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Crianças em patinetes elétricos aumentam risco de acidentes em parques e praças de Curitiba
| Foto: Hedeson Alves/Gazeta do Povo

Uma reclamação com fundo de preocupação vem se tornando constante de quem frequenta parques e praças em Curitiba. O número de crianças andando com patinetes elétricos de uso compartilhado vem aumentando e, consequentemente, o risco de acidentes — em especial atropelamentos.

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A idade mínima permitida para alugar as patinetes elétricas, conforme o termo de uso dos aplicativos, é de 18 anos. "A Grin e a Yellow também informam que é proibido o uso dos equipamentos por mais de uma pessoa e pede a compreensão dos pais para que não aluguem um equipamento para filhos menores de idade", enfatizam os aplicativos no termo de aluguel. Mesmo assim, não é difícil encontrar crianças circulando com o equipamento nos logradouros públicos da cidade.

A Praça da Espanha é um dos principais pontos de preocupação. O analista de sistemas Juliano Cacheta, 32 anos, é um dos frequentadores que teve de aumentar a atenção com o filho Benício quando vai passear no local com a família justamente por causa das patinetes. “De um mês para cá, tivemos de redobrar a atenção com nosso filho porque houve uma invasão de pessoas andando com patinetes elétricos. Tem gente de todas as idades, incluindo muitas crianças que visivelmente não têm domínio do patinete”, afirma Juliano.

O analista de sistemas afirma que já chegou a presenciar atropelamentos na Praça da Espanha que, por sorte, foram de menor intensidade. “Além da quantidade de patinetes transitando em todos os sentidos, tem muito adulto andando numa velocidade incompatível com o local. Parece pista de corrida”, enfatiza.

Comerciantes do entorno da Praça da Espanha confirmam que o problema se agrava aos sábados à tarde, quando muitos pais permitem que os filhos brinquem com as patinetes.  "Tem uma criançada que fica descendo e passa no meio de todo mundo, cortando pela grama e indo até as ruas às vezes. A gente fica preocupado com o pessoal que está na praça e com as próprias crianças" relata um comerciante da região que prefere não se identificar.

Prefeitura já está estudando pontos de regulamentação para patinetes na capital
Prefeitura já está estudando pontos de regulamentação para patinetes na capital| Hedeson Alves/Gazeta do Povo

Vizinho da Praça da Espanha, o consultor Adalberto Degani defende que os patinetes até podem dividir o mesmo espaço que pedestres, mas desde que todo mundo se respeite. Como não é o que acontece, ele defende que os patinetes sejam proibidos na praça aos sábados e domingos. "Já é tumultuado aqui nas tardes de final de semana, com isso de patinetes fica pior ainda. Uma solução seria construir uma pista ao redor para que o pessoal ande no entorno", sugere Degani.

Quem também sofre são os donos de animais de estimação. A professora de inglês Patricia Araújo até desistiu de passear com sua cachorrinha na Praça da Espanha de tanto tumulto. "Tem bastante criança que utiliza os patinetes. Algumas são tão pequenas que não alcançam nem o guidão", relata. "Agora a gente só vem dia de semana passear, porque no final de semana fica complicado, é muito tumultuado", completa.

Outros locais

No Passeio Público não é diferente. No último final de semana, a Associação de Moradores, Proprietários, Comerciantes e Amigos da Praça Santos Andrade e Passeio Público (Amass) chegou a registrar um acidente entre uma patinete e uma bicicleta envolvendo uma criança. O incidente não foi registrado na Prefeitura, mas há uma reclamação no local de abril à Central 156 de atendimento ao público da prefeitura de Curitiba solicitando uma fiscalização maior sobre o uso dos veículos no local.

| Hedeson Alves/Gazeta do Povo

A principal reclamação por lá envolve patinetes na pista de caminhada, onde é permitida apenas a presença de pedestres. “Um dos relatos diz que, ao reclamar para a Guarda Municipal, foi informado que estavam liberados os veículos. Isto é um absurdo, sem ter regulamentação e pistas apropriadas”, protesta a presidente da Amass, Edeluz Alves.

O que dizem os especialistas

O professor da escola de Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica de Curitiba (PUCPR), Marlos Hardt, diz que os veículos são um grande ganho na mobilidade da cidade, desde que usados com responsabilidade. "Os patinetes incorporam ao sistema de transporte menos poluição, menos transporte individual motorizado e mais bem estar social por conta dos exercícios", aponta.

Porém, o arquiteto alerta aos riscos que o veículo pode trazer. “O patinete tem os mesmos riscos de acidentes que a bicicleta, necessitando de estrutura com lugares adequados para uso”, argumenta. "O patinete é um meio de transporte e, como qualquer outro, pode ter problemas. O poder público tem que fazer os estudos para o uso desse transporte", complementa.

A superintendente de Trânsito de Curitiba, Rosângela Battistella, não nega que há reclamações de patinetes. Mas alega que em alguns parques há áreas delimitadas para uso de bicicletas que podem ser utilizadas pelos patinetes. "Nós já tivemos algumas reclamações. Alguns parques você tem área delimitada para ciclovia, então eles têm procurado utilizar nessas áreas", ressalta. A prefeitura de Curitiba está propondo uma regulamentação sobre o uso das patinetes, na qual quer proibir o uso dos veículos nas calçadas, além de estacionamento exclusivo e multa para os aplicativos que não cumprirem as orientações.

Segurança das crianças

Para a gerente executiva da ONG Criança Segura, que estuda os riscos de acidentes infantis em todo o Brasil, Gabriela Guida de Freitas, todos — família, empresa e poder público — são responsáveis por qualquer acidente que possa ocorrer com uma criança em qualquer tipo de veículo. E a primeira premissa é que os pequenos sempre usem capacete ao usar patinetes.

"Em hipótese alguma a criança deve andar com o veículo sem capacete por causa da velocidade", explica Gabriela. "É uma atividade de lazer, mas com um risco. Por isso os pais e responsáveis têm que ter essa responsabilidade", enfatiza a presidente da ONG.

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