• Carregando...
 | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Duas curitibanas, de 13 e 14 anos, criaram um aplicativo de smartphone para ajudar mulheres em casos de assédio sexual dentro de ônibus. O dispositivo foi chamado de “SOS People” e funciona como sirene e rastreador, enviando a localização da vítima para seus familiares e possibilitando – por meio de GPS - o acompanhamento de sua localização em tempo real, para que seja resgatada em caso de necessidade.

Lara Matesith do Prado, 13, e Eduarda Mathias Rossi, 14, são estudantes do Colégio Positivo Junior, no bairro Mercês, e apresentaram a novidade na “Mostra de Soluções para uma Vida Melhor”, que aconteceu em 30 de setembro na escola. Esse evento ocorre anualmente na instituição para incentivar estudantes a desenvolverem pesquisas com relevância social e que tragam benefícios à sociedade. O protótipo apresentado pelas adolescentes chamou a atenção do colégio e elas receberão apoio dos técnicos da Positivo Informática para aprimorar o projeto.

De acordo com as estudantes, a ideia surgiu durante o período de pesquisa para definir o tema que seria apresentado na Mostra. “Nós queríamos um assunto polêmico com cunho cientifico e social, e percebemos um aumento significativo nos assédios sexuais dentro dos ônibus, não só em Curitiba, mas em todo o Brasil”, disse.

No mês de setembro, por exemplo, foram registrados ao menos três casos na capital paranaense. O primeiro ocorreu dia 8, quando um homem foi detido pela Polícia Militar depois de ser denunciado em um ônibus da linha Santa Cândida-Capão Raso. Cinco dias depois (13), a Guarda Municipal prendeu outro suspeito de assediar sexualmente uma passageira no expresso da linha Pinhais-Campo Comprido. Já no dia 20, um homem de 58 anos foi detido por um fiscal da Urbs e um vigilante no Terminal da Barreirinha pelo mesmo motivo.

A dupla, então, decidiu fazer algo para ajudar. “Não costumamos andar de ônibus e nunca fomos assediadas, mas descobrimos que a situação é muito mais comum do que imaginávamos, pois apenas 1% das vítimas denunciam”, afirmam as garotas.

Para entender a situação, elas visitaram a Delegacia da Mulher e também entrevistaram diversas passageiras do transporte coletivo de Curitiba. “Percebemos que muitas mulheres já foram vítimas ou presenciaram alguma situação de assédio. Também descobrimos que elas usariam um dispositivo que as ajudasse, se tivessem acesso”.

O dispositivo

Por isso, sob a orientação da professora Claudia Morgenstern e com o auxílio de um vizinho que desenvolve apps, as jovens criaram o protótipo do aplicativo SOS People (Sua Omissão não Salva Pessoas).

De acordo com a professora, esse aplicativo é conectado a um botão, que pode ficar escondido no bolso da jaqueta ou na alça do sutiã, por exemplo. “Quando a mulher apertar esse dispositivo uma vez, o celular emitirá um alerta sonoro para assustar o meliante e ainda enviará uma mensagem para parentes e amigos cadastrados com um pedido de ajuda e a localização da vítima naquele momento”, explica.

Além disso, quando a vítima apertar o botão duas vezes, o dispositivo enviará a mensagem silenciosamente e ainda apresentará a localização da mulher em tempo real. “Isso pode ser utilizado até em casos de sequestro”, exemplifica Claudia.

Segundo ela, a ideia inicial do projeto era enviar imediatamente os dados para a polícia. No entanto, o dispositivo poderia ser utilizado por pessoas mal intencionadas que desejassem despistar o serviço policial com um alarme falso. “Por isso, decidimos optar pelo cadastro de pessoas de confiança e, futuramente, a ideia é aperfeiçoar o botão para que ele também grave áudio e filme a ação, auxiliando na prisão em flagrante de suspeitos”.

Divulgação

Lara e Eduarda estão animadas com o resultado do protótipo e já se preparam para apresentar a novidade em feiras estudantis de diferentes lugares do Brasil. “Queremos levar a ideia adiante, então vamos para uma feira no Rio Grande Sul, outra em Minas gerais e queremos participar da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia, na Universidade de São Paulo (USP)”, adiantam.

Além disso, o objetivo das estudantes é que, futuramente, o aplicativo seja disponibilizado gratuitamente em todas as plataformas digitais e que o botão seja alugado por um valor mensal de aproximadamente R$ 15. “Nosso objetivo é que seja acessível a todos”.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]