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Explosão em apartamento do Água Verde
Explosão em incêndio em apartamento no bairro Água Verde em Curitiba.| Foto: Atila Alberti/Tribuna do Paraná

A empresa que executava o serviço de impermeabilização em um apartamento que explodiu no último sábado (29) no bairro Água Verde, em Curitiba, só solicitou alvará comercial para a prefeitura segunda-feira (1º.), dois dias após o acidente. O acidente vitimou um menino de 11 anos, arremessado para fora do apartamento pela explosão, e mais três pessoas que seguem internadas no Hospital Evangélico Mackenzie, duas em estado grave.

Até então, segundo a própria administração municipal, a Impeseg, tal como o endereço identificado pela empresa na internet, não existia oficialmente para a Secretaria Municipal de Urbanismo (SMU), que controla a emissão de cadastros técnicos no município. Além disso, o estabelecimento também não tinha autorização da Polícia Civil, que é expedida pela Delegacia de Armas e Munições (Deam) para manejo e armazenamento dos produtos impermeabilizantes.

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De acordo com a prefeitura, o pedido protocolado nesta segunda-feira se refere a um alvará comercial de um escritório administrativo no endereço que a Impeseg indica na internet, na rua Narciso Mendes, 520, no bairro Xaxim. Da mesma forma, essa categoria não permite o armazenamento de produtos usados para higienização e impermeabilização.

Embora o pedido indique o endereço que a Impeseg apresenta na internet, não há indicação do nome Impeseg. Ele foi feito em nome de Bruna Formankuevisky Lima Porto Correa, que já tinha alvará comercial na Secretaria Municipal de Urbanismo com uma empresa de nome KZR Cuidados Automotivos, cujos serviços oferecidos são limpeza em prédios e em domicílios e reparação de artigos de mobiliários, incluindo impermeabilizações. No entanto, conforme a prefeitura, o alvará da KZR também não engloba a permissão de armazenamento das soluções químicas usadas para as atividades descritas.

Além disso, a Impeseg também não tinha autorização da Delegacia de Armas e Munições (Deam) para manipular a armazenar o produto usado na impermeabilização. A confirmação foi repassada pela própria especializada nesta terça-feira (2), em paralelo ao andamento das investigações sobre a explosão.

Procurado, o advogado Roberto Brzezinski, que defende Bruna e o marido - que nesta tarde compareceram à Deam para prestar depoimento - disse que, por enquanto, não tem autorização para falar sobre o caso.

Em geral, os impermeabilizantes, que formam uma espécie de camada repelente sobre a superfície em que são aplicados, são compostos conhecidos como perfluorados, altamente inflamáveis e, por isso, de comércio, transporte e emprego dependentes de regulamentação. No Paraná, a liberação de uso e a fiscalização ficam a cargo tanto da Deam como do município como do Corpo de Bombeiros - que ainda não respondeu se o estabelecimento está de acordo com as normas específicas da corporação.

"A utilização do produto tem que ser autorizada porque se trata de um produto inflamável e, portanto, controlado. Quem compra, quem vende, quem usa precisa das autorizações", afirmou o delegado da Deam, Adriano Chohfi.

Impermeabilizante foi causa do acidente

Para a Polícia Civil, embora o laudo pericial só fique pronto em cerca de 30 dias, já é certo que o uso do impermeabilizante foi a causa do acidente. No entanto, a delegacia também não descarta a possibilidade de relação com o sistema de gás que abastece o prédio.

Na tarde desta terça-feira (2), a polícia ouviu pela primeira vez o casal proprietário da empresa que executava o serviço. Até então, apenas o advogado dos empresários compareceu à unidade especializada. "O que o advogado nos disse é que se trata de uma empresa pequena e que os próprios donos estão bem assustados com isso tudo, que eles sempre tomaram todas as cautelas e que o funcionário que estava no apartamento é bem experiente", adiantou o delegado.

Conforme informações já apuradas para o inquérito, o técnico de impermeabilização deslocado para executar o serviço, Caio Santos, de 30 anos, trabalhava há cerca de dois anos na empresa e já tinha feito mais de cem vezes o mesmo procedimento. Ele é um dos que socorridos em estado grave, assim como a moradora do apartamento, Raquel Lamb, de 23 anos. Irmã do menino que morreu, Raquel teve 55% do corpo queimado. Santos sofreu queimaduras por 65% do corpo. O marido de Raquel, Gabriel Araújo, também teve queimaduras, mas já deixou a Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

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