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 | Arquivo da família/
| Foto: Arquivo da família/

O contorno da Serra do Mar no horizonte, o verde das palmeiras para onde quer que se olhe, a água, as muretas amarelas e os prédios em estilo antigo. A paisagem em que Mirtillo Trombini nasceu, característica do município de Morretes, no litoral paranaense, não poderia ter sido mais perfeita para um talento que ele desenvolveria praticamente sozinho ao longo dos anos: a pintura.

Sua história com as artes começa muito cedo, em 1944, quando ganha do pintor Raimundo Jasculski uma maleta com pincéis, tintas e todo o necessário para a pintura a óleo. Apesar de já desenhar, foi neste ano que pintou sua primeira tela. A partir daí, não parou mais. Foram 98 anos dedicados às telas, ao incentivo e educação pelas artes e ao empreendedorismo até sua morte, em junho.

A imensa maioria dos milhares de quadros que pintou retratam os cenários da cidade natal. Mais tarde, quando já morava em Curitiba, continuava indo todo final de semana para Morretes com a esposa, Magdalena Malucelli Trombini, e partiam os dois para a beira do rio com o equipamento de pintura em busca da inspiração natural proporcionada pela intimidade com o local. Mirtillo não vendia suas telas, mantinha como hábito doá-las sempre.

A veia artística era tão forte em sua personalidade quanto a veia dos negócios. Parte de uma família de imigrantes italianos que escolheram os litoral paranaense e depois Curitiba para tentar melhorar o modo de vida, foram necessárias algumas gerações para que o esforço começasse a frutificar. Muito jovem, Mirtillo começou coletando e vendendo papel usado, até que conseguiu um lugar para iniciar de fato uma empresa com seus dois irmãos, Geraldo e Sinibaldo. Em 1941, nascia a Mirtillo Trombini & Cia. A empresa que no início coletava papel para revender a fábricas, passou a adquirir papel novo e comercializar em Curitiba. Junto a isso, os irmãos também empreenderam criando armazéns na cidade. Os filhos, ainda jovens, já passavam a participar dos negócios como entregadores e balconistas.

A sociedade se expandiu e, em 1971, se transformou em grupo comercial. Hoje, a Trombini é uma das maiores produtoras brasileiras de produtos como sacos de papel e papelão ondulado. Com o crescimento dos negócios e o envolvimento da família, o patriarca conseguiu colocar em prática uma vontade que ocupava grande espaço em seus planos, criar ferramentas de fomento às artes em Morretes.

Assim foi aberta em 1996 a Galeria de Artes Mirtillo Trombini, com o intuito de divulgar e colocar à mostra as artes plásticas produzidas no Paraná, mas também proporcionar às crianças da região aulas gratuitas de pinturas e outras formas de expressão artística, como o balé. Apesar da timidez, próprio Mirtillo chegou a dar aulas no local, mas com o passar dos anos colocou os artistas da região para ficarem à frente das lições. Alunos que frequentaram o local no início das atividades já estão atuando como professores. Dez anos mais tarde as atividades de uniram ao Instituto Mirtillo Trombini, formalizando o viés assistencial da Galeria com projetos de artes e música, biblioteca e, especialmente, perpetuar a iniciativa do homem que era movido pelo amor à arte.

Mirtillo Trombini deixa quatro filhos, nove netos, 17 bisnetos e três tataranetos.

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