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Foto: Ricardo Stuckert e Tânia Rego
Foto: Ricardo Stuckert e Tânia Rego| Foto:

Ignorância, antipatia e desinteresse são sintomas fáceis de se perceber entre nós quando o assunto é política. Fáceis e compreensíveis. Estranho seria se o voto obrigatório, um sistema eleitoral desenhado para perpetuar castas, a miríade de legendas e o histórico de desmandos por parte dos nossos representantes causassem outro impacto. Contudo, há também um comportamento injustificável. Uma síndrome que não faria sentido em lugar nenhum. Tampouco quando a realidade em questão já cansou de escancarar o óbvio: políticos e governos devem ser fiscalizados, jamais idolatrados.

Refiro-me à relutância absoluta de muitos em contestar a nova administração, mesmo após tantos episódios ofensivos ao voto de confiança depositado nas urnas logo nesse início de governo.

Agem esses como se não estivesse em jogo o próprio destino e o das futuras gerações, mas a honra do time de coração. Ponderam sem qualquer rubor. Tergiversam e experimentam forçar teses na esperança de envelopar comportamentos inaceitáveis com um fiapo que seja de lisura.

Tal atitude não vem de hoje, sabemos todos. Antes dessa dita nova era — ênfase no dita —, os petistas se comportavam de forma idêntica. Para ser justo, durante mais de uma década os súditos de Lula justificaram quaisquer bandalheiras protagonizadas pelo PT. Roubos de magnitudes nunca antes vistas eram relativizados e inclusive houve vista grossa para o sucateamento ideológico do Itamaraty.

E daí?, pergunto, uma vez que essa comparação é feita frequentemente.

O que os petistas têm a ver com os vícios do clã real? De que maneira os espetaculares assaltos engendrados pelo Partido dos Trabalhadores poderiam absolver a conduta de Flávio Bolsonaro ou a promoção de Antônio Mourão Filho?

De lambuja, por uma questão de isonomia, coloquemos no balaio também as vantagens indevidas a que o filho de Lula teve direito enquanto o seu pai era a pessoa mais poderosa do país. E daí?, insisto.

Os pecados morais que começam a aparecer agora não deveriam surpreender. Surpresa grande seria se um clã liderado por alguém há 30 anos nos porões da política tradicional apresentasse um histórico irrepreensível.

No fim das contas, temos que começar a enxergar o governo e políticos em geral como o que de fato são: representantes eleitos e regiamente pagos para administrar da melhor maneira possível se desejarem continuar nos cargos para os quais foram eleitos. E só.

Não faz sentido alimentar qualquer tipo de peso na consciência, sentimento de traição ou idolatria.

Como já foi dito, o quadro de fato não ajuda para o nosso amadurecimento como eleitores. Todavia, essa mudança não pode mais esperar. Sob pena de continuarmos sendo presa fácil a cada ciclo eleitoral.

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