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Denise Maria Maia, professora da UFPR, foi uma das vítimas da Covid-19.
Denise Maria Maia, professora da UFPR, foi uma das vítimas da Covid-19.| Foto: Arquivo pessoal

De um modo natural, a consciência social e a luta por um mundo mais justo permearam a trajetória de Denise Maria Maia, falecida no dia 14 de dezembro de 2020, aos 67 anos, vítima de Covid-19. Professora do Departamento de Economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e tesoureira da Associação dos Professores da UFPR (APUF-PR), sua atuação profissional foi multidisciplinar e focada em uma educação construtiva, que levasse os estudantes a serem sensíveis às mudanças necessárias na realidade do mundo.

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Graduada pela UFPR em Ciências Econômicas, fez mestrado em Desenvolvimento Econômico pela mesma universidade e tornou-se doutora em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Docente da UFPR desde os anos 1980, há poucos meses havia conquistado a posição de professora titular. A atenção aos estudantes da graduação saltava aos olhos de quem convivia e trabalhava com ela. “Qualquer um que chegasse à sala dela era bem recebido, mesmo que estivesse sem muito tempo. Era doce e firme ao mesmo tempo”, descreve a amiga e colega na docência, Raquel Guimarães.

A atuação extraclasse era ampla, fazia parte de diversos projetos de extensão. Foi uma das fundadoras do Núcleo de Estudos em Economia Social e Demografia Econômica da UFPR (Nesde). Ciente de que apesar de estar em uma área com a presença profissional de muitas mulheres, elas ainda não ocupam tantos cargos de liderança em empresas; por esse motivo, formou com outras colegas e estudantes o Coletivo Daisy. Com o objetivo de sensibilizar as integrantes do Setor de Ciências Sociais Aplicadas sobre as desigualdades de tratamento que as mulheres recebem, o coletivo também busca denunciar casos de assédio e abusos. Mais recentemente, Denise desenvolvia um projeto de pesquisa sobre a Demografia Econômica da Covid-19 no Paraná.

“Uma das coisas que você ia notar mais rápido conversando com ela é a vontade de fazer um mundo melhor, mais igualitário e menos cruel”, resume o filho, Diogo Maia Hardy. Não só nos estudos, cuja temática orbitava a economia social, voltada para as desigualdades, pobreza e distribuição de renda, mas nas atitudes diárias ela mostrava naturalmente seu discurso colocado em prática. Acreditava na evolução em comunidade e que o acesso a direitos deveria ser uma luta de todos, em conjunto.

Para ela, o pré-requisito para uma amizade verdadeira era o compartilhamento de ideais e, tendo isso em mente, não lhe faltavam amigas e amigos. Mesmo com toda a atividade profissional e atuação em movimentos sociais, não negligenciava o próprio lazer. “Ela nunca negava um convite, não deixava nada para depois”, comenta Raquel. Gostava de sair com as amigas para restaurantes e de passar dias felizes com elas em Pontal do Paraná. Nas horas vagas, também gostava de se exercitar, de praticar ioga e de cuidar das plantas que cultivava.

Ao escolher viagens, preferia novos destinos e experiências. O filho Diogo lembra da viagem que fizeram ao Norte do país. Para ir de Manaus a Belém, a escolha do meio de transporte foi a chalana, em vez de avião ou carro. Isso porque a ideia de passar dias em um ambiente totalmente diferente, em um cenário inigualável, encantava a mãe.

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