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 | Arquivo da família/
| Foto: Arquivo da família/

O equilíbrio entre a seriedade e a gentileza. Fábio Luiz dos Santos, morto em outubro aos 59 anos, era definido assim pelos colegas da Justiça Federal do Paraná, onde trabalhava havia 35 anos como supervisor da Seção de Segurança. Por ser responsável por garantir a proteção dos servidores e magistrados, cuidar de praticamente todas as ações de segurança no local e pela dedicação ao cargo, Fabião, como era conhecido, era a cara da Justiça Federal.

Quando estava sendo organizada alguma audiência, depoimento ou evento especial, era Fábio a primeira pessoa a chegar no local e estudar com cuidado as possibilidades estruturais em relação à segurança a fim de medir o aparato que precisaria levantar para que todos os envolvidos realizassem seus afazeres sem correr qualquer perigo. Quando ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), como Edson Fachin ou Gilmar Mendes, vinham para Curitiba, era a ele que recorriam, já que era encarregado de toda a estratégia não só de segurança, mas de transporte dos magistrados. Estava sempre presente no cumprimento de mandados em regiões de risco e quando as atividades de juízes e servidores apresentavam maior risco ou necessidade de proteção reforçada.

No período em que a sede da Justiça Federal em Curitiba, no bairro Santa Cândida, se tornou o segundo lar de muitos jornalistas que cobriam a Operação Lava Jato, não foi só entre si que o grupo de profissionais da mídia estreitou laços. Fabião virou companheiro de muitos cinegrafistas e fotógrafos que passavam horas à espera de notícia recém-saída do forno. Após seu falecimento, muitos dos que acompanhavam essa rotina lamentaram sua morte e lembraram da delicada imposição de respeito que ele praticava no trabalho.

“Ele mostrava que não precisa deixar de ser decente, educado e amoroso para que você exerça seu papel. Equilibrava o lado da seriedade e da distância com o da proximidade do cuidado e da gentileza. Foi um paizão para muita gente, ouvia e dava conselhos com base na sua grande experiência de vida”, relembra a jornalista Christianne Machiavelli, ex-assessora de imprensa da Justiça Federal na cidade. Em um período em que todas as atenções estavam voltadas para Curitiba, Fábio cumpriu sua função de extrema confiança com desempenho que lhe rendia elogios pelo país todo, fazendo com que a equipe fosse considerada uma das melhores do Brasil.

Mas nem só de trabalho vivia Fabião, que não perdia um jogo do seu time do coração, o Coritiba – ou mesmo do Paraná, clube com o qual também era envolvido – e passava os horários de almoço lendo as páginas esportivas de jornais locais. Além disso, nas horas vagas não dispensava um bom jogo de cartas ou a companhia da família e dos cachorros.

Participou de momentos marcantes da história da JFPR – fez parte da maior fatia da história dela, desde a reinstalação, há 50 anos – como a greve do servidores do Judiciário em 2015 e o depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Curitiba. Os colegas brincavam que era possível escrever um livro com tudo o que Fabião já havia vivido e visto na Justiça. Discreto e prezando sempre pela imagem de quem ele assegurava a segurança, ria e desconversava.

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