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Quatro funcionários da empresa de impermeabilização prestaram depoimento à Polícia Civil nesta terça-feira.
Quatro funcionários da empresa de impermeabilização prestaram depoimento à Polícia Civil nesta terça-feira.| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

O depoimento à Polícia Civil dos funcionários da empresa que aplicava impermeabilizante de sofá no apartamento que explodiu no bairro Água Verde, em Curitiba, foi marcado pela acusação de que o proprietário chegou a transportar de avião o produto altamente inflamável disfarçado em uma garrafa de refrigerante. Quatro funcionários da Impeseg prestaram depoimento nesta terça-feira (9) ao delegado Adriano Chohfi, da Delegacia de Explosivos, Armas e Munições (Deam).

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Na explosão do dia 29, um menino de 11 anos morreu, arremessado para fora do prédio pela explosão. Outras três pessoas ficaram seriamente feridas e seguem internadas no Hospital Evangélico Mackenzie.

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Nos depoimentos, os funcionários relataram que o dono da empresa, José Roberto Porto Correa, colocava o produto para a impermeabilização de sofá, altamente inflamável, em embalagens diferentes, como refrigerante e xampu, para burlar a proibição de transporte de produtos inflamáveis. Essas informações foram confirmadas pelo delegado Adriano Chohfi à reportagem da Gazeta do Povo.

“Os donos da empresa induziam a erro as transportadoras. O funcionário era obrigado a trocar a etiqueta, mudar o rótulo e fazia as transportadoras levarem o produto, altamente inflamável, como se fosse xampu”, revela o advogado dos funcionários, Leandro Veloso. Segundo o advogado, apesar da troca das etiquetas, os funcionários não tinham conhecimento de que o produto era inflamável.

Os funcionários também disseram à polícia que em maio deste ano o produto teria sido levado de avião em uma garrafa pet de refrigerante. “Ele comprou a garrafa de refrigerante, pediu para os funcionários tomarem a bebida porque ele tinha urgência de levar o produto para Goiânia”, relata Veloso.

De acordo com o advogado, o proprietário encheu a garrafa pet com o produto inflamável na sala de manipulação da empresa. “Ele apertou a garrafa de maneira mais forte para fazer crer que estava lacrada e não tivesse problemas com a segurança do aeroporto”, destaca.

Veloso também conta que Caio Henrique Santos, aplicador que teve 65% do corpo queimado na explosão, chegou a ir ao aeroporto na ocasião. “O dono da empresa pediu para que o Caio o levasse e aguardasse. Caso ele não conseguisse embarcar, deveria trazê-lo de volta com a garrafa”, enfatiza. Na ocasião, Correa conseguiu embarcar no avião.

O advogado acredita que o dono da empresa fazia a opção de transportar o produto de maneira irregular por questões econômicas. “Ele sabia que se fosse contratar uma empresa de transporte gabaritada para levar um material tão perigoso o custo seria muito maior. Então era mais fácil economizar e minimizar gastos”, ressalta.

A reportagem entrou em contato com o advogado do casal dono da Impeseg, Ricardo Brzezinski, que afirmou que não comentaria informações sobre as quais ainda não teve acesso oficialmente.

Feridos

O aplicador Caio Santos e o casal que mora no apartamento seguem internado no Hospital Evangélico Mackenzie para tratamento das queimaduras da explosão. Caio segue na UTI, assim como Raquel Lamb, 23 anos, moradora do prédio e irmã do menino que morreu, que teve 55% do corpo queimado. Entretanto, ambos não respiram mais por equipamentos.

O marido de Raquel, Gabriel Araújo, 29 anos, teve 30% do corpo queimado, mas está fora da UTI.

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