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Tatára: “Eu só quero que as pessoas venham aqui e façam carinho umas nas outras, seja pelo acorde de um violão, por um bate papo ou por um gole de cerveja. Só quero que elas se conheçam um pouco mais.”
Tatára: “Eu só quero que as pessoas venham aqui e façam carinho umas nas outras, seja pelo acorde de um violão, por um bate papo ou por um gole de cerveja. Só quero que elas se conheçam um pouco mais.”| Foto: Divulgação

Nascido João Gilberto Tatára em pleno Batel, o músico e poeta chegou à família em 1946 com a missão de trazer vida nova à sua mãe, que tinha perdido uma filha pouco antes do parto. Filho de Odette e João Tatára, desde cedo seguiu os passos da mãe, que adorava música e sabia cantar, e observava o pai tocando seu bandolim. Viveu a infância ao lado dos irmãos com amor e atenção redobrada da família.

Bebe para alguns e Bebeto para outros, era um menino peralta, criativo, “espoleta”, segundo dona Odette. Aos 15 anos, encantou-se pela imagem de um amigo tocando violão. Victor Hugo, seu irmão oito anos mais velho, dotado de um talento incomum para trabalhos manuais, resolveu presentear o pequeno, mas fez a seu modo: encontrou partes de um violão, pegou uma caixa de feira e reconstruiu o instrumento. Neste gesto, nasceu o Tatára.

As composições vieram de imediato. Ainda não sabia de música, tecnicamente, mas tinha a música dentro de si. Com o primeiro instrumento em mãos, começou a inventar acordes e criar harmonias. “A primeira música, Teu Passado Meu Defeito, feita ainda aos 15 anos, mostra a força e a profundidade de uma pessoa que estava predestinada a ser poeta. Foi um autodidata do som e da palavra e acabou se tornando um verdadeiro mestre nas duas artes”, conta o sobrinho Alexandre Trauer.

Como poeta, lançou seis livros e realizou dezenas de shows em teatros de Curitiba com centenas de parceiros de composição.No começo da carreira foram dezenas de parcerias. Destacam-se as com Lápis, Big Jonas, Celso Pirata, Antonio Thadeu Wojciechowski (amigo de infância), Marcos Prado e Cabelo.

Discografia e exílio

Lançou dois discos: Águas do Futuro e Jogo de Espelhos. Foi homenageado em outros dois: Curitiba Canta Tatára, em 2014, com 13 artistas interpretando suas músicas, e As Gurias Cantam Tatára, que começou a ser produzido no final de 2019 e está em fase de pós-produção.

Chegou a trabalhar no rádio e a tentar empregos mais “convencionais”, mas por muito pouco tempo. Em meados da década de 1970, morou em São Paulo por um ano. Tentou a vida e a carreira por lá. Neste período, também passou pelo Rio de Janeiro. Conheceu vários artistas, ficou amigo de músicos de renome nacional, como Belchior, Toquinho e César Camargo Mariano. Acabou voltando para Curitiba depois de algumas decepções pessoais.

Na década de 80, casou-se com Loretta Camargo e tiveram um filho, João Gilberto Tatára Filho, que não seguiu carreira artística, e dele ganhou dois netos.No começo da década de 1990, Tatára conhece a sua segunda e última companheira, Cleusa Machado, que o acompanhou até o fim, também como parceira nos negócios.

Em 1993, o artista abriu o primeiro “Bar do Tatára”, nas Mercês. No bairro Água Verde, o Bar do Tatára foi aberto em 2004. Com a ajuda da companheira Cleusa, ele construiu todas as mesas do lugar, que estão lá até hoje, com madeira de demolição recolhida de canteiros de obra.

Em 2009, inspirado por um movimento paulistano, lançou a Segunda Autoral. Durante os 11 anos do projeto, centenas de músicos, compositores, cantores e poetas passaram pelo palco do bar e se encontraram em suas salas e corredores. Na sua maioria artistas locais, mas também muita gente de fora, em passagem por Curitiba.

Tatára era uma figura caseira. Nos últimos anos, vivia em casa e em seu bar, recebendo os amigos em noites de composição, que duravam quase sempre até o sol nascer, naqueles dias em que o bar não estava aberto ao público.

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