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Gerard Butler em cena do filme "300", de Zack Snyder
Gerard Butler em cena do filme "300", de Zack Snyder| Foto:

Ousadura na política

Felipe Melo dedicou seu gol contra o Bahia (16/09) ao candidato Jair Bolsonaro. Com meus botões, zíperes e cadarços penso que misturar futebol e política não funciona muito bem. Isso valia para Socrates e a democracia de Atenas, minto, corintiana; isso vale para Felipe Melo e a simpatia a Esparta, minto, bolsonariana. Etiqueta e respeitinhos à parte, Felipe Melo manifestou seu voto e deve ter o direito de fazê-lo.

Se é conveniente ou não, fica para ulteriores discussões de botequim. O procurador do Superior Tribunal de Justiça Desportiva, Felipe Bevilacqua, disse não ter intenção de fazer denúncia; não há sequer previsão legal para isso. Entretanto, como censura pouca é bobagem, o STJD, diante da repercussão do caso, entende que ele pode abrir precedente “perigoso”. Isto é: manifestar-se é perigoso. Que medo.

Caso leve adiante essa jabuticaba jurídica, teremos punição sem previsão legal. Tudo dentro do melhor direito, como se vê.

A favor de Jair para ser contra Jair

De minha parte, por óbvio, considero estapafúrdia a ideia. Não havendo previsão legal, não pode haver punição. E mais: espero sinceramente que não inventem artigo que puna esse tipo de manifestação. Defendo o direito de Felipe Melo elogiar Jair Bolsonaro pelo mesmo motivo que defendo o meu direito de criticar Jair Bolsonaro.

Eu, tu, #elenão, nós, vós, eles, ela

A cantora Anitta está sendo criticada não por seu apoio a Jair Bolsonaro, mas por sua omissão. Ela parece não querer se posicionar e isso levanta suspeitas. Suspeitas de que, enfim, seja eleitora do Capitão.

Parto da seguinte premissa: o movimento #elenão, que pretende incentivar eleitores – e, especialmente, eleitoras – a não votar em Jair Bolsonaro é legítimo. Que seja organizado ou não, que tenha uma agenda ou não, pouco me incomoda. Eleições servem para isso: agrupar semelhantes ou dessemelhantes que tenham alguma coisa em comum. Eleição é o Tinder da vida civil e política. Também reconheço que Bolsonaro desperta paixões arrebatadoras, contra e a favor. Ele é um case político, como diriam os marqueteiros em seu detestável vocabulário.

Mas tão legítimo quando manifestar-se contra Bolsonaro é manifestar-se a favor de Bolsonaro. “Ele não” é um apelo político que vale tanto quanto “Ele sim”, ou mesmo um “Sabe que não sei?”, ou ainda um “Não estou muito aí com isso”. Impedir que alguém se manifeste a favor, ou pior: exigir que um artista se manifeste, para que possa ser melhor “fiscalizado”, são coisas que deveriam ser tratadas com a repulsa que merecem.

Nas eleições que se aproximam

De suma importância nas eleições que se aproximam é que renovemos o Congresso e o Senado. Basta de votar nos bandidos de ontem. Votemos nos filhos dos bandidos, os bandidinhos de amanhã. Precisamos de malfeitores preocupados com as novas gerações, atentos às novas práticas delituosas, sagazes no trato com o erário. O Brasil precisa continuar a ser o futuro do pretérito para nossos filhos e netos.

Imposto é roubo, tá ok?

O futuro ministro de tudo (e da economia, nas horas vagas), Paulo Guedes, especulou sobre a criação de um imposto semelhante ao detestado CPMF. Ele garante: não haveria aumento da carga tributária, apenas a simplificação de um imposto em lugar da complicação de alguns outros. O governo arrecadaria mais sem de fato cobrar mais. Não tenho opinião sobre, mas também não sou casado com Paulo Guedes; Jair Bolsonaro não gostou e desmentiu ou desautorizou o impostor, retifico, o imposto. Guedes faltou a compromissos depois disso, dizem que foi visto sem aliança. Ele e Bolsonaro discutem relação, o Brasil todo ouvindo os gritos de “Você não me deseja mais!”, “Você não era assim quanto te conheci!” E ainda temos General Mourão declarando coisas de manhã, de tarde e de noite. A nação virou esse ménage à trois político em que nós fazemos o papel do voyeur vagamente interessado. Só não entendi bem uma coisa: Jair Bolsonaro não confia cegamente nos conhecimentos econômicos de Paulo Guedes e, sobretudo, não confessa sua ignorância em economia? Entre tapas e beijos é ódio é desejo é sonho é ternura.

Brasileiros fazendo brasileirices

A embaixada da Alemanha no Brasil publicou um vídeo sobre nazismo, caracterizando-o como ideologia de extrema-direita. Tudo dentro dos conformes, certo? Errado. Hordas de brasileiros, que desconhecem com rigor a história da própria família e só sabem de ciência que banana tem potássio, meteram-se na conversa com toda a erudição de costume e tentaram dar lições de nazismo aos alemães. O grande argumento: o partido nazista era Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães. Mais ou menos como a República Democrática do Congo é democrática, a República Popular Democrática da Coreia (do Norte) é popular e democrática, o Partido dos Trabalhadores é de trabalhadores, e assim por diante. Brasileiro, quando morre, não vira anjinho; vira meme.

Desventuras idiomáticas

Falando em brasileiros, notícias dão conta de que muitos têm voltado de Portugal. Não conseguiram se adaptar, ao que parece. Tenho absoluta certeza de que os motivos não são a comida, as regras de trânsito, tampouco o clima. Talvez haja apenas um motivo e não mais do que um. De acordo com minha acurada percepção sociológica, assino e dou fé: é a barreira do idioma. Não é mesmo fácil para um brasileiro aprender outro idioma.

Eu amo Dilma Rousseff e ire defende-la!

Em Minas Gerais, a saudosa ex-presidente declara: “Estou aqui com o Fernando Pimentel e o Fernando Haddad, dois Haddads. Não, dois Pimenteis. Não, um Fernando.”

Dilma Rousseff: Musa da iliteracia, Lilith do analfabetismo, Eva da burrice. Meu amor, meu amor.

Ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo

General Mourão fala que os filhos criados somente por mães e avós tendem à delinquência. Nem me dou ao trabalho de opinar sobre.

Blá blá blá bi bi bi bó bó bó.

Porém.

Lula, da cadeia, escreve (estou surpreso) uma carta ao General Mourão dizendo que foi criado sem pai, só pela mãe, e duvida “que exista alguém na sociedade brasileira que educou os filhos melhor do que ela”.

Gente.

Não vou culpar a mãe do Lula, Dona Lindu, deixa ela mortinha em paz. Deus a tenha, já que o filho tem outro dono. Mas que é muito engraçado, é.

O Brasil é tão ruim que é até bom.

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