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Golpe da pirâmide financeira: empresa de Curitiba acumula processos e é suspensa pela CVM
| Foto: Pixabay

Uma empresa no bairro Água Verde, em Curitiba, prometia valorizar no mínimo em 30% o valor aplicado em corretagem de valores. A polícia classificou a ocorrência como golpe da “pirâmide financeira”. Trata-se da WTI Administradora de Bens (Wolf Trade Club).

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A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), autarquia vinculada ao Ministério da Economia, suspendeu desde 9 de julho de 2019 qualquer tipo de atuação da empresa e, naturalmente, de todos os sócios em território nacional. A CVM verificou indícios de que os envolvidos não obedeciam aos requisitos legais ou regulamentares para administração de carteiras de valores mobiliários. A Comissão ainda alerta que o não cumprimento da suspensão acarretará em multa diária de R$ 5 mil.

Na área Cível, existem 36 processos em andamento e o valor devido aos clientes, seja por descumprimento de contrato, danos morais e materiais, corretagem, inadimplência, ultrapassa R$ 2 milhões. Além desses, existem processos na área Criminal.

Antes disso, porém, em abril deste ano, a Polícia Civil do Paraná recebeu as primeiras denúncias no 2º Distrito, no bairro Água Verde. Com as investigações em andamento e depoimentos de testemunhas, a Polícia Civil encaminhou para a Polícia Federal um requerimento em que pede para que o órgão federal assuma o caso. Deve-se a isso a suspeita que o dinheiro das vítimas poderia ter deixado o Paraná com destino a outras cidades do Brasil e até outros países como Argentina, México e Alemanha. Procurada pela reportagem da Tribuna, a PF informou que não se manifesta sobre eventuais investigações em andamento.

Contratos

A reportagem da Tribuna teve acesso a contratos, mensagens de texto e áudios que comprovam que famílias perderam a economia de anos e agora buscam reaver o que foi investido na empresa. “Perdi todo o meu dinheiro de uma rescisão trabalhista. No total, foram R$ 30 mil de cinco anos de trabalho, levantando cedo e com o propósito de ajudar meu filho que está em uma missão religiosa. Ele está muito bem lá, mas poderia estar melhor”, relatou Thais Gonçalves, que se diz vítima da Wolf Trade Club.

O contrato de aplicação de investimento assinado e reconhecido em cartório prevê que o retorno do dinheiro aos clientes da empresa seria equivalente a uma parcela de 30% do valor investido em um dos planos de compensação. Os planos eram divididos em categorias Silver, Single, Medium e Premium - diferença era o valor inicial que será investido.

Na categoria Silver, o investimento de no mínimo R$ 10 mil chegaria em 3 meses a um valor próximo a R$ 13 mil, situação que em outros investimentos dificilmente alcançaria. “Eu queria investir em algo e a poupança não está rendendo. Conheci a empresa Wolf por um amigo do meu filho, que mostrou o lucro de se investir com eles. Fiz o primeiro investimento em dezembro esperando receber em fevereiro. Fiz o segundo investimento e não recebi nada até hoje”, ressaltou Thais, que hoje busca uma nova oportunidade de trabalho.

A empresa foi fundada em 2016 e desde então utiliza estratégias de angariar clientes que, em sua grande maioria, são conhecidos dos operadores, também denominados de traders. Essas pessoas buscam dinheiro em curto prazo e usam a volatilidade da bolsa de valores para movimentar a renda da clientela. Esses operadores também usam a relação íntima da própria família para fazer com que o negócio continue e eles naturalmente subam na pirâmide.

“Eu entrei depois de um contato com meu sobrinho que trabalha com eles. Eu sempre fui crítico, mas meus familiares estavam recebendo até um certo momento. Resolvi experimentar e comigo deu certo. Eu investi R$ 30 mil e quatro meses depois tinha R$ 51 mil na minha conta. Isto foi maravilhoso, incrível. Investi mais e aí perdi quase R$ 300 mil reais. Juntando de todos da minha família, o rombo passa de R$ 600 mil”, relata Gilvan Lucas, outra suposta vítima da empresa.

O que diz o presidente da empresa

O presidente da empresa, Lucas Bubniak, alega que um golpe afetou o investimento e assim não pôde honrar os compromissos com os clientes. “Sofremos um golpe e tivemos dificuldade para recompor. O racha com os outros sócios ocorreu devido a propósitos diferentes e improbidade administrativa. Denunciei os responsáveis pelos valores e entreguei para a Polícia Federal os nomes, transações efetuadas, conversas e vídeos gravados, que demonstram os detalhes do acontecido”, ressaltou Bubniak.

Quanto aos valores devidos, Bubniak acredita que poderá ressarcir aos poucos a clientela. “Projetos foram desenvolvidos na área de tecnologia e a partir dos recursos que iremos obter foi criado um fundo para reparar a todos aqueles que sofreram juntos à empresa neste processo”, ressaltou o Presidente da Wolf.

Novas promessas de pagamentos seguem sendo feitas semanalmente. Dinheiro em moeda virtual, prazos de 90 dias para depósitos parcelados e críticas abertas em rede social contra os antigos parceiros são estratégias para manter a relação e mostrar transparência ao grande público.

A Wolf Trade Club tem seis sócios e um racha entre eles teria piorado a situação da empresa. Os outros sócios não foram encontrados pela reportagem da Tribuna ou preferiram não comentar sobre o assunto.

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