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| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Principal parque de Curitiba e um dos cartões-postais da cidade, o Parque Barigui se tornou cenário de casos relacionados à violência. Na última quinta-feira (9), um assalto no estacionamento do parque acabou em perseguição policial e um dos ladrões mortos pela Polícia Militar. Mas esse não foi um fato isolado: agressões, furtos e roubos são situações que entraram na rotina do local. A maioria dos frequentadores relata a mesma sensação: o medo é sempre um companheiro do passeio e isso fez com que muitos mudassem alguns hábitos.

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As reclamações gerais sobre o parque estão concentradas, principalmente, na iluminação e na falta de policiamento. Enquanto alguns trechos têm luz precária, como em frente ao restaurante e as churrasqueiras, outros não têm qualquer iluminação, como a parte que leva à ponte no meio do lago. A reportagem esteve no local na segunda-feira (14) e terça-feira (15), entre 18 e 20 horas, e encontrou uma viatura da Guarda Municipal fazendo patrulhamento pelo parque. Em nota, o órgão esclareceu que existe ronda 24h no local, porém, o efetivo é diferente durante a noite. Confira abaixo mais detalhes sobre o que dizem as autoridades sobre a segurança do Barigui.

O motorista de aplicativo de transporte individual José Noel Miranda já foi alvo dos criminosos. Ele faz caminhadas três vezes por semana, por recomendação médica, e hoje em dia não carrega mais nada de valor quando vai ao parque. “Uma das primeiras vezes que vim caminhar aqui já tive o celular roubado. Outro dia ainda me roubaram um dinheirinho, que dava só para tomar uma água. Qualquer coisa para esses caras é lucro”, afirmou. Mesmo com as situações de insegurança, ele não pensa em deixar de usar o Barigui, especialmente pela proximidade com sua casa. “Se você se render para tudo que tem perigo, não faz nada na vida. O jeito é enfrentar o medo, e não dar bobeira”.

Quem também mudou alguns hábitos foi o advogado Paulo Cruz, usuário da academia disponível no parque, que é administrada pela Secretaria Municipal de Esporte, Lazer e Juventude. Ele conta que adotou uma série de precauções para diminuir os riscos. “Eu paro o carro sempre na frente e vou direto para dentro. Mas a situação de segurança está complicada para todo mundo. A gente sempre tem medo”, afirmou. Cruz nunca foi assaltado, mas conta que toma cuidado redobrado sempre que vai ao Barigui, já que os relatos sobre violência no local são frequentes.

A aposentada Cinthia Santiago é uma frequentadoras que já foi roubada no parque. Ela deixou de ir ao Barigui por algum tempo após o episódio, mas voltou a caminhar no local por falta de opção. A diferença é que agora faz suas atividades durante o dia, deixa o celular em casa, e procura áreas mais movimentadas para não ser surpreendida. “Não tenho dinheiro para pagar academia, e não quero ser aquelas pessoas que não fazem nada, então o parque acaba sendo a única opção”, contou.

Quatro vezes na semana, as amigas Gabriela Sipoli e Giovana Nocera Paulin também vão ao parque para fazer exercícios. As duas dizem que o medo é constante, e que evitam algumas áreas do parque por receio de que algo aconteça. “A gente procura vir cedo, em grupo, não ficar até tarde e nunca ir para o lado do bosque, porque é muito escuro. Vai saber, mas pelo menos é um jeito de se proteger”, afirmou Gabriela, que é estudante. O bosque fica em frente à academia municipal, na área conhecida como farol, e tem uma trilha que passa pelo meio.

Temor semelhante vive a professora Leonor Machado. Ela afirmou que o medo é tanto que ela evita a qualquer custo ser abordada. “Corro sempre que acho que estou sendo seguida. Tem áreas muito escuras e a gente não sabe o que pode acontecer. Já estou caminhando, não custa correr”, relatou. A professora conta que não tem intenção de parar de usar o parque e cobra melhores condições para que as pessoas tenham mais segurança. “A gente paga um monte de impostos para que? O Barigui atrai turistas, tem gente que usa isso aqui todos os dias. Cadê a segurança? Cadê a polícia? Cadê a iluminação? Vendem uma maravilha, mas na verdade vejo muitos problemas”.

Melhorou?

Apesar da sensação geral de insegurança, o cuidador de carros Daniel Franco da Silva afirmou que a situação melhorou no Barigui. Silva, que cuida dos veículos há cerca de um ano em um dos estacionamentos do parque, contou que tem visto mais policiamento, que a Guarda Municipal tem patrulhado mais o parque, e que os casos têm sido menos frequentes. “Até o final do ano passado a coisa era feia. Está melhor, com certeza. Espero que melhore ainda mais, porque daí vem mais gente”, afirmou.

O publicitário Afonso Nunes corroborou a visão do guardador. De acordo com Nunes, estão sendo vistas mais viaturas da Guarda no parque, mas o problema é o tamanho do lugar frente ao efetivo usado na segurança. “Até dá para ver que tem mais, agora há pouco vi a viatura da Guarda andando, mas é muito parque para pouco carro. Duas viaturas não dão conta de tudo isso. Precisa ter mais, senão vamos continuar vendo assalto e tiroteio”, sentenciou.

Outro lado

Em nota, a Guarda Municipal, responsável pela segurança nos parques de Curitiba, informou que faz patrulhamento no parque e que há um módulo de atendimento na Avenida Cândido Hartmann. Segundo a corporação, o Parque Barigui tem atendimento em plantão de 24 horas pela GM. São duas viaturas com dois guardas em cada uma e eles rondas alternadas – ou seja, uma equipe está no parque enquanto a outra está na base. Durante o dia, mais dois guardas municipais reforçam o patrulhamento em duas motos. Em casos de emergência, uma terceira equipe poderá ser deslocada para o Barigui.

De acordo com o 12.º Batalhão da Polícia Militar, que cuida da segurança na área fora do parque, o policiamento da região – inclusive do parque e seus estacionamentos – é feito com viaturas e abordagens em pontos estratégicos, e foi reforçado após a aquisição de novos veículos. Segundo nota, a PM atua em parceria com a Guarda Municipal nas redondezas, para ampliar a segurança.

Apesar disso, a PM recomendou também que os usuários do parque evitem andar com objetos de valor pelo local, como celulares e joias, e que denunciem atividades suspeitas ou crimes à corporação.

O telefone da PM é o 190, e o da Guarda Municipal é o 153. Reclamações podem ser registradas pela central 156 da prefeitura de Curitiba.

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