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Lula precisa de amor
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Enquanto Antônio Palocci abre a boca e revela que os fundos de pensão abriram os cofres e despejaram dinheiro para as campanhas do PT, Lula, residente e domiciliado em Curitiba, reclama da falta de visitas íntimas. Prioridades, prioridades.

Não sei se essa reclamação tem a ver com o fim do processo eleitoral e, por consequência, com o fim das visitas do amigo Fernando Haddad à cela, mas entendo a carência de Lula: eu, quando mais jovem, também queria visitas íntimas. Não as tinha.

Passei anos e anos (a adolescência foi minha Sibéria afetiva) à espera duma visita íntima, qualquer coisa do sexo oposto que se movesse em minha direção, que só veio mais tarde. Eu me senti assim como hoje se sente o Lula.

A vida costuma ser crudelíssima nesse departamento: tanto quanto ele, para haver visitas íntimas era preciso haver com quem eu pudesse ser íntimo. E, como o ex-presidente, não havia ninguém por perto que se dispusesse a compartilhar biblicamente umas intimidades.

Salvo engano, a esposa de Lula faleceu. Desde então, os colunistas de sub-celebridades (ou da página policial) não deram notícia de romance, namoro, noivado. Logo, devo concluir que Lula quer visitas íntimas acertadas… em espécie? Estou de acordo. Para isso há de servir a propina revelada por Antônio Palocci. Financiemos a vida amorosa do ex-presidente, já que financiamos todo o resto.

Ex-presidente que, aliás, já recebeu mais de 500 visitas (não sei se íntimas, públicas, privadas, cúmplices) desde que passou a se hospedar na carceragem da PF, na capital paranaense. Volto à minha modorrenta adolescência para compará-la à agitada velhice de Lula: ele recebeu, em um ano, na cadeia, mais visitas do que eu recebi dos dez aos vinte, na vida inteira.

Que inveja.

Para falar bem a verdade, nem me lembro da última vez em que fui visitado, aqui em casa. O rapaz que consertou a geladeira conta como visita? Esteve aqui na última quinta-feira. Eu o amei com amor filial. Dois dias com a geladeira pifada e a gente se lembra do que se trata, de verdade, essa historinha de civilização. Ler em grego ou latim? Platão e Tomás de Aquino? Eu quero é geladeira funcionando. Chuveiro, fogão, máquina de lavar-roupas.

Nas beiradinhas da civilização, dona Gleise Hoffman quer assumir o posto de poste e porta-voz do PT. (Do Lula, na verdade, porque o PT é só um apêndice.) Em entrevista ao portal UOL, disse o seguinte:

“O PT não pode sair como um partido odiado, como está sendo construído agora. Veja, o ódio é uma construção. Construíram o ódio aos judeus, o ódio aos negros, tão construindo um ódio ao PT. Por que tanto ódio ao PT?”

Acabo de me lembrar que, em 1979, Lula de uma entrevista à revista Playboy e, lá pelas tantas, confessou admirar a “força”, a “dedicação” do Adolf. Aquele mesmo. Adolf teve força e dedicação de sobra. De repente, o petista virou judeu.

O petista quer ser tudo: algoz e vítima, vencedor e derrotado, forte e fraco, alfa e ômega. Nazista e judeu. Mas vamos explicar uma coisinha: se o ódio é uma construção, agradeçam à Odebrecht. Construíram direitinho.

Voltando à minha visita, paguei em espécie. Esclareço que as intimidades se resumiram a um “Quer café?”, “Um copo d’água?” e não muito mais do que isso. Ele lá, eu cá. Não levo jeito para Fernando Haddad; logo, não procurei no rapaz da geladeira mais conhecimentos que os necessários para o conserto da geladeira. Nada de política, eleições, economia, ética. Só geladeira, para lembrar a Sibéria.

(Enquanto eu escrevia este texto, Lula era denunciado mais uma vez. Lavagem de dinheiro na Guiné Equatorial. Por que tanto ódio, meu Deus?)

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