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 | Arquivo da família/
| Foto: Arquivo da família/

Há algumas décadas, muito mais do que trocar mensagens informativas através de ondas sonoras, os radioamadores criavam pequenas comunidades entre os praticantes, verdadeiras redes de amigos nesta mistura de hobby e trabalho. Um dos adeptos da prática no Paraná foi o advogado Hélio Amaral Camargo Junior, morto em novembro do ano passado, aos 65 anos, vítima de complicações decorrentes da esclerose múltipla, diagnosticada há cerca de 20 anos.

“A prática do radioamadorismo evidenciava bastante a personalidade dele, o gosto por fazer amigos”, relata o filho, Helio Amaral Camargo Neto. Foi na amizade que sua história “oficial” com o radioamadorismo ganhou forma. Após praticar a atividade por alguns anos, fundou com amigos a Associação de Radioamadores do Paraná (Arpa), em 1981.

O primeiro contato com a área, porém, foi resultado da aproximação de Hélio com o sogro, Bráulio Zipperer, que era muito ligado à atividade. A forma como ele se comunicava pelo rádio fazia parte de uma outra tecnologia, mais antiga. A ideia de Hélio foi, além de implementar o radioamadorismo de forma mais presente do Paraná, inovar e trazer tecnologias que intensificassem o uso da prática. Conseguiu.

Como a maior parte das rádios dessa modalidade daquela época, as frequências funcionavam regionalmente – englobando municípios paranaenses – e serviam como serviço de utilidade aos envolvidos, fornecendo informações sobre os mais variados temas, com destaque para orientações em acidentes ou eventos naturais que oferecessem perigo. O papel desse trabalho na comunicação sobre a situação das estradas em um tempo distante dos aplicativos de acompanhamento por satélite em tempo real também era de grande valor.

No trabalho, Hélio exercia a mesma, ou ainda maior, dedicação que tinha com o radioamadorismo – seu pai foi pioneiro do direito paranaense, um dos primeiros mil advogados do estado, na década de 1950. Formou-se pela Universidade Federal do Paraná em 1975. Na sequência foi aprovado em concurso para auditor fiscal do trabalho, ingressando na carreira em 1976. Depois, atuou como assessor jurídico na Delegacia Regional do Trabalho, como se chamava na época (hoje o órgão é chamado de Superintendência Regional do Trabalho e Emprego).

Na década de 1990 foi nomeado delegado Regional do Trabalho, função que exerceu por dois anos. “Desde o começo ele foi muito dedicado. Eu o vi passando noites sem dormir trabalhando em problemas internos do órgão público”, relata o filho.

“Ele era alguém que estava sempre pronto para auxiliar amigos e parentes, seja juridicamente ou do aspecto pessoal. Honestidade e retidão faziam parte da personalidade dele”, completa o filho. Gostava muito de Balneário Camboriú, no litoral catarinense, e sempre que podia viajava para a cidade, mudando-se em definitivo após sua aposentadoria precoce. Outros hobbies se destacavam além do radioamadorismo, como a pescaria e as churrascadas, onde deixava transparecer o lado mais brincalhão de sua personalidade. Aí vinham as piadas, histórias e “causos” que refletiam seu jeito de viver. Deixa, além do filho, a esposa, Eliana, e uma neta, Helena.

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