
Maria deixou para trás seu lar. Não por vontade própria. Aos 17 anos, foi capturada por dois soldados alemães em uma pequena aldeia da Ucrânia, durante a Segunda Guerra Mundial, e enviada para trabalhos forçados na Alemanha. Uma lágrima sempre teimava em cair quando a nonagenária se recordava daquele dia, quando saiu de casa para fazer uma compra, vestida com uma saia preta e uma blusa rosa, e acabou deixando sua história para trás. Nunca mais voltou a reencontrar seus pais e irmãos.
A partir dessa data, foram quatro anos convivendo com os horrores da guerra, entremeados com fatos mais felizes, como o casamento com Josef em meio ao caos de uma Europa destruída, da saída da Alemanha e da chegada ao Brasil. Tinha um sentimento de gratidão pelo país que a tinha acolhido, juntamente com tantos outros nas mesmas condições. No entanto, nunca esqueceu da sua casa e das suas origens.
No navio do Exército americano, saído do porto de Nápoles (Itália), Maria e Josef eram apenas um dos casais em busca de uma vida com mais esperanças. No pequeno baú de madeira de cor azul, feito pelas mãos do marido, a ucraniana trouxe seus poucos pertences: panelas, peças de roupa e pequenos objetos. Nada mais. Foram dias árduos. Ela trabalhava na lavanderia; ele, na segurança do navio. Os trocados serviram para trazer um pouco de segurança para a chegada a um país desconhecido. No porto do Rio, os Graneczko uniram-se a tantos outros casais que seguiam para a Região Sul do país e as lavouras. Chegaram a Ponta Grossa (Campos Gerais), mas não ficaram muito tempo. Lavoura não era o metier de Josef, músico e maestro na Polônia, antes da guerra.
Muitos dos migrantes dedicaram-se às construções, como do Teatro Guaíra e da Praça Osório. Enquanto o marido era afinador na pequena oficina dedicada à manutenção de instrumentos musicais, Maria buscava formas de encontrar trabalho para quem vinha chegando do além-mar. E assim as tristezas foram suavizando. Nos anos 60, as economias deram a chance de comprar seu chão. Orgulhosamente, Maria construiu sua casa na Rua Jerônimo Durski, no Bigorrilho.
E nesse espaço só seu, pela primeira vez, deliciava-se com a vista das janelas e do quintal do fundo, que lhe permitia plantar sua horta. Sem a família ascendente veio a saber notícias dela somente 30 anos após estar no Brasil, por intermédio da Cruz Vermelha , todos os migrantes faziam parte de sua família. E eram muitos, comadres e compadres que também viram suas famílias dizimadas ou separadas durante a guerra. Os mutirões de construções entre amigos se multiplicavam. Enquanto os homens lidavam com pregos, madeira e cimento, as mulheres cuidavam da cozinha.
Mas não era só o dom da culinária uma das marcas de Maria. Sabia fazer como ninguém um perohê, um pão feito em casa, geleia e cuca. Sem contar o bordado ucraniano em almofadas. As pequenas peças serviam para presentear. A única neta, Mariana, recorda-se das vezes em que presenciou inúmeras visitas que pediam para a avó escrever cartas ou traduzir outras tantas escritas em ucraniano, polonês ou alemão. E, nesses momentos, a lágrima corria de saudades. E as lembranças vinham, de forma que, um dia, Mariana recebeu escrever para perpetuá-las. Nesses momentos, Maria lembrava: "minha vida daria um livro". Maria morreu um dia antes de completar 91 anos e, ao ser lembrada da data, sorriu: "Amanhã vou para casa". Deixa um filho, a neta Mariana e todos os amigos que considerava como irmãos.
Dia 19 de junho, aos 90 anos, de câncer.
Agenor Cristofolini, 67 anos. Profissão: agricultor. Filiação: Heitor Cristofolini e Ana Cristofolini. Sepultamento às 10 h, Universal Necrópole Ecumênica Vertical, saindo de Vertical.
Albertina Moreira de Oliveira, 77 anos. Profissão: do lar. Filiação: Petronio Moreira e Zulmira Caldeira. Sepultamento às 10 h, Cemitério Jardim da Colina (Colombo), saindo de Comunidade Evangélicaélica no Bairro Jardim Jorgina em Colombo -PR.
Anizio Rodrigues, 80 anos. Profissão: mecânico. Filiação: Olímpio Rodrigues e Maria Franca. Sepultamento ontem.
Aparecido Cardoso de Moura, 56 anos. Profissão: autônomo. Filiação: Ana Cardoso de Moura. Sepultamento ontem.
Bruno Rodrigo Bonato, 18 anos. Profissão: operador(a) máquinas. Filiação: Adriane Bonato. Sepultamento ontem.
Claudineia Aparecida de Paula, 35 anos. Profissão: do lar. Filiação: Valdemiro Ribeiro de Paula e Maria Sebastiana de Paula. Sepultamento às 17 h, em local a definir, saindo da Capela Municipal de Imbituva.
Cláudio Tiblier, 75 anos. Profissão: pedreiro. Filiação: Francisco Tiblier e Izaira Fagundes Tiblier. Sepultamento ontem.
Florentina Gelbecke, 74 anos. Profissão: do lar. Filiação: Alfredo Henning e Albina Henning. Sepultamento ontem.
Francisca Mozart da Silva, 90 anos. Profissão: doméstica. Filiação: Manoel da Silva e Maria Mozar da Silva. Sepultamento ontem.
Francisco Lirias Aznar, 79 anos. Profissão: mecânico. Filiação: Francisco Lirias Herrero e Manuela Aznar Navarro. Sepultamento ontem.
Henrique Friesen, 90 anos. Profissão: autônomo. Filiação: Bernardo Friesen e Maria Friesen. Sepultamento às 15 h, Municipal do Boqueirão, saindo de Menonita de Curitiba-Boqueirão.
Hugo Simas, 56 anos. Profissão: comerciante. Filiação: Luiz Gonzaga Simas e Ivany Schmidt Simas. Sepultamento ontem.
João Moreira de Almeida, 58 anos. Profissão: autônomo. Filiação: Octávio Moreira de Almeida e Natália dos Santos de Almeida. Sepultamento ontem.
José Adalberto dos Santos Júnior, 37 anos. Profissão: comerciante. Filiação: José Adalberto dos Santos e Lurceia Guimarães Rodrigues dos Santos. Sepultamento ontem.
José Barbosa Oliveira, 63 anos. Profissão: engenheiro(a) eletrônico. Filiação: João Maria da Cunha Oliveira e Isaura Maria Barbosa. Sepultamento ontem.
José Donizeti Vitor, 57 anos. Profissão: motorista. Filiação: Joaquim Victor e Izabel Custodia Carneiro Victor. Sepultamento às 10 h, Parque Senhor do Bonfim (S.j.dos Pinhais), saindo da Capela Vaticano - Esmeralda.
Júlia Alves Seixas, 81 anos. Profissão: costureiro(a). Filiação: José Alves Seixas e Antônia Baptista Dinis. Sepultamento ontem.
Kimi Yamamoto, 71 anos. Profissão: do lar. Filiação: Maganori Yamamoto e Tomiko Yamamoto. Sepultamento ontem.
Lauro Machado, 76 anos. Profissão: outros. Filiação: Norvalino Machado e Emília de Campos Machado. Sepultamento ontem.
Maria Ribeiro de Oliveira, 70 anos. Profissão: auxiliar serviços gerais. Filiação: João Ribeiro e Maria Rita de Sousa. Sepultamento ontem.
Maria de Lourdes Jungles de Oliveira, 73 anos. Profissão: do lar. Filiação: Laudelino Jungles Gonçalves e Amélia Simões de Oliveira Gonçalves. Sepultamento às 10 h, Universal Necrópole Ecumênica Vertical, saindo de Vertical.
Miguel Baliski, 59 anos. Profissão: pedreiro. Filiação: José Baliski e Amélia Robak Baliski. Sepultamento ontem.
Osman Barcik, 84 anos. Profissão: medidor(a). Filiação: Guilherme Barcik e Alzira Barcik. Sepultamento ontem.
Saihmon Gonçalves Afonso, 21 anos. Profissão: auxiliar expedição. Filiação: Oneil Gonçalves Afonso e Elisete Borm Afonso. Sepultamento ontem.
Samoel Vieira Lopes, 44 anos. Profissão: auxiliar administrativo. Filiação: Josino Vieira Lopes e Inêz do Nascimento Lopes. Sepultamento ontem.
Sebastião Machado, 83 anos. Profissão: porteiro(a). Filiação: José de Almeida Machado e Maria Esmeria dos Santos. Sepultamento ontem.
Selsior Nasario, 55 anos. Profissão: técnico manutenção. Filiação: José Jung Nasario e Ramancilda Madella. Sepultamento ontem.
Sidney de Oliveira, 41 anos. Profissão: autônomo. Filiação: José Batista de Oliveira e Maria Alice Ribeiro de Oliveira. Sepultamento ontem.
Umbelina Santa Ana, 73 anos. Profissão: do lar. Filiação: Florêncio Alves Santa Ana e Mercedes Santa Ana. Sepultamento ontem.
Valdemir Barreto dos Santos, 30 anos. Profissão: preparador(a) matéria-prima. Filiação: Edvaldo Barreto dos Santos e Gelma Barbosa dos Santos. Sepultamento ontem.
Valdir Marcelino da Silva, 49 anos. Profissão: motorista. Filiação: Pedro Honório da Silva e Victa de Salles da Silva. Sepultamento ontem.
Vitalino Ferla, 75 anos. Profissão: comerciante. Filiação: José Ferla e Maria Ferla. Sepultamento ontem.