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Amazonas Deodato Sampaio: a alegria com suas milongas
| Foto: Arquivo da família

Fosse em cima de um caminhão, animando o Carnaval de Jaguariaíva (PR) ou sentado em um banco de praça com a gaita em punho, tendo como ouvintes os conhecidos que passavam pelo local, a vida de Amazonas Deodato Sampaio, mais conhecido como Dioda, foi dedicada a levar melodias e acordes para a cidade. Morto no dia 02 de agosto, aos 83 anos, teve diversas profissões – de primeiro taxista da cidade a criador de animais e açougueiro –, mas sua dedicação mais intensa sempre foi à música.

Nascido em uma família em que as notas musicais circulavam pelas veias junto com o sangue, pois o pai tocava acordeon e a mãe cantava, sua trilha musical não poderia ser diferente. Aos 10 anos, tocou os primeiros acordes após ouvir o som do acordeon pelos dedos do pai. Mais tarde, a mãe o presenteou com uma sanfona, instrumento que não tardou a ser domado por Dioda.

Ainda menores de idade, ele e a irmã passaram a frequentar rádios da região apresentando sua música. Ele tocando e ela cantando. Mais tarde, depois de adquirir mais experiência em festas e bailes de candeeiro, Dioda mergulhou no mundo do circo, ajudando a criar o mágico cenário instrumental de espetáculos de Mazzaropi, Cascatinha e Inhanha, entre outros. Foi tentado a estender as viagens com o circo para mais longe do que os municípios dos Campos Gerais e Norte do Paraná, mas ficou para cuidar da saúde da mãe, que acabou falecendo em 1957.

Tocando acordeon de teclado, gaita de botão, violão e contrabaixo, sempre havia lugar para ele nos grupos variados da cidade dos quais foi integrante. Eles faziam a alegria das festas, casamentos, aniversários e carnavais tocando boleros, valsas, MPB e clássicos de artistas conhecidos que iam de Tetê Espíndola e Fafá de Belém a Alcione e Sérgio Reis. Dioda também adorava fazer serenatas para homenagear pessoas da cidade, especialmente em aniversários.

Em 1962, casou-se com Maria Ida Cleto e teve três filhos, que seriam seus companheiros na música. Em 1975, formou o conjunto Milongueiros do Senhor Bom Jesus. O nome teve origem da junção de dois aspectos da vida que ele gostava muito: o estilo musical milonga e o Senhor Bom Jesus da Pedra Fria, padroeiro de Jaguariaíva. Devoto, não faltava a uma missa para tocar na igreja junto com a família.

Os Sampaio moram na avenida principal da cidade, e a frente da casa virava atração na época natalina, quando Dioda instalava seu caminhão na entrada e o fazia de palco para entoar melodias de Natal. Tinha até figurino feito pela cunhada. Os integrantes do grupo ficavam todos de vermelho, com roupas de babado branco e touquinhas de Papai Noel.

Dioda não era de muito papo, sempre usou a música como sua principal forma de expressão, mas quando decidia começar a contar histórias era riso certo. “Mesmo sendo uma pessoa mais reservada, quando ele dava de contar os causos dele, a gente chorava de rir”, conta a neta Francielly Sampaio Baitala de Oliveira que, seguindo os passos da família musical na qual nasceu, também canta.

Amazonas Sampaio deixa esposa, três filhos e cinco netos.

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