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Rones Dumke teve obras expostas em diversas exposições dos principais museus paranaenses
Rones Dumke teve obras expostas em diversas exposições dos principais museus paranaenses| Foto: Acervo da família

O significado do sobrenome Dumke, de origem eslava, seria "pensamento do coração". O artista plástico Rones Dumke, morto no dia 31 de janeiro, aos 70 anos, por problemas cardíacos, descobriu a tradução que tanto tinha a ver com ele em uma de suas incursões por pesquisas multitemáticas, hábito que o acompanhou por toda a vida. Distraído das atividades do cotidiano e com uma mente e memória sem limites para arte e cultura, criou obras cercadas de simbolismo, em especial nas peças que misturam colagem e pintura, estilo único que era seu forte.

As gerações anteriores contribuíram para a inclinação à arte. O avô materno fazia caricaturas, o pai foi aluno de Guido Viaro e passou, tanto pelos conhecimentos próprios quanto pelos cadernos que guardava dessas aulas, as primeiras noções de desenho para Rones. Antes de ir para o Rio de Janeiro passar um período de aprendizado com aquele que seria seu grande mestre, o pintor Carlos Scliar, teve uma breve incursão pela televisão. Por indicação do escritor Valêncio Xavier, foi cenógrafo do antigo Canal 6. Manteve amizades com figuras importantes da cultura paranaense da mesma geração que ele, como o também artista plástico Carlos Eduardo Zimmermann e o próprio Valêncio.

No início da carreira, priorizou o desenho e a pintura. A partir dos anos 80, a colagem ganha espaço em suas obras, com um estilo definido como surrealista, marcado pela atenção aos detalhes e ao acabamento – com o perfeccionismo de um filho de relojoeiro – e pelo forte apelo ao inconsciente.

Fez parte da chamada "Geração de 70", grupo de artistas conhecido por consolidar um novo vigor, consciência e vibração para as artes plásticas do Paraná. Entre os Salões Paranaenses que participou, ficou gravado de forma especial o de 1980, em que recebeu o Prêmio Secretaria da Cultura como Melhor Artista Paranaense. Através de suas obras, viajou o Brasil e o mundo, constando em acervos e coleções do país e de outros. Em 2014, participou da exposição "Tupi or not Tupi", reunião de trabalhos de brasileiros no Museu Oscar Niemeyer. Um ano antes, expôs novas peças em "Orientes e Ocidentes", mostra na Casa Andrade Muricy. Outros importantes lares culturais curitibanos contaram com suas obras em exposições, como o Museu Guido Viaro, o Solar do Barão e o Teatro Paiol.

O coração pensante estava presente na maneira de criar e também no modo como ele funcionava na rotina. Amava divagar, adquirir conhecimento nas áreas que lhe interessavam – eram vastas: cinema, literatura, arquitetura, filosofia, esoterismo e muito mais – e compartilhar o que pensava. "A arte era central na vida dele, tinha um olhar diferente e uma mente privilegiada. Tinha domínio para falar sobre várias expressões artísticas", conta a esposa, Mara Dumke, que relembra que a distração dele ao realizar tarefas mundanas era proporcional à quantidade de divagações interessantes que fazia.

Entre as artes que o fascinavam, o cinema ganhava lugar cativo. Fã de clássicos cult, admirava Fellini, Bergman e Tarantino. Tinha especial apreço por "Morte em Veneza", e quando se tratava de filmes, era uma enciclopédia que caminhava. Bastava mencionar um título que ele tirava toda a ficha técnica, acompanhada de histórias e curiosidades, da ponta da língua. Rones Dumke deixa a esposa Mara e a filha Tamara.

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