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Mauro Cezar Pereira
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Messi chega a 400 gols só no Campeonato Espanhol. Pelé faria melhor?

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Mauro Cezar Pereira
13/01/2019 23:32 - Atualizado: 29/09/2023 16:50
AFP
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Neste domingo, Lionel Messi se tornou o primeiro ser humano a alcançar a marca de 400 gols assinalados em jogos válidos pelas cinco principais ligas do futebol europeu (Espanha, Alemanha, Itália, Inglaterra e França) por um único clube. Marca obtida em 435 partidas do campeonato espanhol, média absurda de 0,919 por jogo.

O maior artilheiro de toda história da liga espanhola mantém imensa distância sobre os demais, como Cristiano Ronaldo (311). Depois vêm Telmo Zarra, astro do Athletic Bilbao nos anos 1940 e 1950 (251); Hugo Sánchez, mexicano que brilhou por Atlético e Real Madrid nos anos 1980 e 1990 (234); e Raúl González (228), homem-gol merengue de 1994 a 2010.

Olhando para os que ainda disputam o campeonato, o basco Arduriz, do Athletic Bilbao, é o segundo do ranking, com 157 gols. Além de máximo goleador de La Liga, Messi é quem mais deu assistências (159). Isso significa participação em 559 gols. No atual certame é o artilheiro (17 tentos) e quem mais deu passes para gols (10).

Mas Lionel Messi não é o primeiro a alcançar 400 gols nos cinco principais campeonatos da Europa. Cristiano Ronaldo tem 409, no entanto, o português precisou de 63 partidas a mais para chegar a tal marca. Sua média é de “apenas” 0,821 por cotejo. Um comparativo definitivo diante de qualquer argumento raso na linha “o campeonato espanhol é fraco”.

Para colocar o balão de couro quatro centenas de vezes no fundo do barbante, Messi utilizou sua mágica perna esquerda 81% das vezes, com a “cega” direita 16% e 3% dos arremates bem sucedidos foram de cabeça. Ao todo o argentino soma 659 jogos, 575 gols e 229 assistências. Na temporada 2018/2019, 22 aparições, 23 tentos e 13 passes que resultaram em bola na rede.

Soa como pecado qualquer comparação entre Pelé e os mortais do futebol. Além do mais esse tipo de paralelo costuma ser de difícil (impossível até) aferição, com grande tendência a descambar para o injusto. Contudo, as marcas que Lionel Messi segue acumulando em sua carreira praticamente obrigam à reflexão.

Pelé faria melhor? Não, por favor, não venha com a história de que Fulano ganhou três Copas do Mundo e Beltrano nenhuma. O que está em pauta aqui é: o “Rei” do futebol, se estivesse hoje em atividade, superaria as marcas absurdas de Messi? Sinceramente, não sei, tenho dúvidas, sequer ouso afirmar que o brasileiro teria números superiores.

Só sei que no dia em que o craque do Barcelona parar de jogar, haverá quem diga que se encerrou a carreira do maior jogador da história do futebol. E não serão poucos. Com isso, a discussão, o debate, nunca mais se encerrará. Jamais teremos a resposta, tampouco alguém terá absoluta razão. São dois gênios do maior esporte já criado pelo homem. Ambos obviamente imortais da bola.

***

O Real Bétis já havia imposto um placar de 4 a 3 sobre o Barcelona, em novembro, no Camp Nou. No domingo recebeu o Real Madrid em Sevilla, dando mais uma mostra de que não há defesa para o futebol pobre que impera no Brasil, com times retrancados, mesmo tendo elencos caros, repulsa pela bola e chutões.

E ainda há quem argumente que na Europa estão os maiores craques e, por isso, os times de lá jogam com mais posse da pelota, um futebol de melhor qualidade. Uma falácia. O Bétis, com seu elenco avaliado em € 222 milhões (R$ 943,5 milhões), deu calor no Real Madrid  e seu grupo de jogadores que custa € 976,5 milhões (R$ 4,150 bilhões).

Colocou o campeão europeu contra as cordas ficando com a bola por nada menos que 76% do tempo. Levou 1 a 0, empatou e perdeu no final num gol de falta com falha do goleiro, que errou como os homens de frente também falharam nas finalizações. É possível ter organização e domínio da bola e do jogo, mesmo sem os melhores jogadores.

Tivesse parte da qualidade dos craques do Real Madrid, provavelmente o Bétis teria transformado a hegemonia em campo na sonhada vantagem no placar. Perdeu desta vez, apresentando a mesma proposta de jogo utilizada quando venceu em Barcelona, mas mostrou que o mais fraco pode fazer mais do que se defender, encolhido.

Contudo, para isso é preciso um arquiteto, uma cabeça pensante, um técnico como Quique Setién, que faz seus times jogarem assim. Mesmo quando o Bétis perde, seu torcedor sai ciente de que seu time não se contenta em ficar atrás, temendo o rival poderoso. Ele o desafia. Que inspire os treinadores brasileiros. Amém!

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