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Estantes de livros na Casa da Leitura Miguel de Cervantes, em Curitiba
Casa da Leitura Miguel de Cervantes, na Praça da Espanha| Foto: Cido Marques/FCC

Dificuldade de acesso a livros não é desculpa para falta de leitura. Inclusive para quem está distante do Centro de Curitiba, onde está a Biblioteca Pública do Paraná, o maior acervo gratuito da capital. Espalhado pelos quatro cantos da cidade está um acervo de mais de 100 mil obras dos mais variados gêneros, distribuído em 17 pontos de diferentes bairros. São as Casas da Leitura, algumas funcionando há décadas não apenas como local para empréstimo de livros, mas para uma série de atividades que buscam aproximar a literatura da população.

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Que tal participar de uma roda de leitura, em que é possível conhecer e debater uma obra? Ou então levar as crianças para ouvir uma história? É vestibulando da Universidade Federal do Paraná (UFPR)? Por que não se aprofundar no estudo das obras que vão cair no próximo processo seletivo? E quem disse que literatura não tem a ver com música, cinema, artes visuais e outras manifestações culturais? Tudo isso faz parte da programação das casas de leitura e pode ser usufruído gratuitamente em pelo menos um ponto das 10 regionais da prefeitura de Curitiba.

“A proposta, além de ser uma biblioteca que funciona como qualquer outra, com acervo para empréstimo e leitura no local, é estar voltada a atividades de incentivo à leitura e escrita literária”, explica Mariane Filipak Torres, coordenadora de Literatura da Fundação Cultural de Curitiba, sobre o funcionamento das Casas de Leitura. Elas estão inseridas no projeto Curitiba Lê, criado em 2010 com um “conjunto de ações de fomento, difusão e formação que visam aumentar quantitativa e qualitativamente os índices de leitura entre crianças, jovens e adultos”.

Segundo Mariane, o carro chefe das casas são as rodas de leitura e contação de histórias, promovidas para públicos de diversas faixas etárias. “São processos simples, mas bastante eficientes como incentivo à leitura”, diz. Mas não é só isso. Entre as atividades oferecidas estão oficinas para formação de mediadores de leitura e criação literária, clubes de leitura, debates e palestras. Muitas delas agendadas com grupos específicos, como escolas, faculdades, Centros de Educação Infantil, associações comunitárias e entidades assistenciais.

Desmistificando a literatura

Uma das unidades mais movimentadas é a Casa da Leitura Wilson Bueno, localizada no Portão Cultural, centro cultural que fica ao lado do Terminal do Portão. O mediador responsável pelo espaço é Alison Freyer, que há sete anos trabalha nas Casas da Leitura. Entre os projetos idealizados e coordenados por ele estão alguns que relacionam obras literárias com filmes e músicas. “Procuro trabalhar principalmente com a arte brasileira. É impressionante como as pessoas conhecem pouco a cultura do nosso país e tendem a não gostar. Mas à medida que elas conhecem, vão descobrindo quanta coisa boa existe e isso vai sendo desmistificado”, diz.

Freyer também é um dos responsáveis por um clube de leitura voltado para os vestibulandos da UFPR. Junto com outros mediadores, eles percorrem as casas de leitura debatendo as obras selecionadas para o vestibular da instituição. “Mais do que ajudar no vestibular, a ideia é que se tire o aspecto negativo da obrigatoriedade de ler um livro. Com essas discussões, podemos usar essa oportunidade e criar uma experiência positiva”, diz.

Outra Casa da Leitura bastante movimentada é a Hilda Hilst, que fica na Rua da Cidadania do Cajuru, próxima ao Terminal do Capão da Imbuia. Segundo Tatiane Phauloz de Moraes, que começou como estagiária e há três anos é mediadora do local, uma média de 25 a 30 pessoas passam pelo espaço todos os dias. “Por ser um local de grande movimento, tem muita gente que passa por aqui e aproveita para ler ou emprestar livros”, conta. O maior movimento, porém, é nos sábados, quando acontecem as rodas de leitura e contação de histórias.

Clássicos e poesia

Pelas casas de leitura da cidade, há diversas experiências que buscam aproximar o público em geral da literatura. Na Casa Augusto Stresser, no Parque São Lourenço, acontece periodicamente o Clube de Leituras Urgentes, em que são selecionadas obras que dialogam com a realidade atual, para os participantes lerem previamente e debaterem nos encontros. Já foram debatidos, por exemplo, A Revolução dos Bichos, Farenheit 451 e O Diário de Anne Frank.

Já na Casa Nair de Macedo, no Guabirotuba, a equipe vem promovendo a Leitura na Praça, em que leem poemas curtos para pessoas que passam próximo ao local, além de depositar textos literários nas caixas de correio das residências. Atividades relacionadas a efemérides, como Dia da Mulher e da Criança, também são frequentes nas Casas da Leitura. Para o mês de junho, algumas vão aproveitar a temática das festas juninas para trabalhar questões relacionadas à cultura popular brasileira.

“Ter um espaço de encontro, poder conversar cara a cara, trocar ideias e fazer reflexões sobre a leitura é algo muito precioso. É isso que temos procurado proporcionar”, diz Mariane Torres. Para Alison Freyer, a experiência vivida por ele nas Casas da Leitura tem sido recompensadora. “Para formar leitores, não basta apenas ter um acervo disponível. As pessoas precisam entender como utilizar esse acervo, compreender que a literatura não é algo intocável, ela faz parte do dia a dia. Acredito que ao tentar construir uma comunidade leitora, nosso esforço tem sido válido.”

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Confira onde estão as 17 Casas da Leitura de Curitiba:

1) Casa da Leitura Dario Vellozo

Av. Paraná 3600 – Rua da Cidadania Boa Vista

Horário: 8h30 às 17h30 (2ª a 6ª)

2) Casa da Leitura Augusto Stresser

R. Mateus Leme, 4700 – Parque São Lourenço

Horário: 8h30 às 12h e 13h às 17h30 (2ª a 6ª); 10h às 16h (sábado)

3) Casa da Leitura Maria Nicolas

R. Santa Bertila Boscardin, 213 – Rua da Cidadania Santa Felicidade

Horário: 8h30 às 17h30 (2ª a 6ª)

4) Casa da Leitura Manoel Carlos Karam

R. Batista Kamz, 453 – Parque Barigui

Horário: 8h30 às 17h30 (2ª a 6ª)

5) Casa da Leitura Miguel de Cervantes

R. Dr. Carlos de Carvalho, 1238 – Praça da Espanha

Horário: 9 às 18h (2ª a 6ª); 10h às 14h (sábado)

6) Bondinho da Leitura

R. XV de Novembro, s/n, esq. Ébano Pereira

Horário: 9 às 18h (2ª a 6ª); 10h às 14h (sábado)

7) Casa da Leitura Hilda Hilst

R. Nivaldo Braga s/n, esq. Av. Prefeito Maurício Fruet – Rua da Cidadania Cajuru

Horário: 8h30 às 17h30 (2ª a 6ª); 11h às 15h (sábado)

8) Casa da Leitura Nair de Macedo

R. da Capitania, 57 – Guabirotuba

Horário: 9 às 18h (2ª a 6ª)

9) Casa da Leitura Wilson Bueno

Av. República Argentina, 3430 – Portão Cultural

Horário: 10h às 19h (3ª a sábado)

10) Casa da Leitura Jamil Snege

Rua Carlos Klemtz, s/n – Rua da Cidadania Fazendinha

Horário: 8h30 às 17h30 (2ª a 6ª)

11) Casa da Leitura Laura Santos

R. Olivardo Konoroski Bueno, s/n – Tatuquara

Horário: 8h às 17h (2ª a 6ª)

12) Casa da Leitura Paulo Leminski

R. Padre Gaston, s/n – CIC

Horário: 8h30 às 17h30 (2ª a 6ª)

13) Casa da Leitura Osman Lins

R. Winston Churchill, 2033 – Rua da Cidadania Pinheirinho

Horário: 8h30 às 17h30 (2ª a 6ª)

14) Casa da Leitura Walmor Marcelino

R. Lupionópolis, s/n – Vila Tecnológica casa 12 – Sítio Cercado

Horário: 8h30 às 17h30 (2ª a 6ª)

15) Casa da Leitura Wilson Martins

Av. Marechal Floriano Peixoto, 8430 – Rua da Cidadania Boqueirão

Horário: 8h30 às 17h30 (2ª a 6ª)

16) Casa da Leitura Marcos Prado

R. Pastor Antônio Polito, 2200 – Alto Boqueirão

Horário: 9 às 18h (2ª a 5ª); 8h30 às 17h30 (6ª)

17) Casa Kozák

R. Padre Júlio Saavedra, 588 – Uberaba

Horário: 9h30 às 17h30 (2ª a 6ª)

A programação dos espaços pode ser encontrada no site www.fundacaoculturaldecuritiba.com.br

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