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| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Andar de ônibus nem sempre é fácil em Curitiba. Quem depende do transporte público todos os dias sabe que a imagem da Cidade Modelo já se desfez faz tempo e tudo o que o usuário vê é um grande acúmulo de problemas que se intensifica dia após dia. Não por acaso, cerca de 7,6 milhões de pessoas deixaram de embarcar nas estações e terminais da cidade entre 2016 e 2017, segundo dados do Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp).

E é fácil explicar essa redução de quase 14% dos usuários em um período de um ano. Não faltam motivos que afastem a população do sistema de transporte. O aumento na tarifa e as constantes greves são apenas a ponta de um problema ainda maior. Conheça outras razões que ajudam a explicar essa evasão de passageiros.

Passagem mais cara

Desde fevereiro deste ano, a tarifa em Curitiba é uma das mais caras entre as capitais brasileiras. O aumento de 15% afastou muita gente dos ônibus, já que o valor de R$ 4,25 estabelecido pela gestão Rafael Greca (PMN) pesou muito no fim do mês. Quem pega dois ônibus por dia precisa desembolsar cerca de R$ 170 mensais apenas com transporte. E a situação fica ainda mais complicada para quem depende de mais uma linha.

Na região metropolitana, a situação piora, já que o valor pode chegar a R$ 5,30 em alguns trechos. E, como a integração entre a capital e os municípios vizinhos ainda não está completa, muita gente precisa pagar essa tarifa várias vezes em um mesmo dia. Ao colocar tudo isso na ponta do lápis, é realmente fácil entender por que as pessoas estão cada vez mais interessadas em procurar alternativas mais econômicas.

Ônibus velhos

Porta de biarticulado caiu quando ônibus chegava a estação-tuboIsabelle Gauze/Divulgação

Só que a tarifa mais cara nem sempre significa melhor qualidade no serviço. Segundo dados da própria Urbs, que administra o transporte público na capital, 26% da frota está vencida. Isso significa que 426 dos 1.656 ônibus que circulam em Curitiba não deveriam estar nas ruas. Em alguns casos, há circulando há 17 anos — sendo que o limite é de apenas dez.

Como consequência disso, os passageiros precisam lidar com ônibus que estão literalmente caindo aos pedaços. Somente no último mês, as portas de um biarticulado e um ligeirinho despencaram — um deles em movimento.

Sempre lotado

Mesmo com a queda no número de passageiros, o usuário do transporte não sente uma melhora em um velho problema dos ônibus: a superlotação. Basta caminhar por qualquer terminal no início da manhã ou fim de tarde para encontrar filas enormes de pessoas que aguardam o embarque em ônibus que já chegam entulhados. Conforto é algo que não costuma ir além da roleta.

Violência

Após morte de cobrador, categoria paralisou as atividades por uma hora em protestoDaniel Caron/Gazeta do Povo

A violência contra motoristas e cobradores é outro problema antigo. Em 12 anos de profissão, um cobrador diz já ter sido assaltado 76 vezes e até já recebeu golpes de facão durante abordagens de criminosos. E o que era crítico ficou ainda pior. No último mês, o transporte público da capital testemunhou um aumento da criminalidade, representado principalmente pela morte de um motorista na linha Curitiba/Jardim Paulista, em Colombo.

Esse não foi um caso isolado. Pouco tempo depois, outro motorista foi esfaqueado na cabeça e vários arrastões foram registrados em diferentes pontos da cidade. Outro cobrador recebeu golpes de faca no início desta semana. Diante desse crescente, o Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc) iniciou uma campanha pedindo a instalação de câmeras em ônibus, estações-tubo e terminais. Até o momento, foram colocados apenas cartazes sobre a importância de se registrar o boletim de ocorrência.

Popularização de aplicativos

Com todos esses problemas, é fácil imaginar por que o passageiro procura alternativas ao ônibus. E a popularização de aplicativos como Uber e Cabify ajudou ainda mais a reduzir o número de pessoas no sistema de transporte. Com preços mais acessíveis, eles ocupam o vácuo criado pela insatisfação dos usuários.

Na semana passada, inclusive, a Uber anunciou uma redução de 15% no valor das corridas iniciadas em bairros mais afastados do Centro e municípios da região metropolitana para atrair esse público para o serviço. Nesta terça-feira (22), a Cabify expandiu suas operações para o Campo Comprido e oferece até corridas de graça para conquistar novos usuários.

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