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A horta funciona de maneira terapêutica para a comunidade do Boqueirão, em Curitiba.
A horta funciona de maneira terapêutica para a comunidade do Boqueirão, em Curitiba.| Foto: Aniele Nascimento / Gazeta do Povo

Mexer na terra tem ajudado idosos do bairro Boqueirão, em Curitiba, a superar a depressão. A Horta Comunitária Visitação, localizada na Rua Bley Zornig, foi criada por uma iniciativa da própria comunidade, que tinha interesse em uma atividade terapêutica para os moradores da região.

Há três anos, a prefeitura de Curitiba cedeu o terreno para que a população pudesse usá-lo como horta comunitária. Atualmente, há 21 famílias cadastradas na prefeitura para realizarem o plantio no terreno que tem 1 mil m². A maioria começou a plantar no local por indicação dos profissionais da Unidade de Saúde Visitação, que fica no terreno ao lado da horta.

A ideia de criar um local para a atividade veio do artesão Lincoln Willian Polycarpo, de 67 anos. “Eu solicitei à prefeitura que o terreno fosse usado como horta terapêutica, para as pessoas que estão fazendo tratamento contra depressão no posto de saúde”, conta o artesão e responsável pela horta na comunidade.

Segundo ele, a atividade cresceu ao longo dos três anos que funciona e já beneficiou muitas famílias. Ari Ruthes, lavrador aposentado, de 72 anos, é um exemplo de que as  atividades na horta são um benefício para espantar a depressão. “Eu trabalhei muitos anos na roça e, por causa de uma cirurgia, não posso mais fazer serviço pesado. Eu sinto falta, mas lá na horta comunitária posso mexer na terra e relembrar os velhos tempos”, conta o lavrador.

Atualmente, há 21 famílias registradas na prefeitura para plantarem no local. Foto: Aniele Nascimento / Gazeta do Povo
Atualmente, há 21 famílias registradas na prefeitura para plantarem no local. Foto: Aniele Nascimento / Gazeta do Povo

Em um dos 26 canteiros separados pela prefeitura de Curitiba, Ruthes já plantou 12 quilos de feijão. “Hoje fui lá e já plantei umas mudas de couve e cebolinha. Com a chuva que está caindo agora à tarde [de terça] já vai começar a semear”, explica Ruthes.

A atividade, além de ocupar o tempo dos horteiros, oferece qualidade de vida. Segundo a agrônoma Márcia Marzagão, professora do Departamento de Solos da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em entrevista à Gazeta do Povo em fevereiro de 2019, a atividade faz com que idosos tomem sol, façam exercício e se movimentem.

A junção dessas atividades é muito positiva para o idoso, segundo a nutricionista da Secretaria Municipal da Segurança Alimentar e Nutricional, Mônica Jambersi Taques. E, para ela, essa movimentação física ajuda até na redução de medicamentos. “Muitos idosos que fazem tratamentos deixam de fazer porque a horta já reproduz aquele benefício oferecido pela medicação”, explica.

No entanto, apesar de ser usada pela comunidade como um espaço que proporciona melhorias na saúde dos participantes, a prefeitura não qualifica a horta como terapêutica por não conter acompanhamento médico durante a atividade.

História do terreno 

O terreno possui 1 mil m² e há espaço para 28 canteiros. Foto: Aniele Nascimento / Gazeta do Povo.
O terreno possui 1 mil m² e há espaço para 28 canteiros. Foto: Aniele Nascimento / Gazeta do Povo.

O terreno em que hoje muitas mudas são semeadas já abrigou a Associação dos Moradores do Boqueirão. “A associação utilizou o terreno por 14 anos, mas como havia um contrato de comodato com a prefeitura [empréstimo gratuito] e a associação não renovou, o terreno ficou abandonado”, explica Polycarpo, que além de cuidar da horta já foi conselheiro da associação dos moradores.

Com o tempo, o local começou a ser usado por dependentes químicos. “Eu não queria que o terreno tivesse esse fim e fiz um pedido à prefeitura para utilizarmos como horta terapêutica”, conta o artesão.

Demoraram três anos para que Polycarpo tivesse um retorno da prefeitura para utilizar o terreno. “Quando recebi o retorno que poderíamos utilizar o local, comecei a desmatar sozinho. As pessoas passavam e pensavam que eu era um velho maluco”, brinca.

Depois de preparar o terreno, por mais de um ano a comunidade utilizou o terreno sem recursos da prefeitura. “Faz um ano e meio que recebemos mudas da prefeitura, terra e adubo. Isso é muito bom porque temos incentivo e melhor estrutura”, comenta o artesão.

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