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Ponte de madeira na Rua Natal: moradores estão cansado de reparos paliativos. | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Ponte de madeira na Rua Natal: moradores estão cansado de reparos paliativos.| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Constantes na lista de promessas eleitorais, as pontes têm dado dor de cabeça a muitos curitibanos. Cansados do troca-troca e das maquiagens, moradores obrigados a transitar diariamente pelas estruturas de madeira que se tornam frágeis com o tempo reivindicam uma solução definitiva ao invés dos reparos paliativos. O prefeito Rafael Greca (PMN), por sua vez, defendeu a manutenção das pontes e passarelas de madeira - são cerca de 450 pela cidade - ao responder o questionamento de um cidadão pelo Facebook de que as pontes de madeiras são bonitas, mas têm pouca duração. “As pontes de madeira duram 30 anos e custam 30 vezes menos”, disse o prefeito no Facebook.

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Procurada, a Secretaria Municipal de Obras Públicas (SMOP) não confirma a duração apontada pelo prefeito. “Não podemos afirmar que uma ponte de madeira é 30 vezes mais barata que uma de metal. Depende muito do material usado e da quantidade”, ponderou a pasta.

Ponte da Rua Natal, no Cajuru, foi reformada em janeiro, mas já apresenta novos problemas. Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Para quem utiliza diariamente as pontes de mandeira, contudo, o argumento do prefeito não convence. É o caso de moradores da Rua Natal, no Cajuru, que levaram para a última audiência pública do bairro o pedido de construção de uma ponte segura e definitiva. Em janeiro, a ponte de madeira que passa sobre o córrego que corta a via teve de ser reconstruída após o alerta de acidentes. Mas, depois de um mês de maio chuvoso, parte da contenção já cedeu e voltou a pôr em xeque a obra executada sob a cifra de R$ 36,6 mil.

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“Na parte de baixo eles usaram madeira velha. A gente questionou isso quando eles estavam fazendo e disseram que não tinha madeira suficiente no pátio”, disse um morador da região que preferiu não se identificar. Segundo o morador, antes de ser reconstruída, a passagem exigia manutenção direta das equipes da prefeitura. “Todos os anos eles vêm. Quando veem que vai cair um pedaço, remendam, fazem gambiarra, ajeitam só para não ficar à mostra. Só que de madeira não resolve porque isso aí, do jeito que já está, não vai dois anos”, avalia o morador.

A sensação de insegurança também é comum para moradores da Rua Marchanjo Bianchini, no bairro Santa Felicidade.Lá, a ponte cedeu mês passado durante a passagem de um caminhão de lixo. A expectativa de quem vive ao redor era de que, no lugar, fosse levantada uma estrutura de concreto, o que não ocorreu.

Vizinhos da Rua Marchanjo Bianchin esperavam um a ponte de concreto, mas prefeitura refez a de madeira após a estrutura ceder na passagem de um caminhão.Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

“A resposta da prefeitura é que aqui não passa linha de ônibus, por isso que não precisa ponte de concreto”, afirma Ivone Terezinha de Lima, 40 anos, que mora nas proximidades. Ela afirma que a descrença dos moradores quanto à resistência da nova passagem é alimentada pelas chuvas que quase sempre deixam a ponte embaixo d’água. “Quando chove, isso aqui alaga tudo. E a madeira vai apodrecendo com as enchentes. É sempre a mesma história”.

Só pedestres

Moradores da Rua Sebastião Gonçalves Pinto, no Atuba, descrevem uma novela quando falam da ponte da região.

Em 2014, a estrutura foi incendiada como forma de protesto pelos moradores, que se recusaram a continuar usando a travessia nas condições em que estava.

Consertada pelos próprios comerciantes para evitar prejuízos no comércio local, a estrutura causou um acidente em janeiro do ano passado: um caminhão que passava sobre ela caiu no rio.

Em um novo capítulo, a ponte foi improvisada para a passagem de pedestres, que até então se arriscavam a cruzar os limites entre Colombro e Curitiba diretamente no rio. “O caminhão passou e desabou com tudo. Como ficou muito tempo sem nada, tinha gente que passava pelos paus que sobraram no rio mesmo. Um perigo”, relata Lucimar Maria de Menech, 65 anos, que faz e vende peças de crochê.

Reforma da ponte na divisa entre Curitiba e Colombo está no empurra-empurra das duas prefeituras para ser reformada. Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Gerente de um supermercado no lado curitibano da ponte, Ezuldi do Amaral, 53 anos, diz que os comércios ainda sentem no bolso a falta da ponte adequada. Somente no estabelecimento onde ela trabalha, as vendas caíram em torno de 15% desde então. Ao redor, quatro lojas estão de portas fechadas. “Nós temos muito caso de mães que mandam o filho vir comprar pão, vir comprar margarina, coisa rápida. Mas com a ponte desse jeito elas têm medo de mandar. E com razão”, comentou a gerente, que justificou a falta de mobilidade como o engessamento das vendas.

Sobre este caso, a prefeitura de Colombo afirma que o projeto para a reconstrução da ponte na Rua Sebastião Gonçalves Pinto já está pronto, e que o município espera uma retorno da prefeitura de Curitiba ou do governo do estado para a execução da obra, que deve sair do papel ainda este ano.

A prefeitura de Curitiba confirmou e disse, por sua vez, que busca firmar uma parceria com a administração de Colombo para fazer a ponte de concreto. A capital também busca apoio junto ao Governo do Paraná para firmar um convênio com a Secretaria de Infraestrutura e Logística (Seil) para construção de pontes de concreto. Com a parceria o estado cederia vagas de concreto para a construção das pontes. “O objetivo é começar a obra ainda neste ano”, traz a nota da gestão de Greca.

Com relação à ponte de madeira da Rua Natal, no Cajuru, a ideia da prefeitura é fazer uma ponte nova de concreto, o que também depende de um convênio com o governo do Paraná. “Além disso, a Secretaria de Obras Públicas e Infraestrutura está pleiteando para a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2018 prever a construção de uma ponte de concreto no local. Com a garantia de recursos no orçamento, a prefeitura consegue programar a execução da obra”.

A assessoria de imprensa da prefeitura não conseguiu retorno sobre o futuro da ponte de Santa Felicidade.

Em nota, o órgão ainda afirmou que todas as pontes de madeira da cidade “são feitas com madeiras reforçadas, próprias para este fim”.

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