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João Luiz Galvão, proprietário do restaurante Camponesa do Minho, mostra os documentos usados na tentativa de golpe. | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
João Luiz Galvão, proprietário do restaurante Camponesa do Minho, mostra os documentos usados na tentativa de golpe.| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Um dos golpes mais antigos da praça está de volta — e de cara nova. O velho golpe da lista telefônica voltou a ser utilizado por estelionatários que tentam tirar dinheiro de empresários de Curitiba. E, somente nas últimas semanas,os restaurantes se tornaram o alvo preferencial dos golpistas.

“Uma mulher ligou aqui no restaurante dizendo que precisava conferir meus dados para um guia do governo, e que em seguida enviaria um documento no meu email para eu assinar”, conta João Luiz Galvão, proprietário do restaurante Camponesa do Minho, que fica no bairro Mercês. Apesar de ter achado a ligação um tanto suspeita, Galvão aceitou a proposta até então.

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Foi quando abriu o e-mail enviado que teve a certeza de que se tratava de um golpe. “Já no assunto estava escrito algo estranho: ‘Figuração’. Quando eu abri, era uma espécie de contrato para serviços de marketing em nome de uma empresa. Logo bati o olho na parte em que estava escrito que eu teria de pagar 12 parcelas de R$ 459”, lembra o empresário. Em seguida, Galvão explica que a mulher retornou a ligação e, quando questionou-a sobre o pagamento, ela desconversou e tentou convencê-lo de que o valor não era obrigatório.

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A situação ocorreu com Galvão há algumas semanas, mas depois de desligar o telefone e recusar a proposta, o comerciante lembrou que já havia recebido ligações similares em anos anteriores. O discurso muda brevemente, mas o intuito é sempre o mesmo: fazer quem atende o telefone assinar um contrato e assumir uma dívida sem perceber. “Tem dias da semana em que eu pago cerca de 20 boletos. Se você não for muito atento, vai pagando qualquer um que aparece no seu e-mail”, alerta o comerciante.

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Para Clara Carlan, dona do restaurante Villa Sabor, os golpistas chegaram a causar um incômodo ainda maior em 2015. “Naquele ano minha gerente caiu no golpe e assinou o contrato que eles enviaram. Mas depois de muita insistência pelo pagamento, eu subi o tom com eles e pararam de nos cobrar”, lembra a proprietária. Na última sexta-feira (8), porém, os enganadores voltaram a entrar em contato, pedindo para atualizar o cadastro do restaurante na lista telefônica.

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Lembrando da situação anterior, Clara foi rápida em avisar sobre a ameaça aos colegas de profissão em um grupo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-PR) no Whatsapp. Não demorou muito para que outros estabelecimentos avisarem que também receberam os telefonemas suspeitos. Entre eles, o restaurante Tartuferia San Paolo, no Batel, cuja proprietária Gaby Schroeder viu sua gerente passar pela tentativa de golpe.

De acordo com Gaby, a empresa que faz o esquema já tinha os dados da gerente. O discurso da vez foi de que ela já estaria pagando parcelas de cerca de R$ 400, e o intuito era apenas atualizar o cadastro para enviar o próximo boleto. “Mas a pessoa que ligou era muito grossa e insistente, além de que ela não sabia nada sobre estar pagando essa quantia”, diz Gaby.

Empresa falcatrua

A reportagem obteve os telefones e o endereço do site da empresa golpista — esses contatos são usados para dar veracidade ao discurso de golpe. No entanto, ao tentar entrar em contato com o telefone, que tem DDD de São Paulo, uma mensagem gravada pede que sejam deixados os contatos e assunto da ligação para que a empresa retorne posteriormente.

Já no site, a empresa se identifica como integrante do “segmento de comunicações em todo Brasil, sendo uma ferramenta de comunicação e negócios”. Ao tentar entrar nas páginas de supostos anúncios criados pela empresa, o usuário é direcionado para uma página que solicita a inserção de CPF — mais uma tentativa de obter dados para, provavelmente, executar mais golpes. O nome da empresa não foi divulgado nesta reportagem porque as vítimas ainda não entraram com um processo no Departamento Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-PR).

Golpe antigo

De acordo com Claudia Silvano, coordenadora do Procon-PR, esse tipo de abordagem é antiga e há décadas vem enganando comerciantes. E, mesmo em sua nova versão, a orientação para não cair na cilada continua inalterada. “A primeira coisa é ler o que você está assinando. Isso vale para qualquer documento”, explica Silvano.

No caso dos restaurantes, a coordenadora explica que a melhor dica para prevenir esse tipo de situação é nomear apenas uma pessoa como autorizada a lidar com burocracias. “Dessa forma, evita-se que o nome da empresa seja envolvido e consegue-se centralizar tudo com a pessoa que já sabe como lidar com contratos, por exemplo”, sugere.

Já no caso de alguém efetivamente cair no golpe e assinar o contrato falso, a indicação é procurar o Procon imediatamente para iniciar um processo. Dependendo de qual for a situação, é fácil provar que a empresa era mal intencionada. Mas, para não contar com a sorte, é bom sempre se precaver e desconfiar de ligações de empresas desconhecidas.

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