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Foto: Mauro Pimentel/AFP
 
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Como a história já registra, antagonizar o PT durante a campanha eleitoral funcionou às mil maravilhas para Jair Bolsonaro. Convenhamos, teria funcionado para qualquer um que confrontasse Fernando Haddad, Gleisi Hoffmann e a sombra de Luiz Inácio. O atentado em Juiz de Fora, hoje sabemos todos, apenas tornou impossível o que já seria improvável.

E funcionou, acima de tudo, pois, mais do que estratégia ou a elucubração de uma narrativa alienígena, a campanha do presidente eleito contou com um sentimento genuíno. A repulsa pelo petismo não demandou esforço criativo ou financeiro para ser incutida na mente das pessoas. Bastava que o sujeito tivesse vivido no Brasil durante a última década.

Assim, a maioria dos brasileiros estava pronta para demonstrar nas urnas a sua aversão ao PT, por sua desfaçatez ao negar os crimes cometidos, e insistência em manipular os fatos de modo a dividir ainda mais a sociedade para continuar no poder.

Mas, e agora?

Digo, não bastassem os 12 anos e um mês por corrupção e lavagem de dinheiro no processo envolvendo o triplex no Guarujá, ontem mesmo Lula teve reiterado o pedido de mais uma condenação pela Operação Lava Jato, dessa vez envolvendo o sítio em Atibaia.

E se Lula tão cedo não deixará a cadeia, em quem recairá o papel de espantalho preferido do bolsonarismo? Haddad? Terá ele condições políticas e carisma para liderar uma legenda em frangalhos?

Seria tolice negar as evidências: há uma considerável parcela da sociedade que leva fé em Jair Bolsonaro. Que nutria e ainda nutre ojeriza pelo Partido dos Trabalhadores, mas não votou no capitão da reserva somente por esse motivo, e sim por identificação com o seu discurso.

Todavia, os bolsonaristas também não deveriam negar o óbvio: o fato de o antipetismo ter sido decisivo para o sucesso eleitoral indica que muitos daqueles que votaram em Bolsonaro não tendem a se sentir emocionalmente atrelados ao próximo governo.

Ou seja, ao contrário da militância petista durante os anos em que a esquerda foi vidraça, e dos seguidores mais ferrenhos do “mito”, esses outros eleitores não devem fechar os olhos para escândalos, pequenos deslizes ou políticas que não funcionem durante a próxima administração.

Como o noticiário vem demonstrando, tudo indica que Jair Bolsonaro não terá dificuldade para encontrar entre os próprios aliados, quiçá até no núcleo familiar, quem dificulte a sua gestão.

E o fato de a dicotomia com a esquerda perder fôlego tende a jogar ainda mais luz sobre esse cenário.

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