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Hospital de Clínicas atingiu 100% de ocupação das UTIs Covid para adultos na segunda-feira
Hospital de Clínicas atingiu 100% de ocupação das UTIs Covid para adultos na segunda-feira| Foto: Divulgação CHC

Curitiba chegou, na última segunda-feira (6), à ocupação de 87% dos leitos de UTI específicos para Covid-19 no Sistema Único de Saúde. Mas a situação é ainda mais grave se forem excluídos da conta os leitos pediátricos. Para adultos, 93% dos 240 leitos disponíveis estavam ocupados na última atualização do Portal da Transparência da Secretaria de Estado da Saúde. Isso significa que apenas 18 leitos estavam vagos naquela data. Somados com a Região Metropolitana, 331 dos 353 letos de UTI adulto estavam ocupados, uma taxa de ocupação de 94% e apenas 22 leitos livres para toda a Região Metropolitana de Curitiba. Acrescidas as UTIs pediátricas a ocupação na RMC está em 91%.

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“Estamos no limite. Daqui pra frente, o aumento de casos vai ter um impacto pior no desfecho dos quadros clínicos. A qualidade do cuidado vai ficar comprometida com a sobrecarga de demanda”, desabafa o médico Giovanni Breda, professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, e infectologista no Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná. No HC, onde Breda atua na linha de frente no tratamento da Covid-19, os 61 leitos de UTI destacados para pacientes com coronavírus estavam ocupados na segunda-feira. Também estavam com 100% de ocupação os hospitais Cruz Vermelha (14 leitos), Evangélico (23) e o Hospital Municipal de São José dos Pinhais (10). No Hospital do Rocio, onde 103 leitos de UTI foram preparados para receber pacientes com Covid-19, estavam ocupados 99.

O médico reconhece que a cidade se preparou bem para o enfrentamento da pandemia, mas aponta que, com o crescimento exponencial do número de casos graves nas últimas três semanas, o colapso é sim um risco. “A cidade já tem uma média de leitos por 100 mil habitantes bem acima da média nacional, abriu e segue abrindo novos leitos, mas há um limite. E, além disso, não é só com leitos e respiradores que se enfrenta a doença. O Conselho Regional de Medicina já emitiu alerta sobre o risco de falta de medicamentos sedativos, também estamos no limite de profissionais de saúde capacitados para o atendimento em UTI”, explica, citando que os hospitais ainda podem adaptar as UTIs pediátricas para receber pacientes adultos, internar pacientes com Covid-19 nas UTIs gerais e transformar centros cirúrgicos e leitos de enfermaria em UTIs, mas não encontram mais profissionais especializados neste tipo de atendimento para contratar.

Como consequência da situação limítrofe em que os hospitais se encontram, Breda cita que todo o sistema pode ter seu funcionamento comprometido. “Pacientes que antes chegavam rapidamente nos hospitais de referência passam a esperar mais tempo esperando uma vaga, o que pode agravar seu quadro; com os leitos hospitalares majoritariamente sendo ocupados por pacientes agudamente doentes pela Covid, o acesso de pacientes com outras condições urgentes de saúde, que continuam acontecendo, como infarto, AVC, complicações do tratamento de câncer, emergências cirúrgicas [apendicite, pedra na vesícula] também fica comprometido. Desta forma, não é mais só o atendimento ambulatorial q fica afetado e isso pode elevar transitoriamente à mortalidade de outras doenças de forma indireta” comenta.

O infectologista cita que o aumento de casos também influencia diretamente no aumento de riscos para os profissionais de saúde, “aumentando a contaminação dos profissionais da linha de frente, que acabam tendo que ser afastados temporariamente". Segundo ele, "com a expansão do número de casos graves, as equipes de enfermagem, fisioterapia, médicos intensivistas com maior expertise já não conseguem atender toda a demanda. Começam a entrar [na linha de frente] profissionais com capacitação para as funções, mas com menor expertise”, cita.

Giovanni Breda ainda relata que vem observando, nas últimas três semanas, o aumento da gravidade dos quadros dos pacientes críticos, que estão precisando de mais tempo de UTI e de suporte de alta complexidade além da ventilação mecânica (os respiradores). “Uma parcela dos pacientes críticos tem complicações que evoluem para insuficiência renal aguda. Já há alerta da Sociedade Brasileira de Nefrologia sobre o risco de falta de máquinas de diálise de emergência ou mesmo de equipes capacitadas para fazer o procedimento”, registra.

O médico lamenta a falta de compreensão e de colaboração de parte da população que, segundo ele, ainda ignorar o risco e menospreza a pandemia. “Está todo mundo esperando para que um remédio faça milagre. Nós também torcemos para que as medicações que estão em estudo realmente funcionem, mas tem muita gente acreditando em medicamentos que dizem ser preventivos (ainda sem a eficácia comprovada) e perdendo um pouco do receio com o vírus. Isso impacta no aumento da circulação, maior circulação de pessoas e, com isso, o ritmo de infecção vai aumentando. Ainda tem gente sem a real noção da gravidade da situação”, diz.

Novos leitos

O prefeito de Curitiba Rafael Greca (DEM) anunciou, nesta terça-feira, a ativação de 10 novos leitos de UTI Covid no Hospital Universitário Evangélico Mackenzie. Na sexta-feira a prefeitura deve abrir os primeiros 20 leitos de UTI (e mais 20 de enfermaria) no Instituto de Medicina do Paraná. Há, ainda, segundo o prefeito, 30 novos leitos de UTI (e 40 enfermarias) no Instituto. Seriam as últimas inaugurações para que a cidade chegasse aos 1.088 leitos de UTI , sendo 321 exclusivos do SUS para pacientes com Covid-19, anunciados por Greca no plano de contingência.

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