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Festival Litercultura traz  cinco grandes nomes da literatura a Curitiba
| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo/Arquivo

Um festival de literatura com ênfase na leitura. Assim é definido o Litercultura, evento que acontece anualmente em Curitiba desde 2013, nas palavras de seus idealizadores. Que deixam bem claro: não se trata de uma festa – encontro de autores que falam sobre sua experiência de escrita – nem de uma feira – que tem principalmente o objetivo de vender livros.

“Um festival inclui essas duas coisas, mas é mais abrangente, não só porque faz a literatura conectar-se a várias outras linguagens – vai muito além do especialista, da ‘tribo’ da literatura”, diz a página do evento na internet.

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Dessa maneira, o Litercultura se tornou um dos principais eventos do calendário cultural curitibano, abrindo sua sétima edição nesta segunda-feira (12). Durante cinco dias, grandes nomes da literatura participam de painéis gratuitos, abordando não apenas a própria obra literária, mas questões relacionadas ao cotidiano. Após edições mais enxutas, o festival retoma neste ano a programação integrada, com atividades paralelas, e volta a contar com autores internacionais.

“Fronteiras” foi o tema escolhido para a edição 2019, que está relacionado não apenas ao debate em torno da imigração, em voga no mundo todo. “Não estaremos discutindo somente as fronteiras migratórias, mas também as fronteiras pessoais, simbólicas, imaginárias e literárias”, diz Manoela Leão, diretora geral do evento, que tem mais uma vez na curadoria o jornalista e crítico Manuel da Costa Pinto.

Para tratar das fronteiras, foram escolhidos cinco autores cuja obra dialoga com o tema. Do Brasil, Patrícia Campos Mello, jornalista que já atuou como correspondente internacional, e o romancista Bernardo Carvalho. De fora, os convidados são o colombiano Juan Cárdenas, ainda não publicado no Brasil, o cubano Leonardo Padurae a italiana de família de imigrantes somali Igiaba Scego. “Cada um, na sua experiência pessoal ou na reflexão, tocou nesse assunto com olhares diferentes”, observa Manoela.

Relação com o público

A primeira edição do Litercultura aconteceu em 2013 e trouxe à cidade o sul-africano J.M. Coetzee, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura. Desde então, já participaram nomes como os portugueses Valter Hugo Mãe e José Luiz Peixoto, o argentino Alan Pauls e os brasileiros Lourenço Mutarelli, Luiz Ruffato e José Miguel Wisnik. Sempre com grande participação do público. “Isso prova que Curitiba é uma cidade que reflete, que discute e que lê. É uma alegria enorme perceber que as pessoas acreditam nas nossas escolhas”, avalia Manoela.

De acordo com ela, as atividades do Litercultura começam bem antes do evento propriamente dito, com a realização de oficinas e rodas de leitura, e se estendem para além do seu encerramento, com a publicação de um livro, pela Editora Dublinense, com textos inéditos dos autores participantes. “O festival não se encerra nele mesmo, isso é uma forma de construção de público”, diz.

Os painéis acontecem sempre às 20 horas na Capela Santa Maria. Os ingressos são gratuitos e deverão ser retirados a partir das 17h30 na bilheteria do local. A partir das 18 horas, todos os dias, haverá atividades paralelas com música, cinema e poesia (veja a programação no box).

Conheça os cinco autores que participam do Litercultura 2019

Segunda (12)

Patrícia Campos Mello

Jornalista premiada, é atualmente repórter especial e colunista do jornal Folha de S.Paulo. Já foi correspondente internacional em Washington e na Alemanha, tendo participado das coberturas da guerra na Síria e da epidemia de ebola em Serra Leoa. É autora dos livros Índia – Da Miséria à Potência, que retrata o crescimento do país na década de 2000, e Lua de Mel em Kobane, romance que conta a história de um casal de sírios que se instala na cidade tomada pelo Estado Islâmico.

Terça (13)

Leonardo Padura

Nascido em Havana, Cuba, é pós-graduado em Literatura Hispano-Americana, romancista, ensaísta, jornalista e autor de roteiros para cinema. Ganhou reconhecimento internacional com a série de romances policiais Estações Havana. Tem nove livros traduzidos no Brasil, com destaque para O Homem que Amava os Cachorros, obra na qual narra a história do assassinato do líder soviético Leon Trótski. Entre as premiações conquistadas por ele estão o Prêmio Nacional de Literatura de Cuba e o Princesa de Astúrias.

Quarta (14)

Bernardo Carvalho

Nascido no Rio de Janeiro e residindo em São Paulo, é autor de dez livros e um dos romancistas mais importantes da literatura brasileira atual. Seu romance Nove Noites ganhou em 2003 o Prêmio Portugal Telecom (atual Prêmio Oceanos), um dos mais importantes da literatura em língua portuguesa. Também já foi agraciado com os prêmios Jabuti e da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). Seu último lançamento foi Simpatia pelo Demônio (2016), que aborda o terrorismo contemporâneo.

Quinta (15)

Juan Cárdenas

O escritor e tradutor colombiano ainda não teve sua obra publicada no Brasil. Seus livros trazem provocações e reflexões atuais sobre política, religião e sociedade, sendo que em 2017 foi selecionado para integrar a lista do Bogotá 39 Hay Festival, que relaciona os melhores autores de ficção com menos de 40 anos. Sua obra mais recente, El Diablo de las Províncias, “volta a questionar os mantras de uma civilização homogeneizada em uma novela que trabalha com gêneros híbridos”.

Sexta (16)

Igiaba Scego

A escritora e jornalista nasceu em Roma em 1974, filha de imigrantes somali. Formada em literatura estrangeira pela Universidade La Sapienza, colaborou com jornais e revistas que tratam de assuntos como imigração e cultura africana. Seu primeiro livro, La Nomade che Amava Alfred Hitchcock, conta a história da mãe, da infância na África à chegada na Itália. Premiada, teve três obras lançadas no Brasil: Minha Casa é Onde Estou, Adua e Caminhando Contra o Vento, ensaio-depoimento sobre Caetano Veloso.

***

Programação integrada

Confira as outras atividades do Litercultura, que acontecem sempre a partir das 18 horas:

Segunda (12)

Trio Alma Síria: composto por imigrantes sírios, apresentam a música e o canto de seu país.

Terça (13)

Mostra de cinema: serão exibidos os curtas-metragens Desculpe, me Afoguei (Líbano), Crónicas de Extrangería e Janelas para o Mundo (ambos do Brasil).

Quarta (14)

Leitura poética: poemas da alemã Uljana Wolf serão lidos por Guilherme Gontijo Flores e Ricardo Pozzo.

Quinta (15)

Literatura de refúgio e música venezuelana: poemas de várias nacionalidades serão lidos por alunos migrantes e refugiados da UFPR; em seguida, irão se apresentar os músicos Ninoska Poletta e Andres Machado.

Sexta (16)

Show com André Abujamra: O músico e compositor apresenta suas composições marcadas pelas mais variadas influências.

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