamente também), todos unidos e felizes no pacto coletivo de não desconfiar desses kits de consciência social tão baratos e tão vagabundos.

Jussie Smollett, o farsante, infelizmente não teve a chance de bater um bom papo com o companheiro Celso de Mello. Ele teria muito a aprender com o brasileiro – um mestre das artes cênicas lotado no Supremo Tribunal Federal. O americano é um completo amador na arte de simular um brado de justiça e correr para o abraço, sem qualquer problema com a polícia.

Smollett, querido, você precisava ver. O sujeito montou uma ópera bufa em dois atos de muitas horas cada um, dividida em dois dias, com intervalo de cinco (dias, não minutos) para que uma plateia abobalhada e apoplética de milhões de pessoas pudesse comentá-lo, exaltá-lo, lambê-lo como o samurai da diversidade, o Robin Hood da sexualidade, o magistrado da contracultura com meio século de mofo. Arrebatador.

Com muito mais preparo e talento para a fanfarra do que você, aprendiz que se deu mal, o companheiro Celso engendrou o milagre da encenação jurídica ao calçar seu impecável proselitismo politicamente correto numa premissa matadora: transformou homossexual em raça.

Não é genial? Usando com perícia e galhardia as maravilhas inexpugnáveis do direito transgênico, com reco-reco, pandeiro e tamborim que ninguém é de ferro, o Celso fez uma gambiarra que biscateiro nenhum aí de Chicago teria a manha de fazer. Tem biscateiro em Chicago?

No STF tem. E a gambiarra ficou uma beleza. Funciona assim: você diz que racismo e homofobia são a mesma coisa para efeito de punição, porque já que a ciência decretou não existir raça nenhuma e o racismo continua existindo na lei, liberou geral pra transplantar esse crime aí do jeito que eu quiser – eu, no caso, o Celso. Claro que não é exatamente isso, caro Smollett. É muito pior. Mas você precisa estar com tempo.

O tsunami demagógico com direito à associação sincrética de Sartre, Simone de Beauvoir, Damares, rosa e azul deixou muito samba-enredo no chinelo e comprovou que o Rei Momo está completamente obsoleto ante a modernidade carnavalesca do Supremo. O Celso costurou todos os clichês existentes sobre o assunto na sua esfuziante fantasia de salvador racial dos gays – e não vai ter pra ninguém na avenida. Nem em panfleto do PSOL você encontra uma exuberância dessas.

Falando em PSOL, no meio do supremo pagode surge o autoexilado Jean Wyllys para dizer o seguinte: não adianta nada criminalizar a homofobia. Como você vê, Smollett, tá uma bagunça esse BBB. Ninguém combina nada direito – parece até o teu teatro com os homofóbicos de mentira.

É claro que você, caríssimo encenador da escalada fascista, e sua alma gêmea togada aqui do Brasil, não contribuem um milímetro para a proteção e a libertação dos gays. Vocês são justamente o contrário – a negação de tudo o que a humanidade já conquistou em compreensão, respeito e harmonia sexual. Vocês simulam o obscurantismo e incitam a segregação com seus fetiches de mordaça para brandir a espada justiceira e viver como melancólicos catadores de lixo ideológico. Vocês são os reacionários.

Seguindo o carnavalesco Celso, a ala dos supremos parasitas da mídia nacional – à frente o indefectível Barroso, espécie de meme ambulante do humanismo gourmet – já decretou que se o legislativo não legislou não tem problema, porque lei é coisa pra quem não tem gambiarra.

Entendeu, bravo Jussie Smollett? Da próxima vez que quiser montar uma boa cena de luta pelas minorias oprimidas dá uma passada em Brasília. Mas vai logo, porque já tem um povo aí pedindo o impeachment dos nossos heróis. Fascista detesta teatro.

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