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Foto: Denis Ferreira Neto/Tribuna do Paraná |
Foto: Denis Ferreira Neto/Tribuna do Paraná| Foto:

A investigação da morte do jogador de futebol Daniel Corrêa Freitas, de 24 anos, apresenta algumas contradições que a Polícia Civil tenta desvendar para encerrar o inquérito e encaminhar o processo à Justiça. Cinco pontos chamam mais a atenção das incongruências apresentadas não só pelo empresário Edison Brittes Junior, 38 anos, mas também por sua esposa, Cristiana, 35 anos, a filha Allana, 18 anos, os outros acusados e as testemunhas.

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O corpo de Daniel Corrêa Freitas foi encontrado em um matagal em São José dos Pinhais no dia 27 de outubro com sinais de tortura: o pescoço estava quase degolado e o pênis decepado. Daniel veio a Curitiba participar da festa de aniversário de Allana Brittes, filha de Edilson Brittes Junior, no dia 26 de outubro. Após participar da comemoração em uma casa noturna no bairro Batel, o jogador foi para outra festa na casa de Edison, dono de um mercado em São José dos Pinhais.

Entre os pontos incongruentes das averiguações estão: a tentativa de estupro por parte de Daniel, de onde surgiu a faca com a qual ele foi assassinado, se houve ou não o grito de socorro de Cristiana, quem teria arrombado a porta do quarto e se o atleta teria ou não proximidade com a família Brittes.

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Estupro

No depoimento à polícia quarta-feira (9), Edison Brittes Jr manteve a versão de que Daniel teria tentado estuprar sua esposa, Cristiana. Ao entrar no quarto do casal, o empresário afirma que encontrou o jogador em cima da mulher, vestindo apenas cueca e camiseta.Cristiana também mantém a versão.

O próprio Daniel enviou imagens via Whatsapp a um amigo em que está ao lado de Cristiana na cama do casal. Nas fotos, o atleta faz caretas, enquanto Cristiana dorme. Nas mensagens, Daniel afirma que teria tido relação sexual com a esposa de Edison. O jogador ainda reforça no Whatsapp que teria feito isso mesmo com a presença do marido na casa.

A polícia, entretanto, não acredita na versão de estupro pelo estado de embriaguez em que se encontrava Daniel. Perícia apontou que o jogador tinha 13 decigramas de álcool por litro de sangue, uma dosagem muito alta. “Ele estava muito embriagado, estava muito aquém de conseguir realizar algum estupro. Para nós, o Daniel simplesmente estava na cama”, comenta o delegado Amadeu Trevisan.

Faca

Na entrevista que deu à RPC, antes de ser preso, Edison Brittes Jr afirmou ter matado Daniel com uma faca que levava no carro. O jogador teria sido espancado no quarto e depois levado para o porta-malas do veículo de Edison. Segundo o depoimento à polícia, a intensão era deixar Daniel nu no meio da rua. Entretanto, ao ver fotos de Daniel ao lado de Cristiana na cama, Edison afirmou que perdeu ainda mais o controle e decidiu matá-lo já dentro do carro.

Segundo o empresário, a faca é uma espécie de ferramenta que ele carregava no veículo. “Não sabia que iria fazer aquilo. Então, olhei no carro e vi o que tinha na hora”, declarou na entrevista .

Entretanto a polícia averigua se Edison não buscou a faca dentro de casa antes de sair com Daniel no carro, o que indicaria que ele teria premeditado o assassinato.

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Grito de socorro

Em todas as versões que apresentou, Edison afirma que partiu para cima de Daniel após ouvir gritos de socorro da esposa vindos do quarto. Entretanto, três testemunhas que estavam na casa no dia do crime afirmam não terem ouvido grito algum de Cristiana, mas sim os pedidos de socorro de Daniel, quando já estava sendo espancado no quarto.

Edison afirma que só ele teria ouvido os gritos da esposa porque, ao contrário dos outros convidados da festa, estaria perto do quarto no momento em que Cristiana teria acordado com Daniel ao lado. A polícia tenta verificar ainda qual versão é a real.

Porta arrombada

Edison Brittes Junior foi enfático na primeira versão que apresentou: ele mesmo teria derrubado a porta do quarto ao ouvir os gritos de Cristiana. Na entrevista à RPC, antes de ser preso, ele chegou a ser enfático, dizendo que arrombou a porta fazendo força com o próprio ombro. “Escutei gritos de socorro do quarto, que estava trancado. Arrebentei a porta e me deparei com o Daniel em cima da minha mulher, tentando estuprá-la”, declarou na entrevista.

No depoimento de quarta-feira à polícia, o empresário mudou a versão. Afirmou que não só não arrombou a porta, como teria entrado no quarto por uma janela. A porta teria sido arrombada por um dos convidados da festa, quando Edison já estaria dentro do quarto agredindo Daniel.

De acordo com a defesa de Edison, ele mentiu à polícia para preservar o enteado de um político, o ex-vice-prefeito de São José dos Pinhais Jairo Mello. Este rapaz é que teria derrubado a porta, permitindo o acesso de mais pessoas ao quarto.

Apesar da nova versão, Edison foi enfático em garantir que o enteado do prefeito e nem o irmão dele, que também estava na festa, tiveram participação no assassinato. O advogado que representa os enteados do ex-vice-prefeito, Ricardo Dewes, nega a participação dos irmãos na morte e refuta a nova versão de Brittes. Embora os irmãos estivessem na festa, eles são considerados testemunhas. Para o advogado, não existe qualquer possibilidade de que um deles venha a se tornar suspeito pelo crime.

Proximidade

Na primeira versão à polícia, Allana Brittes, filha de Edison e Cristiana, disse que conhecia Daniel há menos de um ano. Mesmo assim, o jogador veio de Sorocaba (SP), onde jogava pelo time do São Bento, para participar da festa de 18 anos da moça em uma balada em Curitiba. Além disso, a própria Allana havia postado uma foto do aniversário dela de 2017 ao lado de Daniel. Allana também garantiu que jamais teve relacionamento amoroso com o atleta.

Em relação à festa na casa da família, depois da comemoração na balada, Allana garantiu que Daniel não foi convidado. Ela disse que amigos ainda tentaram disfarçar para que ele não fosse na residência dos Brittes. “Eles chegaram a falar para o Daniel que não tinha lugar no Uber, para disfarçar. Mesmo assim ele disse que ia entrar no Uber”, relatou a moça.

Mas, tanto Edison quanto Allana entraram em contato com a família e amigos de Daniel após o assassinato para confortá-los. Nas mensagens, ambos pareciam próximos do jogador. “Imagina, ele vir de longe só para o aniversário dela [Allana]. Ele era uma pessoa muito querida pela gente”, ressaltou Edison em ligação a um amigo de Daniel.

Em entrevista à RPC, a mãe de Daniel, Eliane Corrêa, contou que Edison Brittes Junior ligou para dar condolência. “Eles tiveram a coragem de falar com a voz mais doce do mundo que estavam prontos para me ajudar com o que fosse preciso. Mandaram até foto falando que iam no IML para ter certeza de que não era ele. Sangue frio, monstruoso”, disse a mãe.

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