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Joaquim José Bittencourt Monteiro: paixão por automobilismo e cães
| Foto: Arquivo da família

O tec-tec-tec dos dedos batendo nas teclas da máquina de escrever era tão constante na casa do jornalista Joaquim José Bittencourt Monteiro quanto a presença dele mesmo. Falecido no dia 22 de setembro, aos 83 anos, vítima de problemas pulmonares, ele dedicou a vida ao jornalismo e ao exercício da escrita.

Apesar de também ter frequentado outras editorias dentro do jornalismo, como política, foi na cobertura do automobilismo que ele se encontrou. Quase toda a carreira, até sua aposentadoria, nos anos 1990, foi dedicada ao caderno de automóveis da Gazeta do Povo, do qual foi repórter e editor. Passou por coberturas de corridas, entrevistas com pilotos famosos - entre eles Rubens Barrichello e Ayrton Senna - e inúmeros lançamentos de carros. Por conta disso, se tornou íntimo não só da mecânica das quatro rodas, como também do meio automobilístico.

Assim como a imensa maioria dos brasileiros que acompanhou a trajetória vitoriosa de Senna, tinha fascinação pelo piloto. Além da Fórmula 1, adorava cobrir a Stock Car e outras modalidades que envolvessem velocidade. Um dos repórteres que trabalhou com ele se tornou seu melhor amigo. Era Toni Vinhas Pohl, também já falecido, com quem Joaquim dividia o gosto por carros. Por meio do ofício jornalístico, Bittencourt – como era chamado pelos colegas – lotou o passaporte de carimbos demarcando as viagens pelo mundo que fez em coberturas e reportagens.

Porém, a paixão por alguns lugares veio de experiências pessoais. É o caso de Paris, sua cidade preferida no mundo. Cheio de estilo, gostava de sentar em cafés da Champs-Élysées, glamourosa avenida da capital francesa, para degustar a bebida quente, fumar um cigarro e sentir em estado puro o clima parisiense.

Depois de aposentado, sua maior dedicação eram os cachorros, em especial o educado labrador Taz. Os animais iam além de uma companhia, e fizeram com que Jota – como Joaquim era chamado pela família e amigos mais íntimos – se tornasse quase um ativista pelos direitos dos bichos. “Ele tratava como se fossem pessoas”, conta a amiga Christiane Berger. Nas vezes em que teve sítio, preencheu o local com cavalos, vacas, porcos, cachorros e até tartaruga. “A terapia dele era estar com animais, cuidava muito bem e dava carinho”, completa ela.

A relação quase que paterna que Joaquim tinha com Toni se estendeu à Christiane, que foi casada com o segundo. Isso se refletia em atos, pois ela conta, por exemplo, que seu anel de formada em Medicina foi Jota quem presenteou.

Na casa dele, impressionava a quantidade de pinturas e outras obras de arte. “Quase não dava para ver as paredes”, brinca Christiane. O estilo variava. Tinha de tudo, paisagens, arte contemporânea, gravuras e réplicas. Sua biblioteca também chamava a atenção. Ali havia exemplares para todos os gostos, e ninguém que apreciasse uma boa leitura saía passando vontade.

Mesmo fora das redações, sempre se manteve por dentro das notícias. Era o tipo de pessoa que conseguia conversar sobre qualquer assunto de forma delicada, sem impor seu conhecimento. “Ele era muito inteligente, comprometido e até meio debochado, pois sempre via graça nas coisas”, relembra Christiane.

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