As principais dúvidas de todo mundo que tem dor de cabeça
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  • Por Dr Gustavo Franklin Dr. Gustavo Franklin | CRM-PR 34297 / RQE 23111
  • 08/01/2020 18:15

O neurologista Gustavo Franklin, do Hospital de Clínicas do Paraná, esclarece as dúvidas de quem dor de cabeça frequentemente ou de vez em quando, e qual é o momento certo de buscar ajuda. Confira:

Pergunta: Há algo a fazer para tentar acabar com a dor antes de tomar o remédio, nos primeiros sintomas? E quais seriam esses primeiros sintomas?

Resposta: Algumas dores de cabeça são antecipadas por sintomas inespecíficos como cansaço ou fadiga, sonolência, ou ainda tonturas e agitação, o que chamamos de período de pródromo. Este fenômeno é ainda mais evidente em cefaleias específicas como na enxaqueca. Como esses sintomas são inespecíficos, quando ocorre é muito difícil relacionar que irá iniciar uma dor, por isso é improvável que se medique neste instante. Em até um quarto dos pacientes com enxaqueca, há um fenômeno neurológico que antecipa a dor de cabeça, que se chama "aura". A aura é uma manifestação neurológica que pode ser visual, se dando através de escotomas cintilantes, que são pontinhos brilhantes ou negros no campo visual, ou ainda fenômenos de perda de campo visual, em que uma parte da visão pode ficar borrada ou totalmente negra. A aura pode ser também sensitiva e se manifestar através de dormências nos membros ou até mesmo motora, com alteração da força de um membro ou da fala.

P: Quando tomar remédio para dor de cabeça? Ao menor sinal de dor ou deve-se esperar um tempo?

R: O mais indicado, principalmente quando lidamos com dores de cabeça (cefaleias) específicas como enxaqueca, é que ao menor sinal da dor, a medicação seja realizada. Há um fenômeno na enxaqueca, que chamamos de "depressão alastrante", que tem um caráter crescente e progressivo, de modo que à medida que o tempo passa, fica maior, mais intensa e consequentemente mais difícil de tratar. A maior ressalva, no entanto, é que essa orientação de tomar medicação ao menor sinal de dor, sirva para contribuir com o abuso de medicamentos analgésicos. Uma vez que haja uma necessidade recorrente de tomar medicamentos, o neurologista deve ser consultado para que possa avaliar um tratamento contínuo. A cefaleia associada a abuso de medicamentos analgésicos é um tipo de dor de cabeça cada vez mais comum e pode ser de difícil tratamento quando não tratada adequadamente.

P: Por quanto tempo é normal sentir uma dor de cabeça?

R: Nenhuma dor deve ser vista como normal. Como existem diferentes tipos de dores de cabeça, elas podem ter tempo de duração diferentes. Na cefaleia do tipo tensional, a dor de cabeça pode perdurar por vários dias seguidos; e na enxaqueca, o mais comum é que se dure entre 4h a 72 horas. O maior motivo, no entanto, para que uma dor se mantenha por vários dias é ela não estar sendo bem tratada. Assim, uma vez que a dor de cabeça seja recorrente (indo e voltando), ou esteja perdurando por vários dias, o correto é ser avaliado por um médico.

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P: Tem como diferenciar um tipo de dor de cabeça de outro? Quem tem enxaqueca, sempre terá esse tipo de dor ou pode ter mais de um tipo?

R: É muito comum um mesmo paciente apresentar vários tipos de dores, cada uma em situações diferentes. Assim, uma pessoa pode ter uma enxaqueca durante um certo período e em outro momento ter uma cefaleia do tipo tensional. A enxaqueca é um tipo de dor de cabeça, geralmente pulsátil, que ocorre de um lado da cabeça, muitas vezes de grande intensidade, quase sempre associada a náuseas e vômitos e que piora com a luz, barulho ou até certos cheiros. As cefaléia do tipo tensional geralmente ocorrem na frente da cabeça (na região frontal, na região da "testa"), na parte de "trás da cabeça", ou em toda a cabeça. Frequentemente, aparecem no fim do dia ou à noite, na forma de uma "pressão" e podem ser muito fortes. Como essas, existem mais de cem tipos de dores de cabeça. O médico deve ter domínio e experiência sobre as características de cada tipo de dor, para poder diferenciá-las adequadamente. Essa percepção pode não ser fácil para o paciente, por isso sempre que houver mudança no padrão da dor de cabeça, recorrência da dor, persistência por vários dias, o médico deve ser consultado.

P: Quando devemos nos preocupar com uma dor de cabeça e ligar o sinal de alerta?

R: Esta, talvez, seja a principal pergunta. Pois na grande maioria das vezes, as dores de cabeça se dão devido a causas benignas, associadas a uma predisposição genética. No entanto devemos pensar que uma dor de cabeça pode ser algo a mais (e necessitar de investigação junto com o neurologista), quando a:

  1. Dor acordar o paciente pela madrugada ou já surgir ao acordar pela manhã;
  2. Dor for desencadeada por uma atividade física ou percurso sexual;
  3. Dor de cabeça estiver associada a febre, ou rigidez de nuca;
  4. Dor associada a perda de consciência ou desmaio;
  5. Dor associada a perda de força, discurso desconexo, ou alteração de fala;
  6. Dor de diferente padrão, distante das comumente sentidas
  7. Dor de forte intensidade, considerada "pior dor da vida"

Para saber mais sobre dores de cabeça e outros assuntos, acesse: www.drgustavofranklin.com.br