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Quantidade de crimes contra a honra já supera ocorrências de maior potencial ofensivo, como pedofilia | Fotos Públicas/Allan White
Quantidade de crimes contra a honra já supera ocorrências de maior potencial ofensivo, como pedofilia| Foto: Fotos Públicas/Allan White

Aquela denúncia ou alerta que você enviou para o seu grupo no WhatsApp ou no Facebook pode se transformar em uma enorme dor de cabeça. A facilidade na produção de informações falsas e de divulgação fez com que o número de ocorrências de injúria, difamação e outros crimes contra a honra disparasse. E, apesar das boas intenções, quem compartilhou também pode ser responsabilizado.

“Tudo o que você disser que se traduzir num dano moral a alguém pode ser enquadrado em crime”, explica o delegado do Núcleo de Combate aos Cibercrimes (Nuciber), Demétrius Gonzaga de Oliveira. Não por acaso, o total de casos de pessoas que foram ofendidas em postagens em redes sociais ou vítimas de alguma difamação propagada em correntes do tipo já é maior do que ocorrências mais graves, como estelionato e até pedofilia. Dos mais de 11 mil casos investigados, cerca de 6 mil envolvem casos de menor potencial ofensivo. E o número segue crescendo.

Nos últimos anos, houve até uma inversão no grau dos casos registrados. “Antes, os crimes contra o patrimônio eram os mais recorrentes. Os de menor periculosidade eram apenas 30%. Só que hoje isso está mudando”, conta. Para o delegado, a tecnologia está mais acessível e as pessoas estão usando isso para “brincar”.

Confira alguns cuidados antes de compartilhar algo entre seus contatos.

Na dúvida, não compartilhe

A grande maioria das fake news que circulam em grupos são denúncias de algum crime e, exatamente por isso, muita gente compartilha querendo informar os amigos. O problema é que elas podem envolver indivíduos inocentes, prejudicando quem não tem nada a ver com a história. E, dependendo do caso, isso pode cair virar um caso de injúria ou difamação.

Outro ponto é que esse compartilhamento indiscriminado pode alcançar proporções ainda maiores e mobilizar equipes policiais para um crime que não existe. “Quando uma notícia falsa chega a uma autoridade, ela tem que tomar alguma providência. Só que isso vai gerar apenas uma falsa informação de crime, que é ilegal”, explica Oliveira. “No fim, vai demandar uma investigação à toa”. Assim, ao querer ajudar, você apenas dá força ao problema.

Pessoas em risco

Além dos crimes contra a honra, as notícias falsas podem também colocar outras pessoas em risco. O delegado do Nuciber relembra um caso no litoral de São Paulo em que uma mulher foi acusada em grupos de WhatsApp de bruxaria e de sequestrar crianças na região, o que fez com que ela fosse linchada e morta pela população. “Tem que tomar muito cuidado com esse tipo de boato”, destaca.

Cuidado com imagens

As notícias falsas não são as únicas causas de problemas. Em alguns casos, montagens e brincadeiras também podem se transformar em crime, principalmente quando afetam diretamente a imagem da pessoa. O delegado relembra o episódio em que uma senhora foi alvo de montagens que a colocavam em cenas pornográficas. “Isso destruiu o casamento dela e a imagem que ela tinha na sua comunidade. Ela teve que se mudar e passar por tratamento psicológico”.

E, por mais que seja considerada uma ocorrência menor, os danos podem ser enormes. Compartilhar fotos de falsos suspeitos, por exemplo, pode atrapalhar a vida de quem está procurando um emprego ou em vias de assinar um contrato.

Tudo pode ser rastreado

Apagar uma mensagem não significa que ela deixa de existir. Se uma denúncia chegar ao estágio de investigação, a polícia pode apreender o celular e descobrir até mesmo mensagens que foram deletadas. “O Nuciber faz todo um trabalho de recuperação desse conteúdo”, explica o delegado. “E, se a vítima desejar, todos os que compartilharam aquele material podem estar em uma linha de responsabilização”.

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