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“Graças a Deus deu errado”, diz secretária sobre previsão de explosão da Covid-19
| Foto: Lineu Filho / Tribuna do Paraná

Há pouco mais de um mês desde a primeira confirmação de coronavírus, Curitiba tem se destacado entre as capitais do país por ter apresentado índice de infecções baixo em comparação com São Paulo, Rio de Janeiro, Manaus e Recife. Apesar de apresentar 435 casos confirmados e 14 óbitos, de acordo com boletim divulgado nesta terça-feira (21), a capital paranaense tem, felizmente, se desviado de todas as projeções da doença feitas pela Secretaria Municipal da Saúde. O principal motivo? Isolamento social.

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“Para nós, nenhum estudo tem se concretizado até agora. Tinha uma projeção, que fizemos, de que no dia 17 de abril a gente iria estar com a doença explodindo em Curitiba e graças a Deus deu errado”, diz a secretária da saúde de Curitiba, Márcia Cecília Huçulak. Apesar da surpresa positiva, na visão da secretária, ainda não é motivo para comemorar. “Como a gente está no meio do processo, é difícil dizer se a gente vai continuar assim. Pode ser que tenha nosso momento de estresse no sistema”, alerta.

A secretária reconhece que as medidas de isolamento social têm sido cruciais para manter o controle da propagação da doença na capital paranaense. “Desde o início da pandemia, a prefeitura tem feito a divulgação das medidas de precaução da doença, como manter a distância e o isolamento social, proibição do self-service em restaurantes, higienização das mãos e uso do álcool gel. Tudo isso tem feito a diferença desde o início”, afirma. Para Márcia Huçulak, manter o isolamento é fundamental.

E para enfrentar a fase mais aguda da pandemia, a secretária afirma que Curitiba tem um sistema estruturado e robusto preparado para dias piores. Na visão da prefeitura, a rede de estruturação das unidades de saúde é um grande diferencial da cidade. “Temos 85 unidades abertas. Montamos uma central de atendimento, com teleconsulta, temos nossas UPAs bem estruturadas, trabalhamos com nossos hospitais do SUS e particulares. Há uma parceria muito forte com todos eles, não há diferença”, explica a secretária.

Remanejamento de leitos

Com a chegada do inverno, é natural que haja um aumento de doenças do trato respiratório na cidade. As pessoas ficam mais tempo em locais fechados, com pouca ventilação. E por isso, todos os anos, a secretaria prepara o serviço de saúde para a internação de casos de gripe e pneumonia. Porém, Curitiba deve enfrentar neste inverno não só as doenças sazonais, como também a pandemia do coronavírus.

Para poder receber os casos graves da covid-19, todo um remanejamento de leitos foi feito. Com a política de isolamento social e cancelamento de cirurgias eletivas, os hospitais da cidade puderam aumentar o número de leitos para pacientes com coronavírus. “A média de internação por dia em Curitiba, antes do coronavírus, era em torno de 450 por dia. Eram internações por acidentes de trânsito, violência, infartos, AVC, cirurgias eletivas e outras emergências. Em março, esse número de internações caiu para 350. Só aí temos essa folga de 130 leitos por dia, e estamos ampliando isso”, esclarece.

Saber lidar

O que a Curitiba adota hoje, de acordo com a secretária, é o isolamento de grupos de risco. “As demais pessoas estão circulando. Por exemplo, temos 8 mil funcionários da saúde, todos circulando. São fisioterapeutas, rádio operadores, operadores da central de leitos. Alguns usam transporte coletivo, outros vão com seu próprio carro. Temos os trabalhadores dos serviços essenciais, que não podem parar”, avalia. E foi para essas pessoas que circulam na cidade que a prefeitura passou a obrigar o uso de máscaras em locais públicos.

E numa tentativa de organizar o atendimento ao público pelo comércio, o Diário Oficial da prefeitura da última quinta-feira apresentou uma série de medidas para evitar a propagação do vírus em espaços de uso público. “A gente entende que as pessoas precisam vender, comprar coisas, mas desde que siga um regramento”, comenta a secretária. Para ela, o momento que enfrentamos agora é inédito. “O mundo está aprendendo a lidar com o vírus. E enquanto não surgir um tratamento, temos que saber lidar com ele”, finaliza.

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