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Evaristo Sa/AFP
Evaristo Sa/AFP| Foto:

Começou o período de propaganda política no rádio e na televisão e com isso a última esperança de Geraldo Alckmin decolar nesta eleição. O tucano sabe que pagou caro pelos minutos que terá a sua disposição nas próximas semanas. Para conseguir este tempo precioso, fez alianças duvidosas e acordos perigosos que importaram a marca do impopular governo Temer para dentro de sua campanha. Aliás, o presidente disse inclusive que enxerga seu governo na candidatura Alckmin.

Mas Geraldo sabe que precisa avançar de forma rápida, sob pena de ser abandonado pelos aliados de ocasião. Para evitar este problema, elegeu Jair Bolsonaro como seu alvo preferencial, pois acredita que os votos que repousavam no ninho tucano no passado se deslocaram para a campanha do capitão. Na verdade, a tese não está totalmente errada, mas incompleta.

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O PSDB perdeu votos para um leque de candidatos que hoje antagonizam com o petismo. Pela primeira vez em muito tempo, os tucanos não estão sozinhos no campo de batalha eleitoral contra o PT. Como surgiram nomes mais à direita, isto naturalmente empurrou a social democracia tucana mais para o centro, talvez até para a centro-esquerda, seu habitat natural.

Portanto, vale lembrar que recuperar os votos que já estiveram com os tucanos, mas que hoje estão com Bolsonaro, é uma tarefa difícil, pois estavam acomodados com o PSDB por simples falta de opção. Os votos da direita estavam com a centro-esquerda porque estes eram os antagonistas do PT. Agora que a direita achou um candidato próprio, abandonou o ninho tucano.

O mais inteligente é Geraldo Alckmin buscar os votos que pode conquistar. Somente com seus competidores diretos estão 10% preciosos que poderiam naturalmente estar nos braços do ex-governador de São Paulo. Alvaro Dias, que pontua 4%, Amoêdo, que depois de seu recente crescimento também chegou no mesmo patamar e Henrique Meirelles, que oscila entre 1% e 2%. A soma destes candidatos, mais os números de Alckmin, colocam o tucano no segundo turno contra Bolsonaro.

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Mais do que os votos de Bolsonaro, que possuem um corte ideológico definido e estão cristalizados, Alckmin deve buscar aqueles que estão mais próximos de seu perfil, inclusive os indecisos. Os apoiadores de Alvaro Dias, que tomou do ex-governador os eleitores do sul do Brasil, são votos mais fáceis de serem convertidos do que os de Bolsonaro. O mesmo pode se dizer das intenções de Meirelles. Mesmo os do candidato mais distanciado ideologicamente de Alckmin, João Amoêdo, poderiam ser convencidos a fazer um voto útil no tucano em caso de necessidade.

Ao mirar em Bolsonaro, Geraldo Alckmin tenta reverter votos de eleitores desiludidos com o establishment e alinhados ideologicamente com a direita. Quem acredita no sucesso desta tese são apenas aqueles que já votam com o tucano. Sua crescente rejeição evidencia que este é um caminho perigoso. Alckmin não pode errar. Portanto, fica uma preciosa dica para o ex-governador: mire nos votos possíveis de serem convertidos.

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