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Edison Brittes, assassino confesso de Daniel, acompanhou de frente o depoimento da mãe | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Edison Brittes, assassino confesso de Daniel, acompanhou de frente o depoimento da mãe| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

A mãe do jogador Daniel, Eliana Aparecida Corrêa Freitas, ficou pela primeira vez frente a frente com Edison Brittes Jr., assassino confesso do atleta. O encontro ocorreu durante o depoimento dela na audiência de instrução e julgamento do caso no início da tarde desta terça-feira (19) no Fórum de São José dos Pinhais. Além de Edison, Allana e Cristiana Brittes também estavam presentes.

Eliana falou por cerca de uma hora. Ela descreveu sua relação com Daniel e como ele era com a filha, de 2 anos. Bastante emocionada, falou com a voz trêmula e chorou em vários momentos do depoimento. “Eu achei que ele pudesse ter sido assaltado, acontece. Mas depois, pelas características das agressões, alguém disse que tinha característica de crime passional”, relembra.

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Os réus foram colocados no fundo da sala, de frente para Eliana. Allana e Cristiana ficaram lado a lado, mas distantes de Edison Brittes Jr. Ainda assim, a família trocava olhares e tentava conversar. Os outros réus — Ygor King, David Silva, Eduardo Silva — cochichavam entre si.

A família Brittes passou a maior parte do depoimento encarando a mãe de Daniel, sem desviar o olhar — principalmente Allana e Cristiana. O único momento em que isso mudou foi quando Eliana relembrou a ligação que recebeu de Brittes Jr. “Ele ligou oferecendo ajuda. Foi de uma frieza desumana”, disse. Bastante abatido, ele abaixou a cabeça.

Eliana Aparecida Corrêa Freitas, à esquerda, estava bastante emocionada durante todo o depoimentoJonathan Campos/Gazeta do Povo

Depoimento da tia

A tia de Daniel, Iolanda Regina Corrêa de Assis, também prestou depoimento na tarde desta terça-feira. Ainda mais emocionada que Eliana, ela lembrou a troca de mensagens que teve com Allana Brittes nos dias após a morte do jogador. “A única pessoa com quem falávamos era a Allana, explicando que ele tinha saído de lá, e que foi embora. Sempre bem prestativa”, recorda. Ela lembra de ter perguntado se teve alguma briga na casa durante a festa, mas a garota teria dito que não.

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Em seguida, Iolanda descreveu a forma com que a notícia da morte do sobrinho foi dada. “Falaram que ele estava desfigurado de tanto que apanhou. Estava com o pescoço cortado e é verdade que arrancaram o pênis dele”. Edison Brittes não esboçou reação durante o relato. “O que passou pela minha cabeça é de que quem fez isso é uma pessoa muito covarde”, desabafou a tia sob o olhar fixo do réu.

Depoimento da mãe da filha de Daniel

Também prestou depoimento nesta terça-feira Bruna Larissa Ferreira Martins — mãe da filha de Daniel, Alice. O testemunho de Bruna foi o mais breve do dia, com pouco mais de 10 minutos de duração. Ao longo deste tempo, ela descreveu as atitudes de Daniel como pai: “Eu via o esforço dele de sempre querer estar com a filha. Ele era atencioso, carinhoso e insistiu pelo nascimento dela”. A mãe da filha de Daniel acrescentou também sua opinião sobre o quão confiável o jogador era. “Quando a Alice tinha entre 4 e 6 meses, o Daniel veio a Curitiba algumas vezes visitá-la. Nós não estávamos mais juntos, mas ele dormia na minha cama, com a Alice também, e eu sempre tive confiança de que não havia nenhuma intenção da parte dele”, relatou. Após o término do depoimento, que foi o último do dia, os advogados não fizeram mais perguntas à testemunha.

Tensão entre os advogados

Edison Brittes e o advogado Claudio Dalledone chegam à sala de depoimentoJonathan Campos/Gazeta do Povo

Durante os depoimentos da mãe e da tia do jogador, o advogado da família Brittes falou sobre um acidente de carro que Daniel sofreu em Belo Horizonte, e que uma garrafa de bebida alcoólica teria sido encontrada. Ele disse que trazer esse fato à audiência serve para montar um perfil do jogador, diferente do que a família dele falou à juíza.

“Qualquer coisa que venha falar do passado da família Brittes ganha potência. Entretanto estou traçando o perfil do Daniel, que não era uma flor de candura. Está caracterizado que teve acidente com caso de álcool, outros problemas em Belo Horizonte, e teve o problema que ocasionou essa tragédia. Ele arrastou essa família para a cadeia. Ele construiu criminosos”, atacou Dalledone Jr.

“Ela [mãe de Daniel] merece e deve ser respeitada, me parece, com máximo respeito. Mas não teve isso por parte da defesa, de algumas defesas [em relação a Dalledone Jr]. Por isso intervi em vários momentos para impedir que ela fosse desrepeitada”, respondeu o advogado da família de Daniel, Nilton Ribeiro.

Ambos trocaram farpas em vários momentos do dia. No depoimento da mãe de Daniel, Ribeiro questionou várias vezes as indagações apresentadas por Dalledone, alegando que elas não tinham relevância para o caso.

Além disso, tia de Daniel também se estranhou com o advogado de defesa. Ela falava sobre o que tinha lido na imprensa até então quando Dalledone disse que aquilo não cabia no depoimento. Iolanda voltou a falar e cutucou. “Se o Cláudio não me interromper”. O advogado não gostou da informalidade. “É doutor Dalledone”, retrucou. O assistente de acusação entrou na briga e os dois começaram a discutir até que a juíza da 1.ª Vara Criminal de São José dos Pinhais, Luciani Regina Martins de Paula, ordenou que os dois parassem.

Em outro momento, Dalledone reclamou de uma fala da tia, que dizia que Daniel havia sido torturado por Edison Brittes Jr. Para o advogado, ninguém está sendo acusado disso. “Eu assisti um vídeo seu sobre tortura”, retrucou Iolanda. “Você fala que tortura acontece desde que a vítima sofra, mesmo que não fisicamente. Pelo seu vídeo, o Daniel foi torturado”. Dalledone agradeceu por ela acompanhá-lo nas redes sociais.

Novos depoimentos

Nesta quarta-feira (20), a audiência de instrução e julgamento entra no terceiro dia. A sessão começa às 9h com mais testemunhas de acusação. A expectativa é de que a juíza ouça o delegado Amadeu Trevisan e os investigadores da Polícia Civil que trabalharam no caso.

A previsão inicial é de que todas as sessões terminassem na quarta-feira, entretanto ainda restarão 48 testemunhas de defesa e os sete réus. Com isso, é possível que a audiência se estenda por pelo menos mais dois dias.

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