• Carregando...
Médico-legista Daniel Colman foi exnerado do IML sob a acusação de emitir laudo falso no caso Muggiati. | Gerson Klaina/Tribuna do Paraná
Médico-legista Daniel Colman foi exnerado do IML sob a acusação de emitir laudo falso no caso Muggiati.| Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná

Os médicos legistas Daniel Colman e Francisco Moraes Silva se tornaram réus na denúncia contra o médico Raphael Suss Marques, acusado de matar a fisiculturista Renata Muggiati, em setembro de 2015. O pedido do Ministério Público do Paraná (MP-PR) foi aceito sábado (30) pela juíza Márcia Margarete do Rocio Borges, do Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher de Curitiba.

Ambos se tornaram réus por causa do laudo da necropsia com conclusão falsa quanto à causa da morte de Renata. Colman foi demitido do Instituto Médico-Legal (IML) no começo de junho depois de passar por processo administrativo. O outro perito já está aposentado desde 2003.

O que o MP-PR apurou é que os dois médicos fizeram um novo laudo pericial mesmo sem ter acesso ao corpo de Renata e também aos exames complementares. Segundo a denúncia, os peritos teriam feito uma falsa perícia, com dados que não estavam relatados ou anotados.

- Leia também - Roubos de semáforos complicam ainda mais trânsito na Linha Verde e afetam serviços da Setran

Na época do crime, Colman foi o primeiro perito a fazer a análise no corpo da fisiculturista e teria afirmado que a morte oi por ferimentos provocados pela queda do prédio. Essa mesma afirmação se repetiu num segundo exame que o médico teria feito.

De acordo com os promotores do MP-PR, os peritos colocaram o laudo falso no sistema de informação do IML usando um notebook de Daniel Colman e uma rede de internet sem fio chamada “Francisco WIFI”. A ideia seria encobrir a real causa da morte de Renata.

Com as suspeitas, a Polícia Civil pediu uma nova perícia, que foi feita por uma junta médica com a exumação do corpo de Renata. O exame apontou que ela morreu por asfixia, ou seja, já estava morta quando caiu do apartamento, que ficava no 31º andar.

- Veja também - Recorde de velocidade e de imprudência: motorista de BMW é flagrado a 241 km/h no PR

Sem laudo falso

A reportagem da Tribuna do Paraná tenta localizar a defesa de Francisco Moraes Silva. Já o advogado Daniel Colman, Omar Elias Geha diz ainda não ter sido notificado da situação. “Eu soube pela mídia e, pelo que foi divulgado, essa denúncia é ilógica. Ela mesmo se derruba, pois diz que ele fez um novo exame e manteve a mesma opinião. A verdade é que ele não fez dois laudos. Fez um só, que foi entregue por ordem da Justiça”.

Segundo Geha, além de a denúncia ser “vazia, sem nexo e sem fundamento”, até mesmo a demissão de Colman, decidida pela Secretaria da Segurança Pública (Sesp-PR) é considerada confusa pela defesa. “No relatório da demissão, a Sesp dá causas da morte de Renata que são diferentes do que já tinha sido divulgado. Eles dizem que ela foi morta por esganadura e sufocação e nem exumação fala disso”, aponta o advogado.

Em maio, o próprio Colman já tinha se manifestado e disse que em nenhum momento foi dito ou descrito em relatórios que a mulher teria sido vítima de suicídio. “O médico legista dá a causa médica da morte, jamais invade a área alheia, em relação à causa jurídica da morte, seja ela acidente, homicídio ou suicídio. O medico legista não deve dar este tipo de resultado”, defendeu o médico à época.

O crime

Renata Muggiati morreu na madrugada do dia 12 de setembro de 2015, quando caiu do 31º andar de um prédio da Rua Visconde do Rio Branco, na esquina com Comendador Araújo, no Centro de Curitiba. Na noite do crime, Raphael Suss Marques teria dito à Polícia Militar (PM) que a mulher se jogou, porém, investigação da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) encontrou elementos para acusa-lo de asfixiar e depois jogar o corpo da atleta pela janela, simulando um suicídio.

Pouco depois da morte, os laudos sobre a morte se contradiziam. Enquanto outros exames diziam que ela tinha sido assassinada, pois já estaria morta quando foi jogada pela janela do apartamento, o laudo de necropsia do IML dizia que ela morreu quando caiu ao solo, ou seja, que estava viva quando despencou do prédio.

Suss foi preso pela DHPP e negou o homicídio. Ele se defendeu dizendo que a mulher sofria de depressão e que já tinha tentado suicídio outras duas vezes. O corpo de Renata foi exumado, a junta médica concluiu o homicídio com um novo exame. Na última vez em que foi detido, o ex-namorado da fisiculturista fico preso até agosto de 2017, quando conseguiu o direito de responder ao processo em liberdade.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]