• Carregando...
Nesta foto de arquivo registrada em 1 de junho de 2016, o músico Peter Tork, do Monkees, se apresenta em Nova York. | MATTHEW EISMAN/AFP
Nesta foto de arquivo registrada em 1 de junho de 2016, o músico Peter Tork, do Monkees, se apresenta em Nova York.| Foto: MATTHEW EISMAN/AFP

Peter Tork, baixista e tecladista dos Monkees, uma das bandas americanas de rock de maior sucesso nos anos 1960, morreu nesta quinta-feira (21), de causas não divulgadas. Diagnosticado em 2009 com câncer na língua, o músico tinha 77 anos e cumpriu uma trajetória que mistura como poucas a música e a televisão.

Os Monkees foram criados em 1965 pela rede de TV NBC. A ideia era um seriado cômico estrelado por um grupo de rock, com a clara intenção de criar uma alternativa americana aos Beatles, então no auge da fama mundial. Mas ninguém poderia imaginar que o sucesso da cópia chegasse tão longe.

Em 1967 e 1968, os Monkees foram os únicos a vender mais discos que os Beatles nos Estados Unidos. Até hoje, o grupo vendeu 65 milhões de álbuns e singles.

A série, com 58 episódios produzidos, foi líder de audiência em vários países, inclusive o Brasil, e os quatro integrantes da banda ficaram ricos em questão de semanas. Cada um tinha um papel claro nos enredos.

O guitarrista Michael Nesmith era o cérebro, o líder com certo mau humor e cinismo. O vocalista Davy Jones, único inglês do quarteto, era o galã que enlouquecia as tietes.

Sobrou para o baterista e vocalista Micky Dolenz e para Peter Tork a maior carga de humor. Dolenz era o esperto engraçado, de ideias absurdas. Tork interpretava um tipo mais fofo, cândido, mas bastante abobalhado.

Dublagem

A partir da estreia da série, em setembro de 1966, o quarteto virou febre mundial e não havia tempo para descanso. Quando não estavam gravando os episódios, sua rotina era viajar para aparições em TVs e rádios dos Estados Unidos, da Europa e do Japão.

Na verdade, não sobrava tempo nem para a banda gravar as músicas mostradas na série. Na tela, o quarteto dublava canções escritas e tocadas por outros músicos. Jones e Dolenz, que tinham carreira anterior como atores, não ligavam tanto, mas essa condição irritava Nesmith e Tork, músicos de origem que queriam compor e tocar.

Ainda em 1967, no pico da fama, Nesmith declarou em uma entrevista que eles apenas dublavam as músicas. Essa revelação foi responsável pela curta vida do fenômeno Monkees. Com o encerramento da série, em 1968, o grupo ainda durou até 1971, mas despencando em popularidade.

A partir do terceiro álbum, "Heaquarters" (1967), os quatro passaram a gravar de verdade, mas nunca repetiram o grande sucesso dos dois primeiros.

Retorno e miséria

Desde a separação, houve uma série de tentativas frustradas de seus integrantes. Dolenz e Jones fizeram vários trabalhos juntos, muito fracos, e às vezes o grupo apelava para uma reunião nostálgica, com Nesmith sendo o mais relutante dos quatro.

Em pouco tempo, Tork chegou à miséria financeira. Logo ele, o mais descolado dos Monkees na cena pop do fim dos anos 1960. Ele era amigo de Jimi Hendrix, Jane Fonda, Janis Joplin, Jack Nicholson, Bob Dylan e outros famosos.

No começo dos anos 1970, tinha perdido toda a fortuna que ganhou com a série, e era fácil entender a razão. Um tanto hippie, gastava todo o dinheiro com os amigos.

Abrigava vários deles em suas casas. Foi morando de favor na mansão de Tork na Califórnia que o trio Crosby, Stills & Nash se uniu para uma carreira brilhante.

Nos anos seguintes, nenhum deles ajudou Tork, que precisou servir mesas, trabalhar em postos de gasolina e morar em porões para sobreviver.

Montou várias bandas de curta duração e nenhum sucesso. A melhorzinha foi a Shoe Suede Blues, que gravou quatro discos. Em 1994, ele lançou seu álbum solo, "Stranger Things Have Happened", sofrível.

Com a exploração nostálgica dos Monkees, conseguiu equilibrar as finanças para uma vida um pouco mais tranquila. Mas ele se abateu muito com a morte de Jones, em 2012. 

Peter Halsten Thorkelson foi casado quatro vezes e deixou três filhos.

No ano passado, o jornalista brasileiro Sergio Farias lançou pela editora portuguesa Chiado Books uma biografia de Tork. "Love Is Understanding - A Vida e a Época de Peter Tork e os Monkees" está à venda nas livrarias brasileiras.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]