Impossível não pensar na cozinha como um espaço afetivo. Desde os primórdios, o ato de fazer e compartilhar uma refeição sempre foi carregado de significados, seja ao reunir a família ao redor de uma fogueira depois das caçadas, seja em um pós-guerra, em que os soldados eram recebidos das batalhas com enormes banquetes. Repleta de valores sociais, essa comensalidade perdura até hoje, trazendo consigo todo nosso DNA, com grande memória afetiva.
Não é sem motivo que hoje, que passamos por um período tão único, essa ritualidade foi resgatada. A pandemia trouxe consigo um pedido para desacelerar, se reconectar com o essencial. Vivemos um momento único, em que se concentrar no presente e dar valor a aquilo que realmente importa está em voga - e isso se reflete diretamente na relação que temos com nossa casa, que ganhou tantos papéis diferentes durante esse momento, seja como um home office, home schooling, restaurante ou espaço de lazer. Dentro de seus lares, as famílias voltaram a se reunir em volta da cozinha, revivendo pequenos prazeres, como o de compartilhar a primeira refeição do dia ou o almoço, tão raro num período pré-pandemia.
Cada vez mais vista como o coração da casa, a cozinha permite um resgate de momentos em família. Nos estudos de neuroarquitetura, ela está associada a conceitos de bem-estar, ativando nossos sentidos através das sete variáveis ambientais - seja através das cores, dos aromas, sons, formas - muito ligadas à beleza e bem-estar - pois o belo estimula boas sensações através da liberação de endorfinas. Esses estímulos fazem com que a percebamos como um ambiente é aconchegante, através uma série de respostas biológicas positivas.
Especialmente nos dias de hoje, em que o lar passou a ser nosso mundo, a cozinha tem um papel essencial como ambiente de convivência. Seja com sua memória afetiva, seja com os estímulos que oferece, ela é a tradução perfeita do que chamamos de lar sensorial.
*Christie Pereira Schulka, consultora do Sacas HUB.
Catarinense, cresceu em Curitiba, onde mora até hoje. Apaixonada por marketing, comportamento do consumidor, inovação, neuromarketing, foresights para o futuro e coolhunting.
Com mais de vinte anos de experiência trabalhando em multinacionais líderes em seus setores, startups e grandes empresas brasileiras na área de marketing, inovação e vendas.
Hoje é executiva a frente do marketing da Roca Brasil Cerámica. Formada em propaganda, tem MBA em marketing pela FGV e é especialista em neurociência com ênfase em neuromarketing digital pela UP. Especializou-se em gestão pela UP, finanças pelo IBMEC e design thinking pela University of Virginia.
Apaixonada pela área, esteve a frente de projetos de inovação em marketing e serviços, branding, trade, entre outros. Sempre antecipando conceitos na prática e traduzindo tendências, em 2020 realizou especialização em futures thinking pelo Institute for the Future, com sede em Palo Alto, Califórnia. E, em 2021, especializou-se em liderança e inovação pelo MIT.
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