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Treinamento da equipe de robótica da Escola Municipal Maria Clara Brandão Tesserolli, no Novo Mundo
Treinamento da equipe de robótica da Escola Municipal Maria Clara Brandão Tesserolli, no Novo Mundo| Foto: JONATHAN CAMPOS/GAZETA DO POVO

A Escola Municipal Maria Clara Brandão Tesserolli, no bairro Novo Mundo, em Curitiba, está em festa. A equipe de robótica Tera Maniacs venceu a etapa estadual da Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR), disputada em 17 de agosto, e se classificou para a etapa nacional da competição, em outubro, no Rio Grande do Sul. A escola desenvolve o projeto desde o ano passado. Iniciado a partir de uma rifa, a equipe tinha dois equipamentos contra dez dos concorrentes.

A equipe vencedora é formada por três alunos: Bianca Marcela da Cruz Cordeiro, de 13 anos, Camille Hallal da Luz, de 12, e Guilherme Lopes Hahn, de 13 anos. Todos são orientados pela professora Karen Cristine Uaska dos Santos Couceiro. Além do trio, a escola tem cerca de 30 crianças de 11 a 14 anos envolvidas no projeto.

Equipe venceu a etapa estadual e se classificou para a Olimpíada Nacional de Robótica, que será disputada em outubro no Rio Grande do Sul
Equipe venceu a etapa estadual e se classificou para a Olimpíada Nacional de Robótica, que será disputada em outubro no Rio Grande do Sul| JONATHAN CAMPOS/GAZETA DO POVO

Uma vez por semana, os alunos ficam na escola durante o período da tarde e realizam treinamentos com o foco na fase nacional. Na sala de aula, o que se destaca é a autonomia dos alunos. “Eu só fico olhando e ajudo uma vez ou outra, eles que programam e arrumam tudo, até porque na competição é assim”, comenta a professora. Isso impulsiona os adolescentes dentro do projeto “É muito legal a gente sentir que consegue fazer as coisas sozinhos”, ressalta Camille.

Para os alunos, a oportunidade é única e oposta ao que os adolescentes pensavam em fazer na escola. “É uma experiência completamente diferente, nunca imaginei estar programando e trabalhando com robôs”, confessa Bianca. Já Guilherme valoriza os contatos que fez por meio da atividade. “É bem legal ter contato com várias pessoas que trabalham com a mesma coisa que você”, conta o estudante.

A vitória da equipe da Maria Clara Brandão Tesserolli vem quase dois meses depois de outra escola municipal se destacar com um projeto de robótica. Em junho, a equipe Conectados, da Escola Municipal Coronel Durival Britto e Silva, do bairro Cajuru, conquistou o terceiro lugar em uma das categorias do First Lego League (FLL), torneio internacional de ciências patrocinado pela multinacional de brinquedos Lego, disputada em 2019 em Beirute, no Líbano.

Treinamento da equipe de robótica da Escola Municipal Maria Clara Brandão Tesserolli, no Novo Mundo, que venceu a etapa estadual e se classificou para a Olimpíada Nacional de Robótica, que será disputada em outubro no Rio Grande do Sul.
Treinamento da equipe de robótica da Escola Municipal Maria Clara Brandão Tesserolli, no Novo Mundo, que venceu a etapa estadual e se classificou para a Olimpíada Nacional de Robótica, que será disputada em outubro no Rio Grande do Sul.| JONATHAN CAMPOS/GAZETA DO POVO

O projeto

A vaga para a etapa nacional contempla um projeto que começou em 2018 e contou com a colaboração da comunidade para ser iniciado. “A gente conseguiu comprar o nosso primeiro kit por rifa. A escola toda participou e nós montamos uma cesta”, relata Karen. Basicamente, o kit é composto por um robô, bateria, carregador e peças para reposição.

A dificuldade não foi exclusiva dos primeiros dias da equipe. “No dia dos pais, eu peguei dois sons do meu marido que estavam parados lá e peguei para rifar, para conseguir dinheiro para o projeto. A gente faz tudo com a ajuda de professores e comunidade”, destaca.

Para vencer, a equipe, além de encarar os desafios do torneio, precisou ultrapassar as barreiras estruturais. A competição é disputada por escolas particulares e públicas, o que coloca frente a frente diferentes de recursos. Um kit de robótica, por exemplo, custa mais de R$ 3 mil. “Nas escolas particulares, os alunos pagam para participarem das equipes. Enquanto eles tinham 10 kits, nós tínhamos apenas dois na época da competição, agora recebemos mais dois da prefeitura”, conta Karen.

A competição

No torneio, as equipes precisam programar um robô, para que percorra uma pista três vezes com obstáculos e desafios. Quaisquer erros ou problemas são resolvidos pelos alunos na hora. Na OBR, houve uma etapa regional, na qual 15 escolas de Curitiba e região se classificaram para a etapa estadual, que contou com mais de 35 equipes de todo o Paraná.

Cada bateria contém um desafio surpresa, que é passado alguns minutos antes da competição. A pontuação é feita de acordo como for o desempenho na pista. O pior índice é descartado e os outros são somados para o resultado final. A equipe tem cinco minutos para conseguir percorrer o trajeto.

Treinamento da equipe de robótica da Escola Municipal Maria Clara Brandão Tesserolli, no Novo Mundo, que venceu a etapa estadual e se classificou para a Olimpíada Nacional de Robótica, que será disputada em outubro no Rio Grande do Sul.
Treinamento da equipe de robótica da Escola Municipal Maria Clara Brandão Tesserolli, no Novo Mundo, que venceu a etapa estadual e se classificou para a Olimpíada Nacional de Robótica, que será disputada em outubro no Rio Grande do Sul.| JONATHAN CAMPOS/GAZETA DO POVO

No caso da Tera Maniacs, a primeira bateria teve a pontuação 85, que é considerada baixa. Na segunda, um 185, que é algo mediano. Na última, a grande surpresa: 325 pontos, uma performance quase perfeita. “Eu só acreditei quando apareceu no telão”, recorda Guilherme. A pontuação espantou até quem acompanhava o torneio. “Eu conversei com professores e juízes, ninguém esperava uma marca tão alta”, destaca a professora.

O desempenho fez com que a equipe vencesse a etapa e se classificasse. Na tabela final, a pontuação ficou em 510 pontos, 35 a mais em relação ao segundo colocado.

A partir daí a comemoração estava liberada. Depois, a festa foi com os familiares. “Meu pai trabalha na área de informática e contou para todo mundo”, comenta Camille. Há familiares que já estão querendo se escalar para a viagem à etapa nacional. “Minha mãe falou que ia junto, mas a viagem é só para mim agora”, brincou Bianca.

Agora a meta da equipe é a conquista da etapa nacional da OBR, que será disputada entre os dias 22 e 26 de outubro, na cidade de Rio Grande, no Rio Grande do Sul.

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