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Imagem: Reprodução/TV Globo
Imagem: Reprodução/TV Globo| Foto:

Olavo de Carvalho, espécie de prócer desse novo zeitgeist que combina conservadorismo, religião e subserviência a Donald Trump não teve dúvida: “Os jornalistas são os maiores inimigos do povo, seja nos EUA ou no Brasil”, escreveu em seu perfil no Twitter, segundo a Folha. A frase é grave. Pior, só a constatação de que o seu autor não está sozinho.

Às vésperas de assumir o poder, o governo Bolsonaro já conta com uma ampla rede de defensores que enxergam em toda e qualquer matéria jornalística o interesse único de minar a futura administração. Mais do que isso, de usar quaisquer meios, inclusive a fabricação de mentiras e o polemismo gratuito para dificultar ao máximo a próxima gestão.

Além de irresponsáveis — uma vez que incitar a turba pode levar a reações extremadas, como já visto em passado recente —, tais comentários apresentam um ponto em comum: seguem à risca a cartilha adotada pelo petismo enquanto Lula, Dilma et caterva dominavam a Corte. À época, Fernando Henrique Cardoso e a imprensa foram os espantalhos prediletos do petismo para justificar decisões equivocadas, ou empanar crimes. Às vezes, mesmo sem motivo aparente, mas com um intuito central: o de reforçar a retórica. O aperfeiçoamento de um método.

Pois o PT perdeu. Sobrevive, saiu da eleição com a maior bancada da Câmara, mas nem de longe ostenta o poderio de outrora (Lula tão cedo não deixará a cadeia e Fernando Haddad sobra tanto em carisma quanto Paulo Guedes em diplomacia).

Ainda assim, a sombra do partido já vem sendo utilizada como argumento para afugentar quem ousar questionar o bolsonarismo. E, na falta de um Partido dos Trabalhadores pujante, a imprensa será impetuosa e sistemicamente atacada. Melhor dizendo, já está sendo.

Insisto, é uma questão de método. Típica nas mentes autoritárias, defensoras do pensamento único. De gente que não quer ser amolada, que acha que por ter sido eleita já não deve satisfações à sociedade.

Como em qualquer área, existem os bons e maus profissionais no jornalismo. Existem as matérias mal escritas, as pautas mal apuradas e jornais com viés mais nítidos do que o desejável. Contudo, também há o bom profissional. O jornalista destemido, que não se acovarda quando é ameaçado e que se empenha a desfiar os fatos até o fim. Assim como o colunista fiel à sua visão de mundo.

Em uma democracia, todos somos livres para escolher a que canal preferimos assistir, bem como temos a chance de escolher quais publicações acompanhar para servir de base na formação das nossas opiniões. Ninguém é obrigado a seguir um veículo com uma linha editorial ou um jornalista que desagradem.

Parece óbvio, mas não fazia sentido para o PT.

Idem para os bolsonaristas.

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