Um condomínio na Travessa Nestor de Castro, no Centro de Curitiba, parafusou placas com peças pontiagudas no banco que fica em frente ao prédio. A medida resultou em notificação por parte da Secretaria de Urbanismo de Curitiba na manhã desta terça-feira (6).
A foto circulou pelas redes sociais em meio a discussões controversas, já que muitos acreditaram se tratar de uma medida para impedir a permanência de moradores em situação de rua. Segundo a prefeitura, a ordem é de que o condomínio retire imediatamente as placas, que nem mesmo moradores sabem porque foram parar ali.
Nesta manhã, a reportagem tentou ouvir o síndico do condomínio para saber o porquê da modificação, mas foi informada de que o responsável não estava. Nenhum contato foi repassado, e nem mesmo moradores e comerciantes da região souberam informar o motivo do uso das peças - pregadas há mais de um ano.
“Acho que isso aqui é porque antes, todo domingo, juntava muito adolescente que ficava bebendo aí em frente. Aí talvez para eles não ficarem sentados. Mas na verdade não sei”, comenta o professor João Pedro Neto, de 32 anos, que há três mora no prédio.
Tráfico incontrolável
Neto conta que não é o aumento de moradores em situação de rua na região central que tem incomodado moradores, mas o tráfico que se tornou incontrolável na calçada em frente ao prédio, na esquina com a Alameda Doutor Muricy. A área está no mapa da primeira etapa de uma operação lançada pela Guarda Municipal no ano passado para evitar cracolândias em Curitiba.
Mas, segundo o professor, a venda de drogas ali permanece constante, ao mesmo tempo em que o policialmente é raro. “O banco é o menor dos problemas. Tem traficante por toda a parte e o tempo todo. Não é perigoso, mas é nojento”, apontou o morador.
Na parte inicial da calçada, a vendedora Franciele Cruz, de 32 anos, reforça o coro. “O pessoal tem medo de vir até a loja. Ontem mesmo uma mulher entrou aqui porque ficou com medo de passar na calçada”, relatou. De acordo com ela, a presença dos traficantes no calçadão atrai vários grupos de usuários que acabam ficando por ali dia e noite.
Não há reclamações de assaltos diretos, mas muitos clientes afirmam se sentir acuados com a venda e o consumo de drogas ao ar livre. “Uma colega minha iria alugar um apartamento aqui porque ela faz faculdade aqui no Centro, mas desistiu depois que viu como está a região”, acrescentou a vendedora.
Para os comerciantes, a insegurança desvalorizou os estabelecimentos e pesou no bolso. Por isso, a dona de uma loja, que não quis se identificar, acredita que não vai ter outra alternativa senão vender o espaço. Ali há seis anos, ela conta que vê a cada dia que passa a situação ficar mais difícil. “Tem vezes que meus clientes estão aqui almoçando e ali fora se juntam 20,30 pessoas. Quem não fica com medo?”, questiona.
Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Defesa Social informou que equipes da Guarda Municipal atendem a região. Há registro de apreensões e detenções na Travessa Nestor de Castro e nas praças Tiradentes, Santos Andrade e Generoso Marques. Segundo a pasta “é mantida uma equipe ostensiva nas proximidades da Catedral, com módulo móvel, e nos fins de semana é intensificado o policiamento preventivo na região do Largo da Ordem”.
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