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Há coisa de uma semana, Donald Trump bateu boca com o repórter Jim Acosta. A rudeza do presidente americano em relação à mídia e ainda por cima no trato com a CNN, emissora em que o jornalista trabalha, é notória. O resultado do entrevero, contudo, não alarmou apenas a imprensa americana, provocando editoriais severos de jornais como o New York Times e o Washington Post, mas a todos os que acompanham o cenário internacional e nutrem preocupação pelo viés antidemocrático que irrompeu mundo afora nos últimos anos: Acosta teve a licença para atuar na Casa Branca revogada.

Trocando em miúdos, foi banido por fazer seu trabalho, o de pressionar o presidente americano com perguntas desagradáveis  — justamente aquelas de interesse público.

Parece claro que a atitude de Trump não merece maiores ponderações, mas incrivelmente não faltou quem apoiasse a sua postura e essa decisão arbitrária. Ainda mais grave, houve quem assim o fizesse também no Brasil. É um acontecimento peculiar esse do trompista tupiniquim, mas nem por isso menos vergonhoso.

Pior mesmo só o fato de jornalistas brasileiros inclinados a esse viés recriminarem o posicionamento de Acosta, argumentando que, se um presidente “se irrita ou se recusa a falar”, o profissional deve “resignar-se”.

Corta.

Brasil, domingo último. Xico Graziano afirma em sua conta pessoal no Twitter que a postura de Marina Silva ao criticar a futura Ministra da Agricultura, deputada Tereza Cristina, e de Fernando Haddad em “bater” em Bolsonaro eram esdrúxulas. “Falta simancol”, argumentou o ex-tucano cotado para assumir a pasta do Meio Ambiente no próximo governo. E continuou: “Nossa democracia deverá evoluir. Chegará o dia em que os derrotados se recolherão ao seu canto. Quietos, retrospectivos. Terão respeito pelo veredicto popular”.

A percepção de que a existência de uma oposição combativa seja algo nocivo para o país é compreensível. A retórica do “quanto pior, melhor”, tão bem praticada e estimulada pela esquerda antes que o PT assumisse o poder, deixou sequelas.

Entretanto, a falta de vozes contrárias durante o próprio período hegemônico petista sublinha o que pode acontecer quando um governo navega junto com a maioria sem grandes questionamentos.

Felizmente para todos nós, vivemos em uma democracia, na qual posicionamentos políticos a favor de Trump e Bolsonaro podem ser feitos publicamente, sem perigo de cerceamento ou algo pior.

Eu só espero que o mesmo valha para a nossa oposição e para a imprensa determinada a buscar a verdade e a pressionar os poderosos. Especialmente governos.

Que a oposição jamais se recolha ao seu canto. Tampouco quieta, retrospectiva ou resignada.

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