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Acampamento pró-Lula em Curitiba foi alvo de tiros: uma das feridas no atentado diz que já houve ameaças de morte no local | Gibran Mendes/PT / Divulgação
Acampamento pró-Lula em Curitiba foi alvo de tiros: uma das feridas no atentado diz que já houve ameaças de morte no local| Foto: Gibran Mendes/PT / Divulgação

Um grupo de pessoas chegou a fazer ameaças de morte contra o acampamento de apoiadores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em Curitiba, antes do ataque a tiros na madrugada de sábado (28), segundo o relato da advogada Márcia Koakoski, 42.

A gaúcha, uma das feridas no ataque, estava acampada há dois dias. Ela conta que uma bala só não a perfurou porque, antes de acertá-la, atravessou as estruturas de fibra de vidro dos banheiros. As barreiras reduziram a velocidade do projétil, que acabou deixando apenas uma marca no seu ombro, como se fosse uma bala de borracha.

Koakoski prestou depoimento a polícia ainda na tarde de sábado. Segundo ela , por volta de 2h da madrugada, os acampados ouviram gritos de ameaça e fogos foram usados pelos vigias do local para espantar o grupo de pessoas de fora.

“Um grupo gritando ameaças, dizendo que iam voltar e iam matar aquelas pessoas. Foi uma situação delicada, as pessoas levantaram, ficamos todos assustados. Os ânimos foram se acalmando porque várias vezes, o tempo inteiro na realidade, o acampamento foi objeto de ofensas”, afirma.

Ela conversou co ma equipe do Diário do Centro do Mundo, que postou um vídeo no Youtube:

Porém, por volta de 3h45, segundo registro de câmeras de segurança divulgados pela polícia, um homem caminha a pé até o acampamento e dispara, fugindo em seguida. A polícia encontrou seis cápsulas de pistola 9 mm no local.

O sindicalista Jefferson Lima de Menezes, 38, que atuava como vigia, foi atingido de raspão no pescoço. Ele já deixou a UTI, mas não tem previsão de alta.

O delegado titular da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Curitiba, Fábio Amaro, informou que o suspeito chegou em um carro preto modelo sedan. Um inquérito foi aberto para investigar o caso e a Polícia Militar irá reforçar o policiamento no acampamento.

Para Koakoski, o tiroteio era uma tragédia anunciada, não só pelas constantes ameaças sofridas pelos acampados, como também pelo discurso de ódio e acirramento político que ela vê propagado. “As pessoas consideram que o Lula é ladrão e quem defende o Lula é ladrão; o Lula tem que morrer, então quem defende o Lula também tem que morrer”, diz.

Ainda no sábado, Koakoski voltou para Porto Alegre, onde tem um escritório de advocacia civil. Ela havia chegado ao acampamento na quinta (26). Viajou com uma amiga em um ônibus fretado pelo PT. Ela afirma que não é filiada atualmente a nenhum partido político, mas que decidiu sair do Rio Grande do Sul para ir ao acampamento para entender e apoiar uma causa que acredita: de que a prisão de Lula foi injusta.

“Nós vivemos em um país em que ninguém está livre. Eu não sou uma ameaça para ninguém, não estou criticando ninguém, tenho uma vida comum. Quando eu resolvo apoiar uma situação que me é de direito, eu viro alvo de um atirador.”

Dia seguinte

O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) dormiu no acampamento e gravou um vídeo na manhã deste domingo (29) dizendo que os acampados só sairão de Curitiba com Lula, preso na carceragem da Polícia Federal na capital paranaense.

“Ontem aqui teve esse atentado. Não foi um atentado qualquer, atiraram no acampamento. [...] Isso é muito sério. Tem uma ascensão neofascista no Brasil”, afirmou, lembrando também o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) no Rio e os tiros contra a Caravana de Lula no Paraná.

“Isso não é qualquer coisa. É por isso que eu vim pra cá, para estar com o pessoal, mostrar força, dizer que a gente vai resistir. Que fascista nenhum vai nos intimidar. Que a gente só vai sair daqui quando o presidente Lula estiver solto”, completou.

Lindbergh mostrou a barraca onde dormiu e disse que a noite foi bacana, que ficou conversando até 1h.

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