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Ilusão de Ética
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À medida que cresce o risco de o Brasil não virar uma ditadura, com a preocupante falta de sinais totalitários nos novos horizontes de Brasília, o clima vai ficando tenso entre os heróis da resistência de auditório. Não pense que é fácil você ficar gritando contra o fascismo e ele não aparecer.

Mas não pense também que urubu se conforma sem carniça. Se não tem, ele inventa. Portanto, não vá ficar andando inocente por aí, como se você vivesse num lugar livre. A patrulha pega geral, e o próximo presunto pode ser você. Foi o que aconteceu com um técnico de TV que trabalhava num jogo de futebol.

Terminada a partida entre Corinthians e Vasco, a repórter a quem o referido profissional acompanhava entrou em campo para entrevistar os jogadores. Logo atrás dela, o técnico enrolava o cabo de áudio, o que foi confundido por alguém como um movimento em direção às nádegas da repórter. Em questão de minutos o hediondo assédio já tinha se espalhado nas redes sociais, com o devido linchamento do novo monstro sexual.

Vale assinalar que o pelotão com milhares de compartilhamentos fulminantes não continha só linchadores anônimos. Mas quem quiser que pesquise – deixemos a caça às bruxas para eles, os caçadores de bruxas.

Quem será que vai reparar o violento dano moral a um profissional sério que estava fazendo o seu trabalho? Acertou, seu danado: ninguém.

E não venham também com essa história de que era um pai de família, condição que parece ter virado o mantra dos ofendidos. Você não precisa ser pai de ninguém, nem mesmo ter família, para merecer o respeito alheio.

Recapitulando: uma pessoa que estava fazendo dignamente o seu trabalho sem desrespeitar ninguém teve sua reputação jogada aos urubus num relance, numa ilusão de ótica e de ética, graças à sanha da prostituição politicamente correta, que transforma tudo em preconceito, e preconceito em ouro. Sem riscos.

O mercado dos catadores de lixo ideológico (ver Manual do Covarde, lição nº 5) tem imunidade parlamentar, foro privilegiado e que outro nome você queira dar ao direito de sair apontando o dedo para todo mundo, numa boa, e surfar na mega sena politicamente correta. É aposta segura e prêmio milionário todo dia.

Atirar contra o fascista imaginário também é jogada certa. A vencedora de um programa de calouros na TV foi imediatamente saudada pela brigada da resistência de auditório como símbolo de empoderamento da mulher negra. Aí um jornalista, jurado do programa, cometeu a petulância de sugerir que a vencedora cantasse em nome da arte – não em nome da cor da sua pele ou do seu sexo.

Adivinha o que aconteceu com esse jornalista nas redes sociais? Adivinhou de novo. Você está acertando tudo hoje.

Esses miseráveis de espírito que vivem numa busca sôfrega por um suposto deslize de alguém para cair matando seriam moralistas com purpurina – se tivessem qualquer compromisso moral. Tragicamente, nem isso chegam a ser, porque o oportunista precisa comer muito arroz com feijão para chegar a ser moralista – embora ambos sejam igualmente desprezíveis e reacionários.

Então anote para não esquecer: esse que se apresenta como militante progressista é apenas um reacionário.

Tire um desses do armário, um dia na vida. Exponha a mesquinhez persecutória dele ao distinto público. Se os inocentes úteis que dão aplauso fácil a tudo quanto é progressista reacionário se derem conta do tamanho do engodo – e do seu próprio ridículo – o charme vira vexame e o problema some.

Enquanto você não fizer isso, o progressista reacionário continuará defendendo liberdade de ladrão do dinheiro público fantasiado de preso político. Se não libertam o criminoso bonzinho, ele passa a defender suplente de presidiário para presidente. Se o poste morre na praia e o fascismo nunca que chega, ele passa a defender trambique de mulher sapiens com ditadura cubana como se fosse salvação humanitária.

Entendeu? Existem duas coisas na natureza que não têm fim: o universo e a picaretagem intelectual.

A não ser que, no segundo caso, o distinto público resolva acordar e tirar a mão boba da patrulha da sua… Consciência.

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